A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa gaúcha abordou, no período dos assuntos gerais desta quarta-feira (24), dois casos de violência sexual envolvendo funcionários norte-americanos do Consulado Geral dos Estados Unidos em Porto Alegre. O primeiro aconteceu em janeiro deste ano, enquanto que o segundo aconteceu na semana passada com a filha da deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB).
Sem entrar em detalhes, a depoente que relatou ter sido vítima de estupro em janeiro deste ano disse que o ato ocorreu no apartamento do acusado, que estaria vinculado ao consulado, depois dela ser drogada.“Ele não me deu chance, ao contrário da Kamilly (filha da deputada), que conseguiu se defender e tinha uma rede de apoio. Eu estava sozinha. A última coisa que eu pensava era que ele poderia me violentar porque ele não tinha indicadores de uma pessoa violenta. Ele era muito educado e bastante tímido, mas de uma hora para outra ele se transformou em um monstro”, declarou a vítima.
Após ver o caso da filha da deputada Bruna Rodrigues, apesar dos desgastes emocionais e físicos, a mulher resolveu trazer a ocorrência para o Parlamento gaúcho. Durante a escuta, ela discorreu sobre as dificuldades de apurar o caso, pois o agressor não tinha registro de entrada no Brasil. Após a denúncia e o envio de um e-mail ao consulado americano, um investigador a procurou. No entanto, até o momento, o consulado não entrou em contato com a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) para dar andamento à investigação.
Para a presidenta do colegiado, a deputada estadual Laura Sito (PT), há semelhança na abordagem do caso que ocorreu com a filha da deputada. “A sistemática do consulado em enviar esses homens de volta aos Estados Unidos demonstra que temos uma situação além do crime que é diplomática. Não podemos naturalizar a ideia de que nossos corpos brasileiros são acessíveis e de que esses homens não estão passíveis à resposta da lei”, refletiu.
Na terça-feira (23), a CCDH encaminhou com urgência um ofício ao Ministério das Relações Exteriores, à Superintendência da Polícia Federal e também ao Consulado Geral dos Estados Unidos solicitando informações a respeito das providências sobre a agressão sexual sofrida pela filha da deputada Bruna Rodrigues. Em conjunto, na data de ontem, as parlamentares da Casa assinaram um documento via Procuradoria da Mulher solicitando que o Consulado Americano contribua para a investigação do caso.
A vítima que depôs sobre as violências sofridas também foi ouvida pelos membros da CCDH em particular após a reunião do colegiado. O caso também está sendo acompanhado pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da ALRS.
*As informações são da Agência de Notícias da Assembleia Legislativa do RS.
Edição: Marcelo Ferreira