São Leopoldo é a primeira cidade da Grande Porto Alegre a reconstruir, mesmo de forma emergencial, o seu sistema de proteção contra enchentes, rompido pela força das águas do rio do Sinos na semana passada. O anuncio foi feito pelo prefeito Ari Vanazzi (PT) em coletiva virtual na tarde desta quinta-feira (16).
Segundo ele, o conserto nos diques rompidos foi terminado à meia noite de quarta-feira (15) e as bombas já estão retirando a água acumulada dentro da cidade para o leito do rio dos Sinos. Vanazzi salientou que este conserto é emergencial e que um projeto de ampliação dos diques de proteção será feito em parceria com os governos federal e do estado.
“Os técnicos já têm como certo que precisaremos alargar a base dos diques e aumentar sua altura depois dessa tragédia que estamos atravessando, mas o projeto final ainda levará alguns meses para ser terminado”, afirmou.
Ele também disse estar preocupado em resolver a situação dos abrigos. “As pessoas precisam retornar a suas casas. Um abrigo ajuda, mas é muito difícil ficar por muito tempo. Eu vivi num abrigo na enchente de 1987, era nos metalúrgicos.”
Ele também reconheceu que os voluntários que estão ajudando precisam retornar a suas casas. Agradeceu pelo trabalho mas disse entender que a vida deverá tomar seu rumo normal. “Por isso agilizamos a recuperação de nosso sistema de proteção”, explicou.
Durante a entrevista, o prefeito falou da situação dos alagamentos de bairro por bairro da cidade, que foi uma das mais atingidas pelas águas. Explicou que onde as bombas que retiram a água estão submersas, as equipes estão utilizando bombas emprestadas pelo Instituto Riograndense do Arroz (Irga), com capacidades de 3 mil litros por segundo cada uma.
Emocionado agradeceu ao MST, que emprestou uma de suas bombas utilizadas na irrigação das lavouras de arroz orgânico de Viamão, com capacidade de mil litros por segundo, que está sendo utilizada na Campina e no arroio Cerquinha. “Ali estão tirando a água esta bomba do MST e mais duas do Irga, são sete mil litros por segundo”, explicou Vanazzi.
Recomeço
Vanazzi atualizou a situação do município. Disse que são cerca de 180 mil pessoas atingidas com as enchentes, 13 mil abrigados nos alojamentos da cidade, mais de 100 mil pessoas fora de suas casas e 34 mil casas atingidas pelas cheias.
O prefeito descartou a ideia de construir “cidades provisórias”. Segundo ele, com a recuperação do sistema não é necessário. “São poucas as pessoas que não terão suas casas de volta e isso poderá ser resolvido com o aluguel social e outros projetos do governo federal.”
Segundo ele, a vida será retomada com a ajuda do estado nas três esferas, federal, estadual e municipal. “Este discurso de que só o povo ajuda o povo não passa de balela ideológica neoliberal. As pessoas têm as suas vidas e ajudam por pouco tempo, mas para resolver este tipo de problema somente o governo”, pontuou.
Ele lembrou que ainda ontem, em São Leopoldo, o presidente Lula (PT) salientou que não faltará auxílio para os entes federados e nem para as pessoas físicas.
O prefeito de São Leopoldo ressaltou, entretanto, que o sistema de bombas da vila Brás e do bairro Santo Afonso são de responsabilidade da prefeitura de Novo Hamburgo. “ Nós consertamos os diques porque são comuns mas estas bombas são responsabilidade deles”, justificou Vanazzi.
Edição: Marcelo Ferreira