Em meio à luta por mais orçamento, recomposição salarial, carreira e aposentadoria, o movimento grevista da educação federal, que reúne professores e técnicos-administrativos de universidades e institutos federais, se somou às ações de solidariedade em auxílio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. As entidades do comando nacional de greve definiram somar esforços junto de movimentos sociais que atuam diretamente junto aos atingidos, enquanto grevistas do RS se tornaram voluntários.
Na quarta-feira, Andes-SN, Fasubra e Sinasefe, entidades que reúnem os sindicatos de todo o país na luta por mais orçamento para a educação e melhores condições de trabalho, realizaram uma live em solidariedade à população gaúcha. A atividade contou com a participação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
São esses os três movimentos sociais que as entidades sindicais decidiram apoiar, por conta da atuação que realizam aos atingidos. “Avaliamos que devemos direcionar nossos esforços para doações financeiras aos movimentos sociais que estão no território, atuando diretamente, sendo eles MAB, MPA e MST”, informa o Andes-SN. O comunicado convida os comandos locais de greve e as seções sindicais do Sindicato Nacional para contribuir com as campanhas de solidariedade desses movimentos.
Em nota de solidariedade às vítimas, a entidade destaca que institutos federais e universidades federais do RS que estão em greve por recomposição orçamentária “foram listados pelo governo federal como pontos de apoio para acolhimento e ação na catástrofe”. E propõe refletir que, “mesmo estando com as estruturas defasadas e orçamento que mal custeia a continuidade das atividades básicas, seguimos atuando como ponto de apoio”.
A Fasubra Sindical e o Sinasefe também lançaram notas em solidariedade às vítimas da tragédia climática no RS. O Sinasefe disse que aprovou o envio de uma ajuda de R$ 10 mil para a campanha de arrecadação organizada pela Defesa Civil do RS.
Grevistas viram voluntários no RS
Diversas entidades sindicais da educação federal se uniram ao trabalho solidário para apoiar as vítimas das enchentes. É o caso da Assufrgs. Desde a sexta-feira (2), o movimento grevista dos técnico-administrativos em Educação da Ufrgs, Ufcspa e IFRS, deflagrado em 18 de março, optou por cancelar todas as atividades comuns para uma greve, como assembleias, atos e panfletagens, pela urgência que atingiu o povo gaúcho.
Trabalhadores de diferentes unidades da base do sindicato voltaram suas energias para auxiliar em abrigos para aqueles que perderam tudo nas enchentes, preparativos de marmitas, entrega de donativos e distribuição de água em diferentes pontos da cidade. Foi dada atenção especial a áreas indígenas, assentamentos e quilombos.
A Assufrgs informa que prestou apoio material e pessoal ao abrigo construído na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança da Ufrgs. O local está acolhendo mais de 550 pessoas. Também está integrado às ações solidárias na Ufcspa e na triagem de medicamentos doados na Faculdade de Farmácia da Ufrgs. Os grevistas se envolveram de maneira coletiva ou mesmo individual, em diversos pontos da cidade.
Já a sede centro do sindicato foi transformada em uma cozinha solidária onde diariamente são produzidas mais de 100 quentinhas que são distribuídas pela cidade. A Assufrgs divulgou, em parceria com DCE Ufrgs, APG Ufrgs, Faced, Andes e Associação Unidos Terceirizados um Pix solidário para apoio às vítimas das enchentes, chave [email protected].
A entidades também disponibilizou a Sede Garopaba do sindicato para aqueles atingidos que conseguem se locomover até a cidade do litoral catarinense. Além disso, diversos campus de institutos federais e universidades, em todo o estado, se tornaram locais de abrigo e pontos de referência para ações de auxílio aos atingidos pelas enchetes.
Governo marca reunião com grevistas para dia 15
Enquanto os grevistas no RS voltam sua atenção à solidariedade, o movimento segue com força no restante do país. Nesta quinta-feira (9), foi realizado um protesto em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília (DF). A ação deu resultados e representantes das entidades do comando de greve foram recebidos por integrantes da Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Presidência da República.
No encontro, o governo federal confirmou para a quarta feira da próxima semana (15) a realização de uma nova rodada de negociação com as entidades envolvidas na greve: Fasubra, Sinasefe e Andes-SN. A expectativa para que é que uma nova proposta seja apresentada às categorias.
Edição: Marcelo Ferreira