Diante da gravidade da situação de calamidade climática que assola o Rio Grande do Sul, centenas de representantes de instituições como universidades, associações, ONGs, institutos de pesquisa e iniciativas ecológicas de caráter urbano e rural construíram a Carta das Agroflorestas e Soluções Baseadas na Natureza.
O documento reúne 405 assinaturas e apresenta propostas para reconstrução do Estado por meio dos sistemas agroflorestais. A Associação dos Produtores da Rede Agroecológica Metropolitana (Rama) é uma das signatárias da carta, divulgada nesta quinta-feira (30).
Uma das propostas é a criação de um programa emergencial para o assentamento de populações rurais e urbanas voltado a famílias atingidas pelas enchentes com adesão voluntária e adoção de sistemas agroflorestais.
“A ideia é que essas pessoas possam ocupar áreas que proporcionem moradia segura e tenham viabilidade econômica dentro de um contexto de reflorestamento e recuperação de áreas degradas”, explica o produtor agroflorestal Vicente Guindani, da Florestaria Tarumim, associado da Rama.
Os novos assentamentos seriam em áreas da zona rural no entorno das cidades atingidas, possibilitando a produção de alimentos dentro de circuitos próximos de escoamento e comercialização. “Neste formato, é possível promover segurança alimentar e serviço ambiental de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”, acrescenta Guindani.
A carta também propõe a criação de um programa voltado aos territórios tradicionais, comunidades pesqueiras e populações ribeirinhas. Por fim, o documento sugere a construção e aplicação urgente de um Plano Estratégico para o Enfrentamento das Emergências Climáticas com foco em ações de restauração ecológica.
A produtora agroflorestal Cristine de Souza Saldanha, segunda secretária da Rama, pontua que a elaboração coletiva deste documento “é um movimento importante pra reconstruir o Estado respeitando as leis ambientais”. Em 2012, a Rama já havia sido signatária da Carta das Agroflorestas que, posteriormente, deu origem ao certificado de manejo agroflorestal.
Para avançar nas propostas, o coletivo vai seguir na articulação e buscar agenda com instituições como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e governo federal. A Carta das Agroflorestas e Soluções Baseadas na Natureza está aberta até o final de junho para novas adesões. Interessados podem participar por meio dos links abaixo:
Adesão pessoas físicas
Adesão entidades, instituições e grupos colegiados
A carta também pode ser assinada no Change: https://www.change.org/CartaDasAgroflorestas
Agrofloresta ou sistema agroflorestal é uma forma de uso do solo que combina culturas de importância agronômica em consórcio com plantas que integram a floresta. É um sistema de plantio de alimentos que é sustentável e ainda faz a recuperação vegetal e do solo por meio do cultivo de espécies arbóreas ou arbustivas, frutíferas, madeiráveis ou adubadoras.
Edição: Katia Marko