Rio Grande do Sul

EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

Assentados relatam sobre as perdas ao ministro Paulo Pimenta e Edegar Pretto em Eldorado do Sul

Dirigentes do MST reforçaram a importância de o governo federal atender a pauta apresentada

Brasil de Fato | Eldorado do Sul |
Ministro Paulo Pimenta, presidente da Conab, Edegar Pretto, e o deputado estadual Adão Preto Filho ouvem relatos dos assentados atingidos pelas enchentes - Foto: Catiana de Medeiros

O ministro da Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, o presidente da Conab, Edegar Pretto, e o deputado estadual Adão Pretto Filho (PT) estiveram na tarde da última sexta-feira (24) na sede da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados na Região de Porto Alegre (Cootap), no assentamento do IRGA em Eldorado do Sul, um dos mais atingidos pelas enchentes das águas do rio Jacuí. Eles ouviram o relato dos agricultores que falaram sobre suas perdas e o trabalho que tiveram durante 30 anos para construir o assentamento.

O assentamento de Eldorado do Sul é um dos maiores produtores de arroz agroecológico e hortifrutigranjeiros da Região Metropolitana de Porto Alegre. Também é quem faz a industrialização e a venda de seus produtos em feiras orgânicas e para a alimentação escolar.

Segundo a dirigente nacional do MST no RS, Salete Carollo, o objetivo da visita foi visualizar os estragos, os impactos do efeito da enchente no Assentamento Integração Gaúcha e também na sede da Cootap.

“Nós reforçamos a importância de apoiar o conjunto dos eixos da nossa pauta que se desdobram em quatro, que é terra para reassentamento e assentamento próximo à região Metropolitana, a infraestrutura social nos assentamentos nas áreas atingidas pela enchente, a infraestrutura produtiva, que houve uma perda total, inclusive de equipamentos, máquinas, seja nas famílias, nos lotes das famílias, como da própria cooperativa, e a infraestrutura das estradas que dão acesso à circulação do transporte escolar das crianças, mas também por onde circulam os caminhões para a coleta do leite”, destaca.

Salete afirma que também foi apresentada uma demanda em relação à assistência técnica. “Pedimos o fortalecimento das entidades que atuam principalmente na reforma agrária e a importância de termos imediatamente um edital, um projeto de formação de estoque para que todos os agricultores possam retornar às suas atividades econômicas com uma segurança, com uma estabilidade que vai ter um suporte financeiro e que depois será pago em produção.”

Além disso, segundo ressalta, foi fundamental o diálogo com o ministro Paulo Pimenta, mas também com o presidente da Conab, Edegar Pretto, em relação à anistia das dívidas, que estão sendo discutidas. “Reforçamos a necessidade e a importância de anistiar as dívidas na sua totalidade ou, se não for possível, pelo menos que sejam anistiadas as dívidas de 2024 e 2025.”

Produtores relatam situação de suas produções


Agricultores querem condições para voltar a produzir alimentos agroecológicos / Foto: Catiana de Medeiros

A produtora de hortaliças do assentamento do IRGA Lúcia Altibert contou que sua família estava produzindo para as feiras, para a merenda escolar no município e para o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), do governo federal. “Mas pra continuar a produzir a gente tem que ter a terra. E aqui eu acho que não existe mais para ser humano.”

João Carlos Winck, assentado e produtor em Nova Santa Rita, relatou que perdeu duas estufas. “Perdi as lavouras, tudo. O meu galpão... Mas graças a Deus a gente tá com vida. Hoje estamos dormindo no seco, perto dos companheiros que perderam tudo também. A gente precisa de recursos pra poder botar as coisas na terra de novo e reconstruir.”

O produtor das hortas orgânicas Daniel Altibert, assentado no IRGA, disse que a situação é desoladora. “Não tem mais como ficar aqui nesse assentamento para produzir, porque a gente tem um projeto de agroecologia, a gente colocou todo o nosso esforço, a gente já tem uma idade avançada, e a gente não vai esperar as forças nossas chegarem ao extremo para a gente reconstruir. Deu. Chegamos ao limite. Nós queremos um novo assentamento, um reassentamento, que seja uma outra área e, de nossa parte, essa área a gente retoma como projeto ambiental, como reflorestamento. Mas a nossa principal bandeira agora é o reassentamento. Recursos depois tem. Não adianta vir recurso e não ter terra para produzir. Essa é a nossa proposta.”

Edição: Katia Marko