O nível do Guaíba segue uma lenta tendência de baixa em Porto Alegre e atingiu 4,27 metros no início da tarde desta segunda-feira (20). A situação já permite que moradores de alguns bairros atingidos iniciem a limpeza de suas casas. Mas o Guaíba segue quase 1,3 metros acima da cota de inundação e as condições climáticas podem trazer um novo repique da cheia.
Na madrugada desta segunda, houve uma pequena elevação causada pela ação dos ventos, segundo explica a MetSul Metereologia. Na manhã houve nova redução. A tendência geral é baixa até quinta-feira (23), com períodos de oscilação, a depender do vento.
O cenário do final da semana é o mais preocupante. A MetSul afirma que a previsão de chuva e principalmente vento sul deve levar a um segundo repique da enchente no Guaíba.
“No final da quinta, na sexta e no próximo fim de semana o ingresso da massa de ar polar vai gerar vento Sul forte a intenso no Norte da Lagoa dos Patos, o que gerará represamento do Guaíba. As rajadas no Norte da lagoa podem ficar entre 70 km/h e 90 km/h.”
Segundo o instituto, com o vento com a intensidade que se prevê, no passado, o Guaíba chegou a subir de 30 cm a meio metro ou mais. Mas o repique deve ser de menor intensidade, pois vai se iniciar com nível do Guaíba mais baixo do que no anterior.
Águas começam a baixar em alguns bairros
Na Sarandi, bairro com maior número de moradores afetados pelas enchentes, uma das bombas de água enviadas pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) começou a funcionar neste domingo (19). Esta primeira deve baixar o nível e possibilitar que os técnicos acessem outras casas de bombas da região.
Serão instaladas nove bombas de água em Porto Alegre, de um total de 18 emprestadas pela Sabesp ao estado. Com capacidade para drenar cerca de 2 mil litros de água por segundo, os equipamentos serão colocados na região do aeroporto, Sarandi e Humaitá.
Também neste domingo, a prefeitura de Porto Alegre abriu três comportas para facilitar o escoamento da água do Centro Histórico. A decisão foi tomada após o Guaíba estar cerca de 40 cm mais baixo com relação à agua que inundava a avenida Mauá. Para a retirada de uma das comportas foi usado rebocador de navios, com apoio da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo e equipes do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).
Em algumas ruas do Centro Histórico as águas alagadas há duas semanas recuaram e agora moradores e estabelecimentos comerciais começam a contabilizar os prejuízos e limpar aquilo que foi possível salvar. Situação semelhante em bairros como Cidade Baixa e Menino Deus, onde as ruas estão tomadas por entulhos retirados de dentro dos prédios.
O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) está trabalhando na limpeza de locais onde a água já baixou. Nas duas últimas semanas, foram recolhidos mais de 1 mil toneladas de resíduos, segundo o órgão. O trabalho é realizado por garis, caminhões e retroescavadeiras.
Apesar da baixa em alguma regiões, outras seguem com grande volume de água. É o caso da região das Ilhas, onde a cota de inundação é menor que a do centro e alaga com o nível do Guaíba em 2,2 metros. Na Zona Sul, que não é protegida por diques, também seguem os alagamentos e algumas ruas só podem ser acessadas com barco.
Segundo a prefeitura de Porto Alegre, cerca de 13 mil pessoas e milhares de animais estão acolhidos em abrigos na cidade.
Edição: Marcelo Ferreira