Saques, fraudes, roubos, falta de água e luz e suas derivações. Os alertas são incessantes e contínuos de que a bandidagem não está dando folga. Estão acontecendo ações de todos os tipos nesta histórica enchente do Rio Grande do Sul.
Enquanto em Brasília se discutem formas de auxílio, agilidade na liberação de recursos e de auxílio humano e material, aqui estamos vivendo momentos e eventos extraordinários de empatia e solidariedade. Há todo o tipo de orientação nos sites oficiais, nos meios de comunicação e nas redes sociais.
Uma pena que grandes mentiras também correm solta. É um tal de passa-passa de invencionices que está colocando a credibilidade de quem tem um miolo saudável sempre com um pé atrás. Verdade? Mentira? Hoje foi o tal de jacaré na Getúlio Vargas, no Menino Deus. Mente, desmente, confirma.
Os mais espirituosos logo garantiram que o jacaré apareceu mais que o senador General Mourão para ajudar os flagelados. Anda sumido o senador que deu um golpe ‘bonitaço’ no voto dos gaúchos. A história do bebê boiando nas águas do Sinos também circulou muito. Não passava de um saco de lixo. Visto de longe poderia passar qualquer impressão, menos a de um bebê. Mas alguém muito sábio achou que era um bebê.
Neste caos, briga em supermercado, na fila do pão ou na caça de um galão de água virou fichinha. Até discussões bobas, sem sentido, na hora de carregar a bateria do celular em lugares público, o lado humano de alguns está mostrando até onde podemos chegar. Logo afirmam que a humanidade perdeu a razão de ser. Ou outros que dizem que vamos ser melhores depois de tudo isso. Pura balela, muito ouvida também na pandemia da covid-19.
Ganância, uns achando-se mais espertos que outros, roubando a bola para levar para casa como fazem os meninos e acabando com a distração. É isso que acontece. As histórias se proliferam, mas não há como negar que a solidariedade e a empatia de milhares de pessoas superam tudo isso, leva de roldão o negacionismo, a ignorância e a estupidez do ser humano.
Nunca valorizei tanto o valor da água potável como agora. Sentir sede, não poder tomar banho, viver se sentindo meio sujo, suado, com todos os poros explodindo de cheiros desagradáveis, não poder escovar os dentes quatro ou cinco vezes ao dia, enfim fazer aquilo que é habitual, nos deixa realmente meio atucanados, estressados. Podem parecer coisas de pequeno burguês chato e inconveniente. Mas não são. Todo o ser humano deveria ter estes prazeres naturais para desfrutar uma vida digna.
Não é o que está acontecendo com milhares de pessoas neste Rio Grande destroçado. Tem a multidão de pobres e desamparados permanentemente, mas agora de um jeito ou de outro todos – ou quase todos - ficamos na pior. Rico ou pobre correram para onde podiam. Quase todo o mundo entrou na barca da desgraça. Mas quem sofre mais todos os dias do ano está sofrendo mais nestes dias trágicos de maio de 2024. Quem está se dando mal são os fugitivos da desgraceira. Rádios já noticiam que está faltando água e combustível em muitas das nossas praias.
Ah! Bendita água, ah! santa energia. Tantos falam em teu nome. Tantos mentem em teu nome e a escuridão e a sujeita prosperam como um jet ski em alta velocidade.
A coisa está tão desanimadora que até ficar preso em elevador por mais de uma hora virou piada, motivo de risadas e pedidos desajeitados de socorro. Nada mais do que isso diante de tudo que está aí.
Edição: Katia Marko