No último sábado (25), a Aldeia Kaingang Van Ká, do Cacique Odirlei Fidelis, abrigou de emergência 40 pessoas do povo Mbya Guarani da Tekoa Pindó Poty, ambas comunidades no Lami, Extremo Sul de Porto Alegre.
Após as fortes chuvas de quinta-feira (23), o córrego que atravessa a Pindó Poty voltou a subir, o que provocou mais uma evacuação de emergência. A aldeia Guarani sofre com esta frequente situação, acirrada pelo assoreamento do riacho e os muros das mansões que contém a água só pra um dos lados.
Segundo o Cacique Roberto Gimenes, quando alagamentos assim acontecem, os guaranis perdem tudo. E até o momento, inclusive de quinta para sexta, eram abrigados de emergência em uma igreja do bairro Lageado, onde não viviam boas experiências.
“Aqui está bem melhor, podemos ficar na volta do fogo, fazer uma comida com os parentes”, conta Roberto.
O Cacique Odirlei conta que alagou 60% do território, mas os Kaingang não precisaram deixar a aldeia. “Nos deslocamos para as casas das partes mais altas do território. Aqui, além dos Guarani, conseguimos abrigar outras famílias Kaingang e uma família de não-indígenas que estava desalojada no momento forte da enchente”, conta Odirlei.
Roberto luta pela demarcação da Pindó Poty pra ter mais tranquilidade nos momentos de chuva. “Precisamos que demarquem urgente aqui, porque aí podemos mudar as casas para uma parte mais alta do terreno, que estamos reivindicando e que não alaga.”
Roberto e Odirlei firmaram esta aliança para novas emergências que aconteçam com a Pindó Poty. Uma estratégia de sobrevivência, uma ação autônoma entre dois povos indígenas para resistir a este momento de catástrofe. Esta aliança, este abrigo emergencial, foi apoiada pela Campanha de Solidariedade da Teia dos Povos.
Edição: Katia Marko