Foram muitas as discussões sobre a paralisação de campeonatos de futebol, como o Brasileirão, a Libertadores e a Sul-Americana, por conta da tragédia climática no Rio Grande do Sul. Entre as manifestações, alguns posicionamentos coerentes, já outros bem absurdos, especialmente de dirigentes que falavam como se não estivesse acontecendo nada no Sul do país.

O futebol no Brasil não é diferente do restante do mundo, onde giram cifras em torno de milhões. São disputas com patrocínios milionários, em que é preciso dar retorno aos investidores. O capital, muitas vezes, fala mais alto, e muitos preferiram fechar os olhos para os milhares de gaúchos desabrigados e outros tantos que perderam a vida. Afinal de contas, “os negócios não podem parar”, alegam os capitalistas. 

A pressão de muitos clubes e de inúmeros jogadores surtiu efeito. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mesmo que de forma tímida, aceitou parar o campeonato por duas rodadas.

Muitos atletas no Rio Grande do Sul foram atingidos, e outros estiveram na linha de frente do voluntariado, ajudando em resgates ou apoiando desabrigados. 

De uma forma ou de outra, o impacto para todos é gigante. Os clubes e os jogadores do estado foram atingidos de forma material ou psíquica. Os atletas são pessoas, não super-heróis, como, muitas vezes, os enxergamos. Uma situação como esta traz sequelas para todos.

Passado longos dias de campos submersos, estruturas de clubes destruídas, inúmeras incertezas e longe da capacidade psicológica ideal, a dupla GRE-NAL na série A e outros clubes gaúchos que jogam a Série C voltarão aos estádios. É o caso do São José de Porto Alegre, que não teve a sede atingida, mas não podemos dizer que o "Zequinha", como o clube é conhecido, ou os poderosos Grêmio e Internacional irão voltar com 100% da capacidade.

Tivemos perdas irreparáveis. Tudo na vida tem um recomeço, mas este para os gaúchos não será fácil, mesmo naquilo que traz alegria a todos: o futebol.

Edição: Katia Marko