Na tarde desta segunda-feira (29), 18 hospitais de referência anunciaram a suspensão dos atendimentos eletivos para seguradas(os) do IPE Saúde, a partir da próxima segunda-feira (6). Cerca de 25 mil seguradas e segurados terão seus agendamentos cancelados, enquanto os mais de 6,8 mil pacientes que tinham consultas marcadas até o dia 5 de maio manterão seus atendimentos conforme planejado.
:: Hospitais de referência suspendem atendimentos eletivos pelo IPE Saúde ::
Nas unidades de emergência, será priorizado o atendimento exclusivo a casos de risco de vida iminente. As instituições também se comprometeram em continuar o tratamento dos mais de 2,4 mil pacientes já internados ou em radioterapia, quimioterapia e hemodiálise.
Em nota a Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) expressou apoio à decisão de interromper o atendimento não urgente aos segurados do IPE Saúde a partir da próxima semana. O presidente da entidade, Dr. Gerson Junqueira Jr., enfatizou a obrigação moral de cuidar de cerca de 1 milhão de pacientes usuários do plano de saúde, destacando a ausência de atualizações dos honorários médicos e das despesas hospitalares nos últimos 12 anos.
"É crucial reconhecer nossa principal preocupação: oferecer assistência médica de alta qualidade e eficaz à nossa comunidade. No ano anterior, os médicos credenciados pelo IPE Saúde entraram em greve por questões semelhantes. Apesar de termos feito progressos após negociações com o governo estadual, este ano enfrentamos uma nova série de negociações difíceis, especialmente para especialidades não consideradas anteriormente, como anestesiologia, patologia e cirurgiões buco-maxilo-faciais. Nos solidarizamos com as instituições de saúde e estamos empenhados em garantir uma Medicina de qualidade para toda a população, sem sobrecarregar o SUS, o que acreditamos que acontecerá nas próximas semanas", afirmou.
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O presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Rio Grande do Sul (Fehosul), Dr. Claudio Allgayer, lamentou a decisão, mas enfatizou sua necessidade. "É uma medida que fomos obrigados a tomar. Fomos compelidos a essa ação devido à intransigência do IPE Saúde ao longo de muitos anos", disse.
Servidoras(es) não podem pagar essa conta, alerta sindicato
Para o Cpers Sindicato, a suspensão de atendimentos eletivos pelo IPE Saúde escancara a má gestão de Eduardo Leite (PSDB). “Em 2023, o governador e sua base aliada aprovaram o projeto de reforma da autarquia, um golpe devastador para aquelas e aqueles que já lutam para sobreviver. Sob seu comando, a alíquota das servidoras(es) titulares (ativas, inativas e pensionistas) foi elevada sobre o salário de 3,1% para 3,6%. Não satisfeito, impôs a contribuição de dependentes, definiu que a contribuição do plano de optantes seria estabelecida por resolução interna do IPE Saúde, aumentou a coparticipação das usuárias(os) em consultas e exames de 40% para 50% e instituiu a tabela de referência de mensalidade levando em conta a idade”, expõe a entidade.
Na avaliação do Sindicato é uma injustiça que os serviços do IPE Saúde "estejam se deteriorando, deixando aquelas e aqueles que mais precisam ainda mais vulneráveis. Inúmeras educadoras(es) aposentadas(os) contam com esses hospitais para suas consultas, e não podemos permitir que continuem sendo prejudicadas. Eduardo Leite precisa ser responsabilizado por sua má gestão. As servidoras(es) não podem pagar essa conta”, afirma.
* Com informações do Cpers-Sindicato e Associação Médica do Rio Grande do Sul.
Edição: Katia Marko