Após o período mais crítico da enchente que atingiu o Rio Grande do Sul, o movimento Solidariedade Pelotas, iniciativa organizada de modo emergencial por sindicatos e movimentos sociais, seguirá atuando no município. A decisão foi tomada em plenária, realizada na semana passada, no Auditório do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul). O fórum permanente de debates reunirá as organizações que integram o movimento, além do IFSul e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
"A ideia é criar um vínculo forte entre movimentos sociais e instituições de ensino da cidade. Esse fórum vai fazer debates sobre soluções para a cidade", explica Renato Della Vechia, um dos coordenadores do movimento.
Ainda sem nome definido, o fórum será dedicado a pensar políticas públicas para a cidade no período posterior ao evento climático extremo. "A partir de agora vai haver mudanças na geografia da cidade, que incluem pensar as águas, as questões sociais, a ocupação do espaço urbano. E quem vai definir os novos rumos? Queremos levar propostas da comunidade, para que as políticas não sejam direcionadas apenas para atender aos interesses econômicos", esclareceu Lair de Mattos, presidente do Sindicato da Alimentação de Pelotas e também integrante da coordenação do Solidariedade Pelotas.
De acordo com os integrantes do movimento, depois de preparar mais de 20 mil refeições em duas cozinhas solidárias, organizar logística de entrega, doações e suporte a animais atingidos, o movimento agora se reestrutura para seguir atuando com outras tarefas, mantendo o vínculo com a comunidade.
"O movimento mantém-se existente da forma como é e cria-se um fórum do qual o movimento faz parte. O movimento continua com outras tarefas, outros desafios. E um deles, esse fórum, para dar conta dessas demandas mais complexas, as quais sozinho o movimento não tem como dar conta", afirmou Lair.
Também foi definida a organização de um conselho deliberativo do movimento Solidariedade Pelotas. Esse conselho será composto por um representante de cada sindicato, movimento social ou entidade que já participa do movimento, ou ainda de outras iniciativas que venham a se somar.
"É a partir desse conselho que serão tomadas as decisões sobre os próximos passos diante dos novos desafios a serem enfrentados pelo movimento" explica Lucas Cunha, coordenador de comunicação do Solidariedade Pelotas. As outras instâncias deliberativas do movimento serão uma coordenação executiva e os espaços de plenária, os quais são abertos para toda a comunidade.
Entre as novas ações do movimento no período posterior à enchente, está a atuação de fiscalização e controle social dos recursos recebidos pelo Poder Público municipal, para garantir que sejam direcionados às comunidades afetadas.
Além disso, o Solidariedade Pelotas agora também atua com a organização de brigadas de limpeza para auxiliar as pessoas atingidas no retorno para casa. O movimento fará mutirões e distribuirá kits de higiene e limpeza.
Edição: Marcelo Ferreira