O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou, nesta quinta-feira (13), em Genebra, na Suíça, para participar da sessão de encerramento do fórum inaugural da Coalizão Global para a Justiça Social no âmbito da 112ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Sua primeira agenda na Europa, foi uma reunião bilateral com a presidenta da Confederação Suíça, Viola Amher. Eles conversaram sobre a participação do líder brasileiro na cúpula pela paz entre Rússia e Ucrânia, que será realizada entre os dias 15 e 16 de junho, na Suíça.
O presidente reiterou a posição do Brasil de que uma solução para a crise demandaria a participação de representantes dos dois lados do conflito. E reiterou o interesse do país de participar e ajudar a viabilizar discussões de paz entre as duas partes. A presidenta deslocou-se de Berna, capital da Suíça, até Genebra unicamente para encontrar o presidente Lula.
Reunião com o Diretor-Geral da OIT Gilbert Houngbo
Na reunião bilateral entre o presidente e o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Gilbert Houngbo, Lula falou sobre o enfrentamento das desigualdades sociais, da concretização de direitos trabalhistas integrados a direitos humanos, da expansão da capacidade e acesso aos meios produtivos e da promoção do trabalho decente. Também tratou das preocupações do trabalho no século XXI, citando a precariedade das novas formas de emprego.
O presidente comentou sobre a lei de igualdade salarial entre homens e mulheres, de autoria da Presidência da República e sancionada por ele no ano passado, e ressaltou que superar desigualdades sociais, de gênero e raça que se refletem no mercado de trabalho é tema central para ele.
Gilbert Houngbo concordou com os pontos apresentados pelo presidente Lula e demonstrou sua preocupação com o tema do envelhecimento da força de trabalho em diversas regiões do mundo o que acarretaria um déficit de formação profissional e aumento de gastos previdenciários. Lula e Houngbo falaram sobre a necessidade de uma maior participação da OIT no G20 e sobre a necessidade de dar grande atenção à Inteligência Artificial e seus efeitos no mundo do trabalho. Ao finalizar sua fala na reunião Lula disse: "Quero que você saiba que no meu governo, o Brasil é parceiro da OIT".
Fórum Inaugural da Coalizão Global pela Justiça Social
No encerramento do Fórum Inaugural da Coalizão Global pela Justiça Social – que promove cooperação e parcerias multilaterais gerando compromissos políticos, investimentos e ações concretas que apoiem a justiça social – o presidente brasileiro falou que “quase 215 milhões – mais do que a população do Brasil – vivem em extrema pobreza mesmo estando empregados. As desigualdades de gênero, raça, orientação sexual e origem geográfica são agravantes desse cenário. Em todo o mundo, as mulheres são um dos elos mais vulneráveis da cadeia do trabalho.
Há um provérbio antigo que afirma que “se queremos paz, temos de nos preparar para a guerra”. Ao lançar a pedra fundamental da OIT, nossos antecessores sabiam e subverteram essa lógica ao consagrar o lema “se desejas a paz, cultiva e não permita a injustiça”. Essa máxima é ainda mais pertinente hoje.
“As guerras na Ucrânia, em Gaza e tantos outros conflitos esquecidos nos afastam desse ideal. Trabalhadores que deveriam dedicar-se a suas vidas e famílias são direcionados para frentes de batalha de onde ninguém sabe se irá voltar e quem sairá vencedor. O ano de 2023 viu o gasto com armamentos subir 7% em relação a 2022, chegando a 2,4 trilhões de dólares. A irracionalidade de um conflito na Europa reacende os temores de uma catástrofe nuclear. Em Gaza, há mais de 37 mil vítimas fatais. A maioria são mulheres e crianças. Esse conflito também acumula o triste recorde de mortes de trabalhadores humanitários. Por isso é importante afirmar: o mundo precisa de paz e prosperidade e não de guerra”, afirmou o presidente.
O presidente Lula foi aplaudido por mais de cinco vezes ao longo do seu discurso e encerrou sua fala dizendo que “ao longo de mais de um século, a OIT contribuiu para inúmeras conquistas que elevaram o padrão de qualidade de vida das pessoas e fortaleceram a paz, segurança e prosperidade”.
“A Coalizão Global que estamos lançando hoje será uma ferramenta central para construir uma transição com justiça social, trabalho decente e igualdade. Isso será particularmente importante neste contexto de transição para uma ordem multipolar que exigirá mudanças profundas nas instituições. Por isso o Brasil vai trabalhar pela ratificação da Emenda de 1986 à Constituição da OIT, que propõe eliminar os assentos permanentes dos países mais industrializados no Conselho da Organização. Não faz sentido apelar aos países em desenvolvimento para que contribuam para a resolução das crises que o mundo enfrenta hoje sem que estejam adequadamente representados nos principais órgãos de governança global. Nossas decisões só terão legitimidade e eficácia se tomadas e implementadas democraticamente. Esse é o melhor caminho a seguir para garantir o desenvolvimento sustentável, os direitos dos mais vulneráveis e a proteção do planeta. Vamos semear a justiça e colher a paz de que o mundo tanto precisa”, finalizou Lula.
Cerimônia de lançamento do selo institucional “35 Anos da Obra O Alquimista”
A última atividade do presidente Lula e sua comitiva antes de embarcar para participar da reunião do G7 em Apulia, Itália, foi a cerimônia de lançamento do selo institucional “35 Anos da Obra O Alquimista, do escritor brasileiro Paulo Coelho que vive atualmente na Suíça. A cerimônia contou com a presença do presidente dos Correios Fabio Silva dos Santos.
O Alquimista conta a história de Santiago, um jovem pastor do Sul da Espanha que viaja ao Egito após ter um sonho profético. A obra, publicada em 1988, é um best-seller internacional de Paulo Coelho, com cerca de 90 milhões de exemplares vendidos em todo o planeta e tradução para dezenas de idiomas.
O livro é também o título brasileiro mais vendido de todos os tempos e o detentor do recorde mundial de livro mais traduzido de um autor vivo.
“Assim como o senhor, eu fui atacado, mas não desisti; sabia aonde queria chegar e venci. Tanto é que tem o selo aí”, disse Paulo Coelho, referindo-se ao presidente da República, a quem agradeceu pelo “que tem feito pelo Brasil”. “Se não fosse o senhor, presidente, íamos estar muito, muito mal. Mas o senhor combateu o bom combate, manteve a fé e está aqui, levando um Brasil que hoje em dia é uma referência no mundo”, declarou. O escritor celebrou a homenagem. “Toda criança sonha em ter uma coleção de selo”, disse.
"Paulo Coelho é uma figura extraordinária, que nos enche de orgulho. Em nome dos Correios e de todos os seus leitores gostaria de expressar minha mais profunda admiração pelo seu talento. Que permaneça iluminando nossos corações e mentes e das gerações futuras”, afirmou o presidente da empresa estatal, Fabiano Silva dos Santos, que também agradeceu Lula por ter retirado os Correios da lista de companhias públicas que seriam privatizadas.
A nova modalidade de Selo Institucional, criada em 2023 pelos Correios, busca ressaltar temáticas do universo sociocultural, de repercussão nacional e internacional. Após o lançamento de cada edição, o selo fica disponível para comercialização nos canais de venda físico e digital (Correios Online), na quantidade mínima de uma folha (com 12 selos) e pelo prazo de até dois anos.
Entre os selos institucionais aprovados estão os de 80 anos de criação do estado do Amapá, de 50 anos de carreira do cantor Sidney Magal, do Orgulho LGBTQIA+ e do Dia Nacional das Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé. A novidade se junta às outras duas modalidades: Selos Comemorativos/Especiais e Selos Personalizados.
* Com informações da Agência Brasil/EBC
Edição: Katia Marko