No Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado nesta quarta-feira (5), ambientalistas, movimentos sociais e ativistas fazem um protesto contra a instalação de um lixão metropolitano na Fazenda Monte Verde, em Viamão (RS). A manifestação, organizada pelo Movimento Não ao Lixão, ocorre a partir das 12h, na entrada do centro da cidade, na altura da sinaleira da RS-040.
“O protesto tem como objetivo chamar a atenção para os graves impactos socioambientais que o empreendimento pode causar, como contaminação das águas e impactos na saúde dos ecossistemas”, destaca a organização. De acordo com o movimento, o local em que se pretende construir o lixão fica a cerca de 2 km da comunidade indígena do Cantagalo.
O movimento alerta para o risco de contaminação das águas que abastecem a região metropolitana. “A construção do lixão representa uma ameaça direta aos recursos hídricos da região. A área proposta para o aterro sanitário está situada sobre sedimentos instáveis, o que aumenta o risco de vazamentos que poderiam contaminar tanto a água superficial, quanto a subterrânea”, destaca.
Segundo os ambientalistas, isso afetaria diretamente comunidades locais e ecossistemas importantes, como a Área de Proteção Ambiental (APA) do Banhado Grande e o Banhado dos Pachecos. A organização aponta que 50 cidades do Estado serão impactadas pela construção do lixão.
O movimento lembra ainda que Viamão, rica em recursos hídricos, possui o Aquífero Coxilha das Lombas, com reservas estimadas em 6 bilhões de metros cúbicos de água. “O aquífero é crucial não apenas para o abastecimento local, mas também para o assentamento Filhos de Sepé, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que utiliza a água do corpo d’água. Empresas, como a Ambev, também utilizam a água subterrânea da região.”
Segundo os manifestantes, um relatório do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) destaca a alta vulnerabilidade do sistema aquífero local. Nesse sentido, a presença do lixão pode levar à contaminação do lençol freático, comprometendo a água que abastece a região metropolitana de Porto Alegre.
“Além disso, os fluxos de água contaminada podem atingir importantes bacias hidrográficas, como as do Arroio Alexandrina e do Rio Gravataí, afetando a rizicultura, pecuária e o abastecimento urbano de mais de 660 mil habitantes”, pontua. O grupo defende, portanto, soluções ecológicas e sustentáveis para o tratamento do lixo, destacando “a necessidade de prevenção e de repensar o modelo atual de produção e consumo”.
Edição: Katia Marko