A chuva incessante que se abateu sobre o Rio Grande do Sul e consequentemente causou enchentes no mês de maio, além do cenário catastrófico, trouxe ao mesmo tempo uma intensa rede de solidariedade. Desde os primeiros da catástrofe climática e socioambiental, trabalhadores organizados, suas centrais e sindicatos têm se mobilizado em diversas ações solidárias aos atingidos, como cozinhas solidárias, distribuição de cestas básicas, entre outras.
Na manhã desta sexta-feira (7), servidores em greve da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (Ufcspa) e Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) produziram150 marmitas em frente ao prédio da Reitoria da Ufrgs, em Porto Alegre, destinadas aos desabrigados. O ato da greve solidária da Assufrgs Sindicato faz parte do dia nacional de lutas dos técnico-administrativos em educação, que estão em greve desde o dia 11 de março por reajuste salarial, melhorias da carreira e orçamento para as instituições federais de ensino.
“Há exatamente um mês, no dia 7 de maio, os servidores grevistas começaram a produzir cerca de 250 marmitas e 100 sanduíches na sede da Assufrgs, de segunda a domingo. As refeições são destinadas a abrigos nas comunidades da Mário Quintana e Morro Santana, para pessoas que estão desassistidas pelos governos municipal, estadual e federal”, destaca a entidade.
A Assufrgs está copm uma cozinha solidária em sua sede, localizada na Av. João Pessoa. Diariamente, entre almoço e janta, são produzidas cerca de 400 marmitas. Já foram produzidas cerca de 7,5 mil refeições e 3 mil sanduíches, a partir de doações de pessoas e de sindicatos de todo o Brasil, via pix; de cestas básicas e gás recebidos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); e de pães produzidos e doados pelo curso de gastronomia da Ufcspa.
Além da cozinha, os grevistas têm se revezado na ajuda no abrigo montado no Campus Olimpico da Ufrgs, na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, e também no Sindisaúde, ajudando junto ao Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufrgs na triagem de doações.
“Temos um Pix para receber doações para a cozinha, nele, já foram arrecadados cerca de R$ 60 mil que foram revertidos em alimentos para cozinha, agua potável, caixas da agua, produtos de higiene entre outros”, afirma a entidade. Para doar, a chave é: [email protected].
Sindipetro-RS
Desde o dia 2 de maio, o Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS) tem se mobilizado na Campanha Petroleiros Pela Vida (PPV), criado na pandemia. O programa segue ativo conseguindo subsídios para a cozinha solidária montada pelo sindicato na Delegacia de Canoas.
Nessa segunda-feira (3), a cozinha solidária do Sindipetro-RS recebeu a doação de duas mil toneladas de proteínas. A doação veio através da JBS e outros frigoríficos, com a articulação do governo federal. A cozinha conta com o apoio e participação de diversos movimentos sociais.
No último domingo (2), foram entregues mil marmitas. “A nossa tarefa é contribuir conjuntamente com o poder público, com os sindicatos, com os movimentos sociais e com os voluntários, devido a dimensão dessa tragédia”, afirma a presidenta do sindicato, Miriam Cabreira.
Neste link, as ações desenvolvidas pelo Sindicato. As doações podem ser feitas através:
Pix: [email protected]
Banco do Brasil
Ag: 3866-0
CC: 103344-1
CNPJ: 929680230001-02
Sindjus
Já o Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado do RS (Sindjus) tem atuado nos abrigos e de forma solidária para levar doações e conforto para as pessoas afetadas. “Seguimos atuando em todas as frentes: seja na busca de ajuda para os mais de 500 servidores afetados pelas enchentes, para a população em geral e também na reconstrução da nossa sede. O caminho até a reconstrução ainda é longo, por isso, seguimos mobilizados em todas as etapas da solidariedade”, ressalta a entidade.
O sindicato também criou um formulário para acompanhar a situação dos servidores afetados direta ou indiretamente pelas enchentes. “Os trabalhadores e trabalhadoras vão relatar a situação e necessidade de liberação do ponto de trabalho ou acompanhamento psicológico”, explica.
Cpers Sindicato
Entre as ações desenvolvidas pelo Cpers Sindicato, que representa trabalahdores da educação estadual gaúcha, está a campanha "Pés Quentinhos", desenvolvida pelo Departamento das(os) Aposentadas(os). O objetivo é confeccionar agasalhos para crianças atingidas pelas enchentes em todos os 42 núcleos do sindicato pelo estado.
Além disso, em ação conjunta com as entidades que compõe a Frente dos Servidores Públicos (FSP), lançou uma campanha de arrecadação de doações. A iniciativa visa coletar materiais essenciais, como produtos de higiene e limpeza, cobertores, toalhas, lençóis e alimentos não perecíveis, itens indispensáveis para garantir a dignidade e o bem-estar das famílias desabrigadas.
“É importante, nesse momento de catástrofe e de tragédia no estado, desenvolvermos ações humanitárias, auxiliando aqueles que, infelizmente, foram atingidos pelas enchentes. O Cpers está juntamente com a nossa confederação, com o pix (celular da CNTE: 61 982412223), para arrecadar recursos para podermos ajudar. Com esses recursos nós já compramos colchões, cestas básicas, auxiliamos as cozinhas comunitárias para ir repassando, no primeiro momento, aqueles que mais necessitavam”, conta a presidenta do sindicato, Helenir Aguiar Schürer.
Ainda, de acordo com ela, a partir da semana que vem a entidade inicia a arrecadação de material escolar, como livros para as bibliotecas, infanto-juvenil e infantil, para distribuir nas escolas e proporcionar um retorno menos traumático às crianças. “Estamos também pensando, quando tivermos o número de nossos colegas atingidos pelas enchentes, ver alguma forma de podermos alcançar alguma forma de ajudar. Estamos ainda estudando e fazendo esse levantamento para poder ajudá-lo e fazer com que essa ajuda chegue até eles, o mais breve possível.”
Bancários
Mesmo ilhado, sem luz e sem água, o Sindicato dos Bancários (SindBancários), por várias semanas, conseguiu fazer almoço, janta e também café da manhã para as pessoas que estão precisando. Na sede do sindicato, localizado no centro de Porto Alegre, na rua General Câmara, foram distribuídas entre 300 e 400 marmitas por dia.
Com o retorno de funcionamento, o sindicato seguirá servindo almoço de segunda a sexta, na próxima semana. “Além disso estamos fazendo a entrega das doações. Temos bastante kits de limpeza que estão sendo levados para os bancários cadastrados que solicitaram apoio”, afirma a entidade.
O SindBancários também elaborou a campanha “Solidariedade em dobro”, em que a pessoa doa um valor e o sindicato dobra a doação.
Metalúrgicos mobilizados
Nas cidades de Porto Alegre, Canoas e São Leopoldo, os sindicatos de metalúrgicos realizaram diversas as ações para ajudar os desabrigados. As entidades abriram suas sedes para acolher as pessoas e organizar as doações recebidas. Além da necessidade de itens para atender os desabrigados nos locais, os presidentes das entidades reforçam que a ajuda deve continuar, pois o retorno às moradia será um momento difícil para as famílias.
Em Canoas, o sindicato continua com o abrigo aberto. Atualmente, cerca de 200 pessoas estão aqui no Ginásio de Esportes da entidade. A instituição também abrigou cerca de 190 metalúrgicos/as e seus familiares em sua colônia de férias, em Mariluz, no Litoral. Atualmente, cerca de 10 famílias permanecem lá.
Além dos espaços de abrigo, o sindicato tem trabalhado na coleta de doações, que são destinadas exclusivamente aos metalúrgicos e metalúrgicas da base. “Recebemos no dia 20 de maio dois caminhões de doações de uma campanha promovida pelos metalúrgicos do ABC de São Paulo. Estas doações permitiram a entrega de mais de 400 cestas básicas aos metalúrgicos/as, além de kits de limpeza, de higiene pessoal, água e rações para cães e gatos. Hoje deve chegar outro caminhão de doações dos metalúrgicos de Sorocaba”, informa a entidade.
Em São Leopoldo, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL) iniciou o abrigo no dia 3 de maio, e nesta quarta-feira (5), os últimos alojados conseguiram voltar para suas casas, encerrando o acolhimento emergencial. De acordo com a entidade, cerca de mil pessoas chegaram a ficar alojadas no local nos primeiros dias.
“Esta tragédia toda foi uma experiência que nunca tínhamos vivido. Testemunhamos o quanto o sindicato é importante para a comunidade e o município. A reflexão que fica disso tudo é que precisamos ser solidários com nosso povo. Nós mesmos recebemos muitas manifestações de solidariedade de diversas partes do mundo. E agora, a nossa tarefa e focar na reconstrução da nossa cidade e região”, afirma o presidente do sindicato, Valmir Lodi.
Na Capital, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre (Stimepa), desde o início recebeu os desabrigados. A entidade chegou a abrigar 200 pessoas, oriundas de seis vilas na região da Farrapos, na Escola Técnica Mesquita. Com o retorno das atividades do local, as pessoas que permaneciam abrigadas foram realocadas para outro espaço, com uma melhor estrutura.
A entidade segue ajudando os desabrigados, assim como garantindo a limpeza em algumas residências. A entidade mantém seu auditório como um centro de distribuições para abrigos da região e comunidades atingidas.
As doações para o Stimepa podem ser encaminhadas para o endereço: Avenida Forte, 77 – Vila Ipiranga, Porto Alegre. Doações em dinheiro podem ser feitas para o Pix: [email protected].
* Com informações das assessorias das entidades
Edição: Marcelo Ferreira