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Mapa feito por pesquisadores da Ufrgs reúne dados sobre abrigos, cozinhas solidárias e pontos de coleta

Trabalho de equipes e pesquisadores voluntários na crise climática evidencia a relevância da ciência para a sociedade

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Dados de diferentes instituições foram cruzados e reunidos em mapa criado por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Ufrgs - Foto: Reprodução/Google Maps/IPH/Ufrgs

O incansável trabalho de pesquisadores do Rio Grande do Sul está evidenciando, mais uma vez, a relevância da ciência, principalmente de pesquisadores de universidades federais, que somam esforços para reunir dados que possam ajudar o poder público e a população em meio à tragédia climática. Uma das materializações desse empenho é a plataforma Cheias no Rio Grande do Sul, desenvolvida em caráter emergencial e voluntário por diversos setores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

A plataforma traz modelos de previsão de elevação do nível de água, mapeamento de áreas afetadas pelas inundações e outras informações críticas para o enfrentamento da crise das cheias no estado. Desse esforço nasceu um mapa interativo da inundação em Porto Alegre, que nos últimos dias foi atualizado com informações de abrigos, cozinhas solidárias, pontos de coleta de doações e outros dados, não só da capital, mas também da região metropolitana, da Serra e de outras cidades gaúchas.

A iniciativa é liderada pela equipe do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Ufrgs (IPH/Ufrgs). Autor do mapa, o engenheiro ambiental e hidrólogo Iporã Possantti, doutorando do IPH/Ufrgs, conta que a ideia inicial partiu de seus colegas, que pensaram em criar um mapa que fosse útil para jornalistas. “Mas a gente descobriu que o mapa era muito mais útil para as pessoas”, assinala.

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Ele destaca que o esforço reúne diversos setores da universidade e pesquisadores externos colaborando de forma voluntária. Entre eles, a Faculdade de Arquitetura, o Instituto de Geociências e os programas de pós-graduação em Políticas Públicas e em Sociologia. Há também contribuição de pesquisadores das federais de Rio Grande (Furg) e de Pelotas (UFPel), além de empresas de consultoria em nas áreas de urbanismo e de hidrologia.

“Foi uma iniciativa emergencial que nasceu de forma orgânica e mostra o papel que a universidade federal, que é uma universidade pública, tem na sociedade”, afirma Iporã. Ele recorda que o mapa vem sendo ampliado. Foi divulgado pela primeira vez alertando para a população se preparar para uma evacuação caso o sistema de proteção contra cheias falhasse, o que acabou se confirmando.

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Agora, o mapa já está numa terceira fase de trabalho, de sistematização de bancos de dados. Conforme o pesquisador, traz informações técnicas para instituições de governo usarem para para tomar decisões, “mas também a outros atores sociais, como o Judiciário, Ministério Público, e outros grupos de pesquisa que agora vão se debruçar sobre os dados para fazer análise”.

Durante o trabalho, prossegue Iporã, o mapa serviu de apoio para ajudar as pessoas na busca de abrigos. Ao longo da sua construção, destaca, “surgiu um grupo de trabalho incrível chamado GT Abrigos, e muitos voluntários nesse grupo apuraram e estão apurando ainda os pontos onde tem abrigos, não só em Porto Alegre, mas depois na região Metropolitana inteira”.

A base dados é alimentada pelas seguintes fontes: SOS RS (antigo Ajuda RS), Fórum Social das Periferias de Porto Alegre (FSPPA), SOS RS | Zona Sul, AbrigaRS, Curicaca/Uergs, Prefeitura de Eldorado, Prefeitura de São Leopoldo, SAS - Prefeitura de São Leopoldo, Prefeitura de Novo Hamburgo e Coletivo Meio de Caxias do Sul.

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Foram identificados um total de 738 pontos de abrigos, doações e cozinhas solidárias, dos quais 599 foram verificados e geolocalizados. Dos pontos já classificados, três grupos destacaram-se neste processo: 27% dos pontos na base de dados são organizados por entidades religiosas, 20% são organizados por empresas privadas e 20% por grupos ligados ao estado. O restante dos pontos, 33%, é dividido entre outros tipos de organizações da sociedade civil e empresas.

Segundo Iporã, o trabalho segue em construção. Porém chama a atenção para o futuro incerto da iniciativa. “Sem dúvida alguma esse esforço vai se dispersar, porque é impossível manter esse esforço voluntário por tanto tempo.” Mas enquanto ainda houver a crise, afirma que o trabalho tem andamento garantido, com versões novas e atualizadas do site.


Edição: Rodrigo Chagas