Uma das ações de maior impacto para a água baixar na Região Metropolitana de Porto Alegre foi a utilização de bombas para drenagem. No entanto, a sua utilização precedeu manifestações, acordos e apoio de distintos segmentos.
Em Canoas, por exemplo, o único município que conta desde maio do ano passado com um Escritório de Resiliência Climática, no dia 15 de maio foram instaladas as primeiras bombas, para sucção das águas. Eram de menor vazão e foram cedidas pelo empresariado do município. De acordo com a assessoria da prefeitura de Canoas, no dia 17, a administração municipal iniciou a instalação de bombas mais potentes, com capacidade para operar mil litros por segundo e no dia 18 mais bombas foram instaladas. No dia 20, foi possível retomar a operação parcial da Casa de Bombas 8, no bairro Mathias Velho. Apesar de tudo isso, o município foi severamente atingido.
Já em Porto Alegre, moradores da região do Humaitá, vendo que outras áreas da cidade estavam sendo drenadas, fecharam a BR290, a Freeway, no dia 22 de maio, pedindo que viessem bombas para tirar a água do bairro. Lucas Siqueira, liderança local, que teve sua casa atingida, disse que mesmo com a manifestação, que teve a presença do ministro da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do RS, Paulo Pimenta, e do prefeito Sebastião Melo, a comunidade foi obrigada a fazer outro fechamento da rodovia para ser atendida. No dia 27 de maio, data que as autoridades tinham dito que o maquinário seria instalado, a comunidade voltou a protestar. Até que na meia noite, a drenagem começou a ser feita. “Em dois dias, a água baixou”, conta Siqueira.
No dia 25 de maio, bombas cedidas por arrozeiros e empresas por meio do projeto Drenar RS entraram em operação na região do Aeroporto de Porto Alegre e em Novo Hamburgo. A iniciativa da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) chamou a categoria, assim como empresas e técnicos a participar de forma voluntária e se unir no mutirão.
Na semana passada, chegaram equipamentos potentes para drenar a água da enchente da Região Metropolitana de distintos lugares do Brasil. Como a água está custando a baixar em regiões de várzea, esse recurso está sendo agilizado pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.
Na terça, dia 28, saíram de Petrolina, Pernambuco, seis bombas com capacidade de drenar três mil metros cúbicos de água por hora (ou cerca de mil litros por segundo). Estão sendo testadas em São Leopoldo. O maquinário foi cedido pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e foi transportado pela Força Aérea Brasileira.
Nos próximos dias, quatro bombas virão emprestadas pelo governo do Estado de Pernambuco e mais duas também da prefeitura de Petrolina.
A Petrobras, com sede no Litoral Norte, já havia enviado duas bombas no dia 29 de maio. As bombas têm menor capacidade de sucção: 270 metros cúbicos por hora. Os equipamentos da Sabesp foram os que chegaram primeiro, dia 18 de maio. Nove bombas da companhia de água de São Paulo estão em funcionamento em Porto Alegre. Oito estão em Canoas e uma em Novo Hamburgo. São 18 bombas com capacidade para puxar um metro cúbico por segundo.
* Jornalista, artivista e participa de coletivos e redes onde procura articular ações e disseminar informações sobre como a comunicação se relaciona com a sustentabilidade. Atua na área ambiental desde 1993 e presta serviços para organizações Brasil afora.
Edição: Katia Marko