Criada durante a enchente de maio, num espaço cedido pelo mandato da vereadora Abigail Pereira – Biga (PCdoB), a lavanderia comunitária Alexandra Kollontai é uma ação colaborativa do mandato com o Instituto "E se fosse você?", liderado por Manuela D'Ávila e a ONG feminista Sobre Nós, uma organização que luta em defesa da dignidade menstrual e da vida das mulheres.
A lavanderia está funcionando na rua José do Patrocínio, 141, na Cidade Baixa, para atender preferencialmente pessoas afetadas pelas enchentes e as que estão abrigando pessoas atingidas pela catástrofe ambiental, além das roupas vindas do abrigo da Faculdade de Educação Física da Ufrgs (ESEFID) e do abrigo para mulheres localizado na Escola Luciana de Abreu. O atendimento é com horário marcado e funciona das 10h às 17h.
Biga explicou que a iniciativa foi tomada em virtude da necessidade urgente das pessoas, mas que o projeto já vinha sendo pensado desde o início do mandato em 2023. "Nós entendemos que cada vez mais é preciso pensar políticas públicas que contribuam para a sobrecarga do trabalho, do cuidado que é atribuído às mulheres e a lavanderia comunitária é exatamente nesse sentido. Para que as pessoas não precisem ficar horas lavando roupas e possamos de forma coletiva suprir essa necessidade.”
Segundo ela, o nome da instituição foi escolhido em homenagem a pioneira feminista soviética Alexandra Kollontai, uma grande revolucionária e pioneira no debate sobre o trabalho doméstico e de cuidados, além de lutar por políticas públicas que tornassem coletivas as responsabilidades socialmente atribuídas as mulheres.
Quem foi Alexandra Kollontai
Militante desde 1898, Alexandra Kollontai viveu sua juventude praticamente no exílio. Desde 1905, passou por diversos países europeus estudando a vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Logo após a Revolução de Fevereiro de 1917, regressa à Rússia e converte-se na primeira mulher eleita para o comité executivo do Soviete de Petrogrado, e depois do mesmo organismo em nível pan-russo. Eleita membro do Comité Central no VI Congresso, enquanto se acha numa prisão de Kerensky, fica livre pouco antes do definitivo levante revolucionário e ocupa o terceiro lugar na candidatura bolchevique para a Assembleia Constituinte. Torna-se Comissária do Povo para Assuntos do Bem-Estar Social.
Após a vitória bolchevique, trabalhou para que fossem reconhecidos os direitos e liberdades às mulheres, modificando aspectos das leis que as subordinavam aos homens, como a negação do direito ao voto e a imposição de piores condições salariais. As relações familiares e sexuais foram liberalizadas, aprovando-se o divórcio e o direito ao aborto, além de numerosos benefícios sociais para a maternidade e a habilitação de creches.
Em 1918, Kollontai organiza o Primeiro Congresso de Mulheres Trabalhadoras de toda a Rússia, de onde nasce o Genotdel, organismo dedicado a promover a participação das mulheres na vida pública e nos projetos sociais, nomeadamente a luta contra o analfabetismo. Alexandra integra-se no Conselho Editorial da revista Kommunistka (Mulher Comunista). Nesse mesmo ano, no VII Congresso do Partido Bolchevique, opõe-se à assinatura da Paz de Brest-Litovsk, perdendo o lugar que ocupava no Comité Central.
Em 1920, fica responsabilizada pela organização de mulheres do partido. Kollontai morreu em 1952, ainda como membro dirigente do Partido Comunista da União Soviética (PCUS).
Edição: Katia Marko