Rio Grande do Sul

CRISE CLIMÁTICA

Ministério Público investigará falhas no sistema de proteção contra as cheias de Porto Alegre

Ação acontece após especialistas apontarem negligência da Prefeitura Municipal de Porto Alegre 

O anúncio se dá após, na última semana, a capital gaúcha ficar parcialmente submersa, vivendo um caos em meio ao desastre climático que também atinge 90% dos municípios do Rio Grande do Sul - Foto: PMPA/Divulgação

As promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e de Habitação e Ordem Urbanística Mistério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) irão instaurar uma investigação ampla relativa a todo o sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre e o impacto no regime hídrico do Lago Guaíba. A informação foi confirmada com exclusividade à reportagem do Extra Classe no final de semana.

Além desta investigação maior, que abrange as secretarias responsáveis pela gestão e manutenção do sistema de proteção contra enchentes da gestão Sebastião Melo, já há outros inquéritos sobre o tema em andamento, mais pontuais, referentes a locais específicos, afirma o MPRS.

O anúncio se dá após, na última semana, a capital gaúcha ficar parcialmente submersa, vivendo um caos em meio ao desastre climático que também atinge 90% dos municípios do Rio Grande do Sul.

“Considerando o grande impacto causado pelas cheias nos últimos dias, não só em Porto Alegre, mas também em toda a região Metropolitana, o MP vai instaurar uma investigação para apurar as causas e consequências deste fenômeno, principalmente em relação aos sistema de proteção contra as enchentes já existentes”, contextualiza o promotor de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre Felipe Teixeira Neto.

Enquanto as cidades submergem à enchente, uma série de problemas e falhas no sistema de contenção emergia. No dia 8 de maio, por exemplo, o Extra Classe publicou uma entrevista com o professor do IPH-Ufrgs Gino Gehling, na qual ele aponta falhas em Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebap) e erros na manutenção e operação no Muro da Mauá para conter as águas do Guaíba.


Felipe Teixeira Neto, promotor de Justiça do MPRS / Foto: MP-RS/Divulgação

Uma das 23 Estações que deixou de funcionar foi a de número 11, na Avenida Icaraí junto à margem esquerda do Arroio Cavalhada, o que agravou e ampliou a enxurrada em áreas no Menino Deus e na Cidade Baixa, por exemplo.

“A manutenção está negligenciada por um período considerável”, afirmou Gehling.

Sobre o nível do Guaíba, cujas águas estavam mais altas do lado de dentro do Muro da Mauá (onde fica a cidade) do que à face voltada ao rio. Ali, segundo Gehling, se viu uma série de erros na tentativa de mitigar os efeitos da enchente. O especialista apontou que não há registro em imagens e informações que apresente como foi feita a vedação pelo lado que vem a água. Além disso, ele cinta diversas medidas de manutenção que deveriam ter sido consideradas, além de uso de matérias e técnicas mais eficientes para conter o avanço para dentro da cidade.


Ministério Público investigará falhas no sistema de proteção contra as cheias de Porto Alegre / Foto: Giulian Serafim / PMPA

Enchentes no RS

Na manhã desta segunda-feira, 13, a Defesa Civil estadual atualizou os dados do impacto da tragédia ambienta no estado. Já são municípios 447 afetados dos 497, 80.826 pessoas em abrigos, 538.241 desalojados e 2,1 milhões de pessoas afetados pela maior enchente da história do RS.

E devido às chuvas das últimas horas, há risco de a água do Guaíba ultrapassar o pico de 5,35 metros, atingido no início do mês, indica estudo da Ufrgs. Nesta segunda o nível está em 4,8 metros.

Além disso, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alerta para a possibilidade de queda na temperatura em todo o Rio Grande do Sul nas próximas horas e dias. O aviso sinaliza chance de temperaturas mínimas em torno de 5ºC.

Edição: Extra Classe