No dia 3 de maio, o nível do rio dos Sinos bateu recorde histórico nos municípios cidades por ele banhados. A elevação trouxe enchente a cidades como São Leopoldo, Novo Hamburgo e Campo Bom, fazendo com que elas entrassem na relação de calamidade pública do governo do estado. Com o retorno das chuvas intensas na última sexta-feira (10), o rio que vinha baixando voltou a se elevar e foi registrado deslizamentos de terra em Novo Hamburgo.
Na cidade de Campo Bom, o Sinos atingiu a cota de enchente neste domingo (12). Registrou 7,46 metros na régua da ponte do bairro Barrinha às 7h30 desta segunda (13), com as águas já alcançando ruas dos bairros Barrinha, Porto Blos e Vila Rica. De acordo com a Defesa Civil do município, o rio deve continuar subindo. A cidade tem 80 pessoas desalojadas, e 81 estão desabrigados e foram acolhidos pela prefeitura no Ginásio Municipal, além de 88 desabrigados de São Leopoldo, acolhidos no ginásio do Sesi.
Em São Leopoldo, o prefeito Ary Vanazzi (PT) fez, neste domingo, apelo à população das áreas alagadas do município para que não retornem às suas casas. A quem ainda se encontra em sua residências, pediu que saíam e busquem abrigos seguros da prefeitura ou em casas de familiares e amigos. Mais de 180 mil pessoas foram atingidas pela enchente e 12 mil estão desabrigadas na cidade.
O nível do rio dos Sinos em São Leopoldo subiu de 5,80 metros, às 5h, para 5,98 metros, ao meio-dia desta segunda, segundo dados da Diretoria de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS), vinculada À Secretaria Executiva do Meio Ambiente (SEMA).
Sobre a situação da casa de bombas e diques da cidade, a prefeitura informa que trabalha no conserto. Na região Nordeste (Rio dos Sinos e Santos Dumont) a força-tarefa atua na recomposição do dique, na divisa entre São Leopoldo e Novo Hamburgo. A Casa de Bombas Santo Afonso é administrada pela prefeitura de Novo Hamburgo e a utilização de bombas móveis na região depende da finalização do trabalho no dique.
O Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae) de São Leopoldo está instalando uma bomba móvel com vazão de mil litros por segundo no dique da Campina, próximo à Casa de Bombas. A água na região precisa baixar para que as equipes de manutenção consigam acessar a Casa de Bombas para verificar os motores das bombas e os painéis elétricos.
Bombas móveis com vazão de 500 litros por segundo ligadas por gerador têm como objetivo drenar a região alagada, possibilitando o acesso à Casa de Bombas do Cerquinha para verificação dos equipamentos.
Também há uma força tarefa de recomposição do dique da João Corrêa. O funcionamento da Casa de Bombas João Corrêa depende do trabalho realizado no dique. O Semae está acessando o local para retirada das bombas e dos motores para manutenção.
A Casa de Bombas da Rodoviária está funcionando parcialmente e realizou a drenagem de parte da região alagada do Centro de São Leopoldo. Já a Casa de Bombas do Ginásio foi acessada para a retirada dos motores das bombas para manutenção. Painéis elétricos estão danificados.
Em Novo Hamburgo, nesta segunda-feira (13) o rio passou de 7 metros, às 7h, para 7,19 metros, às 13h. A cota de inundação na cidade é de 6,80 metros, conforme a Defesa Civil, e foi ultrapassada nessa madrugada. De acordo com o Executivo municipal, 32 mil pessoas foram impactadas, 12 mil pessoas estão desalojadas, 3.427 pessoas estão em sete abrigos institucionais e 1.513 estão em 17 abrigos voluntários.
A Prefeitura de Novo Hamburgo alerta para o risco de deslizamentos e elevação do nível do rio dos Sinos após o volume de precipitação do fim de semana, que foi de aproximadamente 200 mm na região. Nos bairros Canudos e Santo Afonso, um carro de som percorre as ruas para avisar a população sobre o aumento do nível do rio. Outro alerta é para deslizamentos, principalmente nas partes altas do Kephas e dos bairros São José e Diehl.
A cidade registrou neste final de semana dois deslizamentos de terra. Um deles em um trecho da avenida Victor Hugo Kunz e outro na rua Cuiabá, bairro Boa Vista, onde uma cratera se abriu.
Sobre o rio dos Sinos
O rio dos Sinos nasce na Serra Geral, a 93 quilômetros de Porto Alegre, na pequena cidade de Caraá, no Litoral Norte do estado. Ao iniciar sua trajetória, que se estenderá por cerca de 190 km, tem altitude superior a 600 m em relação ao nível do mar. O rio corre no sentido leste-oeste até São Leopoldo e muda para a direção norte-sul, finalizando sua trajetória ao desembocar no delta do rio Jacuí, a uma altitude de 12 metros.
Das 497 cidades que formam o estado, 30 delas estão na bacia do rio dos Sinos. Com quase 3.700 km², atende em torno 1,44 milhões de habitantes, sendo cerca de 70 mil em áreas rurais e o restante em área urbana. Seus principais formadores são os rios Rolante e Paranhana, além de diversos arroios.
* Com informações do Jornal NH e Correio do Povo.
Edição: Marcelo Ferreira