O Rio Grande do Sul ainda sofre com os estragos causados pela maior enchente de sua história. Diante da crise instaurada pela combinação de uma localização geográfica favorável ao desastre climático e a negligência, o uso de informações a partir de mapas e análises técnicas se faz necessário para entender a catástrofe e projetar ações futuras - como seria o caso de uma possível transferência de localidade dos municípios mais atingidos pelas cheias.
Partindo de forma independente, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e colaboradores lançaram, nessa semana, o Repositório de Informações Geográficas para Suporte à Decisão - Rio Grande do Sul 2024. O site conta com mapas de acesso avançado e também mais simplificados, para o entendimento do público geral.
O repositório ainda oferece bancos de dados e boletins diários do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da universidade. A página contempla informações da Região Metropolitana de Porto Alegre, do Vale do Taquari, do Vale dos Sinos e da Região Sul do estado.
Segundo o doutorando do Programa de Pós-Graduação em Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos, Iporã Possanti, a proposta é centralizar informações cartográficas da tragédia, tendo em vista a disponibilização de informações para análises da situação e a colaboração acadêmica dessas observações.
Possanti destaca que as informações fornecidas poderão ajudar os tomadores de decisão na gestão da crise, tendo em vista a coordenação de ações não só deste momento, mas para ações futuras.
"Pelas imagens de satélite podemos fazer um raio X do acontecido. Em 1941, foi possível estudar apenas por medições e fotos. Hoje, temos um relato mais claro da observação da inundação." Os dados obtidos via satélite são cruzados com outras informações, como o Censo IBGE 2022 - obtendo análises sobre domicílios impactados, área atingida e número de pessoas afetadas.
O projeto conta com pesquisadores da UFRGS, principalmente do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), do Instituto de Geociências (Igeo) e da Faculdade de Arquitetura (FAUFRGS), mas inclui também voluntários e colaboradores de outras unidades e instituições.
Mancha da Inundação
Uma das análises oferecidas no site é das regiões atingidas em 2024, com a mancha da inundação. "Através de satélite, podemos identificar a água e a lama na Região Hidrográfica do Guaíba", destaca o pesquisador.
Em percentual de pessoas afetadas diretamente, os municípios mais impactados são: Eldorado do Sul (80%), Estrela (46%), Canoas (44%), São Leopoldo (39%) e Roca Sales (36%). Em números absolutos, as cidades com mais pessoas impactadas diretamente são: Canoas, 154 mil; Porto Alegre, 151 mil; e São Leopoldo, 84 mil.
Os mapas são distribuídos também em dois níveis: de observação e de simulação. Possanti esclarece que é possível, além de dimensionar por observação os índices de criticidade do ocorrido, prever, por exemplo, locais de instalação de abrigos, a partir de simulações de níveis.
Segundo explica o pesquisador, as análises vão seguir, por exemplo, com dados posteriores sobre entulho nas cidades e informações detalhadas da Região Sul do estado, que está com os eventos em curso.
Link do Site: Rio Grande do Sul | 2024 (arcgis.com)
* Com informações do site da UFRGS
Edição: Katia Marko