Em uma mobilização marcada para esta quarta-feira (5), às 10 horas, moradores da Restinga e movimentos ambientais se unem em uma caminhada pela conscientização dos impactos da crise climática nas periferias. A data escolhida para o evento, 5 de junho, também marca o Dia Mundial do Meio Ambiente, destacando a relevância da ação em meio à crescente preocupação global com as mudanças climáticas.
Segundo os organizadores, o ato surge como um grito de alerta sobre a negligência ambiental que afeta diretamente as comunidades marginalizadas. A concentração será na Esplanada da Restinga, localizada na Estrada João Antônio da Silveira, 2359
O bairro da Restinga, situado no Extremo Sul de Porto Alegre, apesar de distante do Guaíba, tem sido historicamente alvo do que é conhecido como "racismo ambiental". Recentemente, durante o mês de maio, o bairro enfrentou sérios problemas de alagamento devido a falhas na infraestrutura de saneamento básico e aos arroios locais. No dia 23 de maio, diversas ruas foram tomadas pelas águas, impactando não só os residentes, mas também o funcionamento dos comércios locais e a mobilidade urbana, com a paralisação de linhas de ônibus.
A iniciativa para a caminhada surgiu durante uma reunião na Associação Comunitária Chácara do Banco, envolvendo pessoas diretamente afetadas pelos alagamentos. Nesse encontro, foi discutido o quanto o direito à moradia digna e à cidade são negados às periferias, refletindo-se nos principais efeitos das crises ambientais. Uma carta aberta foi publicada pelo grupo, enfatizando a urgência de atenção por parte das autoridades e pode ser acessada aqui.
Organizada pelo movimento Eco Pelo Clima e lideranças comunitárias, a caminhada tem como objetivo central chamar a atenção da gestão pública para a realidade das periferias, muitas vezes negligenciadas.
A mobilização na Restinga não apenas busca conscientizar sobre os desafios enfrentados pelas comunidades periféricas, mas também reforça a necessidade urgente de políticas públicas que priorizem a justiça ambiental e garantam uma vida digna para todos os cidadãos, independentemente de sua localização geográfica.
Na carta de reivindicações da caminhada é exigida a implementação imediata de uma série de medidas essenciais para mitigar os impactos da crise climática na Restinga. Isso inclui a canalização urgente dos arroios e passagens de água, como o Salso e Rincão, a realização de limpezas programadas das bocas de lobo em todo o bairro, obras de drenagem nas áreas propensas a alagamentos, como Barro Vermelho, Salso, Vida Nova e Rincão, e contrapartidas mais significativas por parte dos empreendimentos imobiliários, como a criação de equipamentos públicos.
São reivindicadas ainda a garantia de saneamento básico para todos, a regularização das ocupações existentes, a reintrodução da educação ambiental nas escolas, a promoção de programas de conscientização ambiental e a pavimentação adequada para as ruas de difícil acesso, além do desenvolvimento de um plano de contingência para locais vulneráveis aos efeitos climáticos.
Edição: Katia Marko