A Brigada Mãos Solidárias, iniciativa do Levante Popular da Juventude, realizou, nesta quarta-feira (19), um protesto em frente à prefeitura de Porto Alegre. Na ação, o movimento colocou uma faixa com “Melo Culpado”, em alusão aos novos alagamentos registrados na capital gaúcha esta semana.
“Entendemos que é fundamental a responsabilização dos culpados por esta tragédia. Não é algo natural o que vem acontecendo, pelo contrário, é um processo de muitos anos, fruto da exploração dos nossos recursos naturais, da destruição causada pelo agronegócio e por políticos como [o prefeito] Sebastião Melo e [o governador] Eduardo Leite que destroem leis ambientais”, aponta Lucas Gertz Monteiro, da coordenação estadual do Levante Popular da Juventude.
Conforme ressalta Monteiro, as fortes chuvas têm provocado novos alagamentos na cidade, atingindo, inclusive, enormes pilhas de entulho não recolhido próximo a casas e abrigos. O movimento esteve, nos últimos dias, novamente limpando casas e associações de moradores na zona norte de Porto Alegre e no bairro Mathias Velho, em Canoas.
“Cinquenta dias após o pico da catástrofe climática, a zona norte de Porto Alegre segue sem assistência da prefeitura. Se não fosse a atuação dos movimentos sociais, o povo estaria ainda pior. O que vemos nas ruas da cidade de Porto Alegre e Canoas é um lastro de destruição. Limpam ruas centrais e esquecem do povo que mora nos becos e nas vielas. Nossa Brigada Mãos Solidárias busca, para além da Limpeza, também conscientizar as comunidades sobre seus direitos. Nesse sentido, a Brigada Mãos Solidárias decidiu reforçar a culpa de Melo com o que vem acontecendo na cidade”, afirma o coordenador do Levante.
Além da Brigada de Limpeza e Reconstrução, a organização é responsável por 11 cozinhas solidárias em todo o estado, as quais já foram responsáveis por distribuir mais de 70 mil marmitas desde o dia 1° de Maio.
Localizado na zona norte, Sarandi é o bairro mais impactado pelas enchentes. Na região, há pelo menos 15 ruas bloqueadas pelos materiais descartados, onde é possível transitar somente a pé ou com maquinário pesado.
“Uma das piores situações no bairro é na Vila Elizabeth, onde a água baixou há duas semanas e a prefeitura não apareceu nem para dar um prazo, uma resposta”, destacou o deputado estadual Matheus Gomes (Psol), em sua rede social.
“Mais de um mês após a enchente, nossa cidade voltou a alagar hoje. Em bairros como o Sarandi, o lixo ainda toma conta das ruas. Isso é inaceitável”, escreveu o vereador Aldacir Oliboni (PT).
Na tarde de quarta-feira (19), a prefeitura informou que a força-tarefa para limpeza segue na zona norte. Até o momento, 72.797 toneladas de entulho foram recolhidas. O material será encaminhado para o aterro da Unidade de Valorização de Resíduos São Judas Tadeu, em Gravataí, na região metropolitana.
De acordo com reportagem do GZH, até agora, 19%, menos de um quinto, do material recolhido recebeu esta destinação. A maior parte está em cinco terrenos de depósito provisório, que a prefeitura chama de "bota-espera".
Além de Matheus e Oliboni, outros parlamentares também tem ressaltado a situação da região.
Reconstrução
Após mais de um mês da maior catástrofe que atingiu o Rio Grande do Sul, a prefeitura de Porto Alegre apresentou o planejamento para reconstruir a cidade.
O anúncio foi feito nessa quarta-feira (19), uma semana depois de o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) determinar que fosse apresentado, em 10 dias, um plano detalhado para prevenir e mitigar os danos causados pelas enchentes deste ano.
O Brasil de Fato RS entrou em contato com a prefeitura de Porto Alegre para solicitar um posicionamento sobre o protesto e a denúncia do Levante da Juventude sobre a atuação na zona norte da capital. O espaço segue aberto para manifestação.
Edição: Marcelo Ferreira