Rio Grande do Sul

PISO SALARIAL

'Distribuir a riqueza faz crescer a economia', diz Olívio Dutra justificando o mínimo regional

Para o ex-governador que criou o Piso Regional o desenvolvimento econômico tem que andar junto com o social

Brasil de Fato | Porto Alegre |
"Ao contrário do que argumenta o empresariado a economia continuou crescendo com o maior piso salarial do país", lembra Olívio Dutra - Luiza Castro/Sul21

Uma semana depois de encerrada a discussão sobre o aumento do salário mínimo regional com a proposta do empresariado em 2,1% de aumento e a das centrais de trabalhadores com um pedido de 8,5%, o governador Eduardo Leite (PSDB) foi informado da situação pelo secretário do Trabalho e Desenvolvimento Profissional (STDP), Gilmar Sossella, que estava mediando os encontros. Em vigor há 23 anos no Rio Grande do Sul as quatro faixas do piso esperam por uma proposta que deverá ser encaminhada a Assembleia Legislativa pelo governo.

:: Entidades empresariais do RS não comparecem na última negociação do salário mínimo regional ::

O ex-governador Olívio Dutra (PT) que criou o mínimo regional, em entrevista ao Brasil de Fato RS, justificou sua iniciativa. “Precisávamos melhorar a distribuição da renda no Rio Grande para que a economia continuasse crescendo.” Segundo ele, o salário mínimo, desde a ditadura, era definido de cima para baixo, embora as situações de cada região fossem diferentes.

Como a economia cresceu em seu governo acima da média brasileira, Olivio explicou que tinha o compromisso de também ter um crescimento das oportunidades, de trabalho digno, melhoria da renda do geral, em particular dos trabalhadores, e isso foi acontecendo.

“Veja que de 1993 a 1998, portanto, anterior ao nosso governo, o crescimento do PIB tinha sido de apenas 0,8%. No nosso período de 1999 a 2002, cresceu 12,9%. Enquanto no Brasil esse crescimento foi de 8,3%. Isso é positivo. Cresceu ainda no geral no estado do Rio Grande e no nosso período por conta das políticas que implementamos e da forma como as executamos”, afirmou ele.

E ao contrário do que argumenta o empresariado a economia continuou crescendo com o maior piso salarial do país. O ex-governador lembrou que o PIB per capita no Rio Grande também tem uma diferença do período anterior quando foi negativo, menos 4,8%.

:: 'Perseguição mesquinha' ao mínimo regional ::

“Em nosso governo, no período de 1999 a 2002, foi de 8,4% positivo, enquanto no Brasil foi de 2,7% positivo. Então, veja que teve sempre uma diferença boa a favor do crescimento da nossa economia, na comparação, inclusive, com a do país. O PIB industrial, é bom saber também, houve um crescimento do PIB industrial. Antes do nosso governo tinha tido um crescimento negativo, menos 4,7%. No nosso governo, cresceu positivamente 16,2%.”

Ele lembrou também que o Rio Grande do Sul assumiu o segundo lugar nas exportações, depois de muitos anos. “Em 2001 ultrapassou Minas Gerais e assumiu o segundo lugar entre os estados no volume de exportação. E essa posição se manteve em 2002 e nós implementamos um programa de promoção comercial. O Banrisul ampliou em mais de 62% o crédito para exportação até outubro de 2002 em relação a todo o governo anterior, desde então tudo num patamar positivo.

Para Olívio, o desenvolvimento econômico tem que andar junto com o desenvolvimento social. “Não é o desenvolvimento econômico isolado, não. Tem que ser uma coisa parelha, social e economicamente. O Estado tem que se desenvolver de forma mais equilibrada. Então, nós pensamos, temos que fazer esse crescimento ser compartilhado com os trabalhadores. E essa foi a principal razão que nos levou a definir, no período, o melhor salário mínimo regional do Brasil”, concluiu.


Edição: Katia Marko