A solidariedade dos povos e a resistência palestina estão impondo uma imensa derrota à “Israel”
Após 202 dias de bombardeios à Gaza como resultado do genocídio em curso, são mais de 20 mil crianças palestinas órfãs, 34.183 palestinos foram mortos, sendo que destes 10.000 mulheres e 15.000 crianças, 7 mil palestinos estão desaparecidos. A intensidade dos ataques não abrange somente Gaza, mas também a Cisjordânia e Jerusalém, onde casas vem sendo demolidas, incendiadas, as estruturas das cidades vem sendo destruídas e 486 palestinos foram mortos, destes 122 crianças.
Os líderes sionistas não ocultam suas intenções de expulsar os palestinos completamente de suas terras, seja pelo terror ou pelo genocídio para substituir a população nativa por estrangeiros, em sua maioria oriundos da Europa. Por tanto, trata-se de colonização de povoamento, não existindo equivalência de força que justifique os termos “guerra” ou “conflito" constantemente utilizados na mídia ocidental. Importante ressaltar que a ocupação militar perdura há 76 anos, desde 1948 com a Nakba. Desde então os sionistas vem cercando e anexando terras palestinas, praticando limpeza étnica e matando palestinos (crianças, mulheres, homens, idosos) impunemente. Roubando suas terras e recursos naturais, roubando a liberdade do povo palestino e impondo um regime de apartheid apontado inclusive por organizações como a Anistia Internacional e a Human Rigths Wash.
Aos homens, mulheres e crianças que resistem à ocupação militar, lutam por sua liberdade e se negam a sair de suas casas, ou seja, exercem o direito de se defender da ocupação militar violenta, os israelenses aplicam punições severas como prisões e torturas. Em Gaza, segundo informações divulgadas pelo Al Mayadeen, o número de prisioneiros palestinos atual é de 5 mil, destes 310 são profissionais de saúde, que estavam nos hospitais atacados pelo exército israelense e se negaram a parar de atender doentes e feridos. Também destes, 20 jornalistas foram presos por divulgarem imagens e informações dos crimes contra a humanidade cometidos pelos sionistas.
De acordo com os dados divulgados recentemente pela Comissão dos Prisioneiros e ex-prisioneiros da OLP (Organização pela Libertação da Palestina) e pelas ongs de direitos humanos Clube dos Prisioneiros Palestinos e Addameer, o número de prisioneiros palestinos da Cisjordânia, Jerusalém e Palestina Histórica (território ocupado militarmente em 1948) excedeu 9500 pessoas. Entre estes, 80 mulheres e 200 crianças permanecem encarceradas nas penitenciárias israelenses de Megiddo, Ofer e Damon. Sob detenção administrativa, sem julgamento ou sequer acusação, reféns por definição, são 3660 palestinos, destes 22 mulheres e 40 crianças. São 56 jornalistas palestinos presos, dos quais 45 foram aprisionados de outubro de 2023 para cá. Essas prisões administrativas são baseadas em “provas secretas”, que o detido não conhece e que o priva do direito de defesa, prevê um período de 6 meses renovável indefinidamente.
Segundo o relatório, como resultado de “crimes, políticas e medidas de retaliação sistêmica impostas pela ocupação contra prisioneiros palestinos, mais notadamente tortura e negligência médica”, os sionistas mantém encarcerados centenas de doentes e feridos, 600 enfrentam prisão perpétua e 252 morreram desde 1967 nos cárceres israelenses, 16 destes morreram desde 7 de outubro de 2023. Importante ressaltar a ilegalidade de todas essas prisões, visto que “Israel” afirma tratarem-se de prisioneiros de guerra, quando na verdade, trata-se de uma força militar ocupante mantendo o povo sob ocupação militar e colocando civis em prisões após julgamentos em tribunais militares e sem os elementos mínimos para um julgamento justo, nada mais sendo que violações ao direito internacional e aos direitos humanos. Esses prisioneiros na consciência coletiva dos palestinos, são heróis que lutaram, se sacrificaram e passaram seus anos de juventude atrás de uma prisão por amor à Palestina e seus locais sagrados.
As graves violações a que os presos são submetidos incluem maus tratos, detenção em condições desumanas, tortura psicológica e física, privação do direito de visita de parentes e familiares, para a maioria, sob alegação de pretexto de ameaça à segurança, estupros e violência sexual. Incluem confinamento forçado e solitário que, por vezes, se estende por vários anos, falta de assistência médica, com invasões de seus quartos por unidades especiais de repressão, pulverização de gás e submissão a revistas íntimas. É necessário enfrentar as práticas desumanas israelenses que são sistematicamente implementadas contra os prisioneiros palestinos, e obrigar “Israel” a respeitar os acordos internacionais que garantem aos detidos o gozo dos seus direitos.
Estatísticas de órgãos oficiais palestinos e instituições que lidam com assuntos de prisioneiros indicam que as autoridades de ocupação israelenses prenderam mais de um milhão de palestinos, incluindo milhares de crianças, mulheres e idosos, desde 1948, como resultado de sua luta contra a ocupação, por sua liberdade e a de sua Pátria. Desde 1967, os palestinos foram submetidos a um regime militar que prendeu aproximadamente 30% da população total da Cisjordânia e de Gaza. O regime de ocupação militar governou os palestinos criminalizando atos legítimos que estão no cerne de liberdades civis e políticas básicas, incluindo o direito à participação política, liberdade de expressão, mesmo que se limitasse ao de carregar slogans e bandeiras nacionais. Não há casa palestina sem que seus donos tenham sofrido a amargura da prisão, e não há palestino sem experimentar os horrores de estar ou ter um ente querido preso.
A impunidade que segue por décadas mantendo líderes sionistas e regime de apartheid e colonização ilesos, não seria possível sem a cumplicidade de governos ocidentais como dos EUA e dos países europeus. Biden, por exemplo, sancionou mais uma ajuda militar de 95 bilhões para “Israel”, Ucrânia e Taiwan há poucas horas. Apesar dos governos por interesses econômicos, bélicos e geopolíticos financiarem e cooperarem com a limpeza étnica da Palestina e com o genocídio do seu povo, os povos do mundo demonstram agora, mais que nunca sua solidariedade ao povo palestino. Milhões saem às ruas nos países árabes, africanos, europeus e americanos.
Nesse momento, estudantes estão acampados em 32 universidades nos EUA, mostrando uma força imensa na exigência de rompimento das universidades com as empresas israelenses. Movimento ao qual professores vem aderindo entrando em greve. A mobilização iniciou na universidade da Columbia, onde na semana passada 100 estudantes foram presos e outros foram suspensos sob a acusação absurda de antissemitismo por denunciarem o genocídio e exigirem o fim do seu financiamento pelas universidades. Enquanto todas as universidades de Gaza foram completamente destruídas nos bombardeios, Biden faz coro às mentiras sionistas acusando centenas de milhares de estudantes de antissemitismo ao mesmo tempo que envia bilhões em armas para a ocupação militar israelense. Ao mesmo tempo, em Nova Iorque, milhares de judeus saíram às ruas para exigir que Biden pare de financiar o genocídio do povo palestino, gritando “não em nosso nome” e sofrendo repressão policial.
A medida que segue a impunidade à “Israel”, aumenta a pressão dos povos do mundo pelo respeito a autodeterminação do povo palestino, pelo fim do apartheid, pelo cessar fogo imediato, pela entrada de ajuda humanitária à Gaza e por meio das campanhas de boicote, desinvestimentos e sanções. Além dos mísseis, drones e armas, os sionistas estão usando a fome para matar os palestinos, 30 crianças já morreram de sede e fome em Gaza.
Mais de mil pessoas, de 30 países estão embarcadas em três navios para levar 5 mil e 500 toneladas de alimentos e medicamentos para Gaza com a intenção de romper o cerco, a Flotilha da Liberdade partiu de Istambul e está denunciando o bloqueio imposto à Gaza desde 2007. A solidariedade dos povos e a resistência palestina estão impondo uma imensa derrota à “Israel”, que essa derrota possa resultar na libertação da Palestina do rio ao mar. Alcançado o desmantelamento total do apartheid, a libertação de todos os prisioneiros palestinos e o direito de retorno dos refugiados.
Foto tirada numa manifestação pela libertação dos prisioneiros palestinos em Nablus, na Cisjordânia ocupada, em 17/04/2023
* Claudia Santos, da Frente Gaúcha de Solidariedade ao Povo Palestino
* Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko