Os trabalhadores organizados, suas centrais e sindicatos assumiram a solidariedade desde o primeiro momento que a calamidade climática se abateu sobre o Rio Grande do Sul. A Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), a Central de Trabalhadores do Brasil (CTB-RS), a Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul (FTM-RS), o Sindicato dos Aeroviários, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), entre outros, montaram sua equipes e jogaram-se ao trabalho de socorro aos necessitados.
Em meio a situação de calamidade pública no estado, a CUT-RS assumiu o compromisso com os trabalhadores e trabalhadoras afetados pela enchente e está atuando na linha de frente para ajudar a população. A campanha de solidariedade criada está arrecadando doações via Pix, que estão sendo destinados às principais demandas urgentes do momento.
Na manhã desta quarta-feira (8), a sede da central em Porto Alegre recebeu um caminhão carregado de água, comprado com o dinheiro arrecadado. Os fardos serão destinados para as cozinhas comunitárias e para a população nos abrigos. Desde domingo, a capital gaúcha vem enfrentando um grave problema no abastecimento de água. A CUT também fez a compra de dezenas de cestas básicas, insumos e colchões para serem repassados aos atingidos.
CUT Comunidade
Desde a última sexta-feira (3) até a tarde desta quarta (8), às 22 cozinhas comunitárias que fazem parte do projeto CUT Comunidade produziram cerca de 9 mil marmitas, com uma média de 300 refeições por dia sendo distribuídas para abrigos e para a população em situação de risco.
A CUT mantém o contato direto com as lideranças das cozinhas, monitorando a produção e entrega dos alimentos, bem como, o abastecimento das cozinhas. São adquiridos arroz, feijão, azeite, legumes, mistura, gás de cozinha e água. Além das compras, a central também redireciona as doações de alimentos arrecadadas pelos sindicatos filiados.
O secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antônio Güntzel, conta que "os metalúrgicos de Porto Alegre, Canoas e São Leopoldo estão abrigando pessoas e se tornaram centros de acolhimento que passa de duas mil pessoas por dia alojadas". E que a sede da entidade se tornou um abrigo de acolhimento. "Estamos desenvolvendo campanhas de arrecadação financeira para podermos atender toda esta demanda que tem um custo muito elevado”, explicou.
Para quem quiser ajudar a CUT-RS neste trabalho, a central informou que recebe doações em dinheiro para o Pix (telefone) 51 996410961.
CTB-RS na linha de frente
A CTB-RS também atua diuturnamente na linha de frente no acolhimento e ajuda aos desabrigados pelas cheias que atingem praticamente todas as regiões do estado.
Guiomar Vidor, presidente estadual da CTB e da Federação dos Empregados do Comércio no RS (Fecosul), relata que a central "está junto aos abrigos instalados em Porto Alegre distribuindo água, alimentos, produtos de higiene e limpeza que tem recebido no posto de arrecadação instalado na sede do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Panificação, que fica na Rua Mali 146, na zona Norte da Capital, bem próximo do Terminal Triângulo Assis Brasil".
Vidor acrescentou, que "a CTB opera esta ajuda humanitária, em conjunto com a Fecosul, também no interior, por intermédio dos 52 sindicatos filiados em todas as regiões atingidas, com forte mobilização nas cidades dos Vales do Caí, Taquari, Sinos e Paranhana, além dos vários municípios da fronteira e da Serra como Caixas e Bento Gonçalves".
Ele manifestou, em nome das direções da CTB, da Fecosul e de todos os sindicatos filiados, "integral solidariedade e apoio aos trabalhadores e trabalhadoras" do estado. "É um evento climático sem precedentes na nossa história que atinge a todos, mas de maneira muito mais severa e impactante as pessoas mais pobres, que não conseguirão refazer suas vidas sem o auxílio dos poderes públicos em todos os níveis”, completou.
Vidor também lembrou que as sedes da CTB e da Fecosul, no Centro Histórico de Porto Alegre, também foram gravemente afetadas. A cheia inundou os andares térreos dos edifícios Cacique e Ouvidor, sendo que neste último ficam os alojamentos da Fecosul que hospedam dirigentes que se deslocam do interior para a Capital.
Por isso, CTB buscou alternativas para dar continuidade à distribuição da ajuda recebida, estabelecendo parcerias com a Organização Social Cuidado Que Mancha e o Instituto Sobre Nós. As pessoas que desejarem contribuir com produtos ou doações em dinheiro e podem transferir qualquer valor pelo Pix (CNPJ) 10.545.583/0001-90 da CTB/RS.
Bancários se mobilizam e ajudam população
Localizado no centro de Porto Alegre, na rua General Câmara (rua da Ladeira) o Sindicato dos Bancários está ilhado, sem luz e sem água, mas tem conseguido, na medida do possível, fazer almoço, janta e também café da manhã para as pessoas que estão precisando.
Ali são distribuídas entre 300 e 400 marmitas por dia, tanto no Centro Histórico quanto em outras regiões que estejam precisando. Também para a população de rua e para os desabrigados com a enchente.
“Estamos fazendo um trabalho de recebimento de doações de todos os tipos, alimentos, roupas produtos de higiene, fraldas, etc. e estamos levando este material onde é necessário”, afirmou a assessora de imprensa Aline Adolphs.
Ela conta que este trabalho vem sendo feito desde sábado (4), sob a coordenação do secretário da Diversidade do Sindicato, Sandro Arthur Rodrigues. A cozinha é tocada por voluntários, nem são todos bancários, alguns são pessoas que chegaram lá para ajudar, como o chefe de cozinha carioca Leonardo Alcântara, que saiu de Lajeado onde mora atualmente e esta comandando o serviço .
O sindicato está com campanha “Solidariedade em dobro”, em que a pessoa doa um valor e o sindicato coloca dobra a doação. "Se a pessoa doar 100 reais, o sindicato coloca mais 100 reais. E através dela a gente tem conseguido comprar insumos para estas quentinhas, comprar gás, essas coisas”, conta Aline.
Interessados em colaborar podem encaminhar suas doações pelo Pix (telefone) 51 920044245.
Metalúrgicos mobilizados
Nas cidades de Porto Alegre, Canoas e São Leopoldo são diversas as ações que buscam ajudar os desabrigados. Ainda na sexta-feira, os sindicatos metalúrgicos das cidades abriram suas sedes para acolher as pessoas e organizar as doações recebidas. Além da necessidade de itens para atender os desabrigados nos locais, os presidentes das entidades reforçam que a ajuda deve continuar, pois o retorno às moradia será um momento difícil para as famílias.
Como ajudar em Porto Alegre
Na Capital, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre (Stimepa) está recebendo os desabrigados desde o início da tarde de sexta-feira. Atualmente, o local está sendo ocupado por cerca de 200 pessoas e a Escola Técnica Mesquita se tornou também um centro de distribuição das doações arrecadadas. A capital gaúcha contabiliza mais de 7,5 mil pessoas acolhidas em 60 abrigos.
Para quem chega buscando ajuda, o sindicato oferece atendimento médico (clínico e pediatra), além de psicólogos e medicações. Também há espaço especial para acolher as crianças e atendimento veterinário para os animais que chegam junto com as famílias. Os diretores do sindicato e voluntários também organizaram uma cozinha, onde é preparada toda a alimentação servida no local.
O presidente da entidade, Adriano Filippetto, afirma que no momento a necessidade maior é por doações de água, visto que o abastecimento da cidade está afetado. Além disso, são pedidas doações de colchões e cobertores.
"Quem puder ajudar agora, ajude. Mas também quem não puder, pode ser depois. Agora estamos vivendo uma tragédia, mas quando a água abaixar, será muito difícil também. Porque essas crianças que estão aqui no sindicato, hoje recebendo todo o atendimento necessário, vão retornar para casas destruídas, tomadas de lixo. Vai ser um impacto muito grande. A ajuda humanitária neste momento terá que ser ainda maior, para levantar as casas e mobiliar tudo", afirmou Filippetto.
As doações para o Stimepa podem ser encaminhadas para o endereço: Avenida Forte,77 – Vila Ipiranga, Porto Alegre. Doações em dinheiro podem ser feitas para o Pix (telefone) 51 996410961.
Como ajudar em Canoas
Com dois terços da cidade devastados, o município de Canoas, região Metropolitana de Porto Alegre, contabiliza mais de 15 mil desabrigados. O Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita (Stimmmec) está acolhendo as pessoas desde a madrugada de quinta-feira (2) e, atualmente, está abrigando cerca de 300 canoenses no ginásio de esportes.
No domingo (5), a entidade recebeu a visita da primeira-dama, Janja Silva, que conversou com os desabrigados e tomou conhecimento da realidade no município. Durante a visita, ela agradeceu a solidariedade dos envolvidos nas ações de resgate e acolhimento. "Nunca o lema do governo fez tanto sentido. União e reconstrução. É disso que o Rio Grande do Sul está precisando, da união de todos os brasileiros pra gente reconstruir o Estado", disse.
O sindicato enfrentou problemas com a falta de luz e água durante o final de semana. “Foi preciso um esforço imenso para organizar o local às escuras e também conseguir água para fazer as refeições”, afirmou o presidente Paulo Chitolina. Somente na tarde de domingo um caminhão pipa foi disponibilizado para a entidade.
Assim como o Sindicato de Porto Alegre, a entidade também reforça a necessidade de doação de água potável, além de roupas (principalmente masculina e infantil) e produtos de higiene pessoal (shampoo, condicionador e sabonete). Ainda, aceita-se produtos de limpeza; fraldas para adultos e bebês; absorventes; colchões; toalhas de banho; roupas de cama; travesseiros e cobertores; brinquedos e materiais escolares para crianças; além de rações para cães e gatos.
Doações para o Stimmmec podem ser encaminhadas para a Rua Caramuru, 330 – Centro de Canoas. Doações em dinheiro podem ser encaminhadas para o Pix (CNPJ) 90811803/0001-19.
Como ajudar em São Leopoldo
Também localizada na região Metropolitana de Porto Alegre, a cidade de São Leopoldo sofre com a pior cheia do Rio dos Sinos. No último final de semana, 180 mil pessoas tiveram que abandonar suas casas, o que representa 82% do município desabrigado.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo (Stimmmesl) está de portas abertas desde a sexta-feira (3), alocando os necessitados no ginásio de esportes Bigornão e em todo o espaço físico da entidade (salas, saguão e salão de festas). No momento, o local aloja 800 pessoas, que estão sendo atendidas por uma equipe multidisciplinar, que inclui diversos profissionais da saúde, como técnicos em enfermagem e psicólogos, além da coordenação do alojamento.
Por conta da localização de fácil acesso, o sindicato se tornou uma espécie de QG, onde coordenadores de outros abrigos podem ir pegar roupas, mantimentos, alimentos e marmitas prontas para levarem aos alojados em outros pontos da cidade.
O presidente do sindicato, Valmir Lodi, destaca que a prioridade neste momento é o atendimento às pessoas. Em razão disso, o não está realizando expediente. “Nós não vamos ter outra função nos próximos dias que não seja prestar auxílio às pessoas que estamos recebendo. A situação é muito grave. As pessoas aqui perderam tudo e nós vamos precisar de muitas doações para reerguer a cidade e o estado”, afirmou.
No momento, o Stimmmesl pede com mais urgência a doação de colchões, considerando o alto número de desabrigados no local. Além disso, pede por itens de higiene pessoal (escova de cabelo, toalhas, escova de dente), calçados e roupas íntimas.
As doações para o Stimmmesl podem ser encaminhadas para a Avenida David Canabarro, 106 – Morro do Espelho / São Leopoldo. Doações em dinheiro podem ser encaminhadas para o Pix (CNPJ) 96758008/0001-90.
Edição: Marcelo Ferreira