“Não perdemos só os móveis, os eletros, roupas. Eu perdi minha história, meus livros, as fotos, a trajetória de uma vida pessoal e política. Família está a salvo, cinco noites praticamente sem dormir, mas a vida de milhares de leopoldenses é o mais importante. Seguimos trabalhando, torcendo que essa tragédia passe logo, que o rio baixe e que todos possam voltar para suas casas e recomeçar.”
O desabafo foi feito pelo o prefeito da cidade de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), em sua rede social, em que mostra a imagem da sua casa, localizada no bairro Campina, invadida pelas águas do rio dos Sinos,
A cidade leopoldense, localizada no Vale dos Sinos, está entre as mais afetadas da região Metropolitana de Porto Alegre. De acordo com o Executivo municipal, há cerca de 180 mil pessoas desabrigadas e desalojadas.
Atualmente, há cerca de 57 abrigos em São Leopoldo, que estão acolhendo 12 mil famílias removidas de suas casas devido às enchentes. Conforme a marcação da manhã desta segunda-feira (6), às 7h, ocorreu a baixa de 20cm no nível do Rio dos Sinos, que estava na marca de 7,64 metros.
A situação no município fez com que a prefeitura decretasse situação de calamidade pública. A medida foi anunciada na manhã de sábado (4). Na madrugada de domingo (5) as águas haviam chegado no centro da cidade.
Novo Hamburgo
Na cidade vizinha, Novo Hamburgo, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação calcula que cerca de 32 mil pessoas foram impactadas pela maior cheia da história do rio dos Sinos. O número representa a população dentro da área onde chegou a água, atingidas total ou parcialmente, não significando desabrigados, levando em conta os setores censitários do IBGE.
O município está acolhendo cerca de 4 mil pessoas atingidas pela cheia em abrigos coordenados pelo Executivo municipal. Além deste total, há pessoas abrigadas em igrejas e outras instituições, que são responsáveis pela administração destes pontos.
O rio dos Sinos em São Leopoldo chegou à marca acima de 9 metros neste final de semana. Às 16h desta segunda-feira, marcava 8,46 metros, de acordo com a Comusa, empresa pública municipal responsável pelo serviço de água e esgoto. Por conta da oscilação do rio, o abastecimento de água segue interrompido.
Canoas
Em coletiva realizada nesta segunda, o prefeito Jairo Jorge (PSD) pontuou que a estimativa é que demore até dois meses para o recuo da água que invade Canoas. “De 45 a 60 dias, é o tempo que estamos estimando para que a água recue totalmente e que possamos começar a pensar na normalidade. São estimativas que recebemos de instituto de meteorologia.”
A cidade tem ao menos 17 mil pessoas em abrigos e já registra duas mortes em função da enchente.
Estma-se que a cidade vizinha a Porto Alegre tenha cerca de 200 mil pessoas afetadas pelas inundações. Com mais de 50 mil pessoas vivendo em áreas de risco, a prefeitura, neste sábado, orientou a população de todo o lado oeste a deixar suas casas e buscar abrigo em locais mais altos e seguros do município.
Eldorado do Sul
Com uma situação bastante crítica, o prefeito de Eldorado do Sul, Ernani Gonçalves (PDT), nesta segunda, através da rede social da prefeitura, reiterou o pedido de ajuda. De acordo com o Executivo municipal, é urgente a reposição dos estoques de água, alimentos e medicamentos, fundamentais para evitar um agravamento da situação.
A Defesa Civil de Eldorado do Sul está recebendo doações no ponto de referência da BR 290, próximo ao Supermercado Asun.
Em entrevista à Rádio Gaúcha neste domingo, o prefeito disse que a cidade está enfrentando uma "extrema calamidade" devido às chuvas e enchentes devastadoras. Com uma população de cerca de 40 mil habitantes, estima-se que entre 20 mil e 30 mil pessoas estejam desabrigadas.
Gonçalves descreveu a situação como desoladora, afirmando que "acabou o nosso município", devido ao isolamento da cidade em relação aos vizinhos e ao fato de que o centro foi 100% atingido. O acesso só é possível por helicóptero.
Mais de meio milhão de pessoas atingidas na região Metropolitana
Uma equipe do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/Ufrgs) divulgou, neste domingo (5), uma estimativa preliminar do número de pessoas e domicílios atingidos na cheia de maio de 2024 na região Metropolitana de Porto Alegre. O número baseia-se na mancha de inundação divulgada pela equipe e pelos dados do Censo Demográfico 2022. De acordo com o levantamento mais de meio milhão de pessoas foram atingidas.
Total de pessoas: 587.439 (mais de meio milhão de pessoas)
Total de domicílios: 263.369
Veja neste link a relação completa
*Com informações do GZH e portal Terra
Edição: Marcelo Ferreira