Milhares de servidores (as) públicos (as) se reuniram, na manhã desta quarta-feira (24), em frente ao Palácio Piratini, em um Ato Estadual Unificado para exigir Revisão Geral dos Salários. "O governo Leite (PSDB) está matando os servidores públicos!" foi a denúncia feita no início da manifestação que exigiu respeito e valorização.
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Realizado em frente ao Palácio Piratini, casa do governador Eduardo Leite (PSDB), representantes das entidades que compõem a Frente dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (FSP/RS) deixaram o recado: basta de descaso com o serviço público.
Convocado inicialmente pelo CPERS Sindicato, o ato inaugurou uma jornada de lutas unificada de todas as categorias do serviço público gaúcho. Também contou com a participação de servidores técnico-administrativos em educação da Ufrgs que estão em greve.
A coordenadora da Assufrgs Tamyres Filgueira lembrou que estão em greve desde o dia 8 de março, participando de uma greve nacional em defesa das universidades e institutos federais e também pela valorização dos servidores públicos.
“Nós tivemos a assembleia ontem (23) e decidimos por continuar a greve porque infelizmente não avançou as negociações com o governo federal. Nesse sentido, a gente vai continuar a pressão, fortalecendo a nossa greve, porque a gente quer que as universidades públicas e os institutos federais constem no orçamento. A gente acha muito importante que a educação seja prioridade e, por isso, a valorização dos servidores públicos é fundamental”, destacou.
“Queremos abrir uma mesa de negociação”
A presidenta do CPERS Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, ressaltou a importância da unidade dos servidores públicos. “Tivemos hoje na Praça a presença de mais de três mil pessoas, que com muita emoção e muita força, passaram para todo mundo que esteve aqui uma mensagem de esperança e união. Saímos com energia e disposição de luta renovadas.”
A professora reforçou que as entidades querem ser chamadas para dialogar. “Queremos abrir uma mesa de negociação para resolver a questão dos servidores. O governo precisa fazer essa revisão. Nós temos diversas pessoas que só ganharam 6% de reajuste em 10 anos. Temos 34 mil professores aposentados que não receberam nenhum reajuste além dos 6% e funcionários de escola que também estão nessa situação”, alertou.
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Segundo Helenir, o sindicato defende um piso digno para as funcionárias de escola de R$ 1.600 e que as verbas indenizatórias não sejam descontadas do completivo do salário dos funcionários para atingir o Salário Mínimo Regional.
“Já apresentamos a reivindicação para o governo, ficaram de nos chamar depois de completar o estudo, então hoje é um alerta. Estamos atentas. Não existe serviço público de qualidade com servidor público mal remunerado, adoecido e assoberbado de trabalho, porque é isso que está acontecendo no estado do Rio Grande do Sul”, destacou.
A dirigente informou que no dia 10 de maio deve acontecer um novo ato unificado. “Vamos tentar vir juntos novamente para fazer a pressão para que Eduardo Leite recue de seu posicionamento. É importante dizer o Dieese fez um levantamento que aponta que do trimestre do ano passado para esse ano aumentou em 24% a arrecadação do ICMS, e a grande pergunta que fica é, onde está esse dinheiro?”
Empobrecimento e adoecimento das categorias
Durante a mobilização, representantes de base de diversos sindicatos que compõem a FSP/RS relataram a atual situação das categorias. Empobrecimento e adoecimento, causados pelos quase 10 anos de arrocho salarial, foram alguns dos temas comuns entre os participantes.
O presidente do Sindicaixa e representante da FSP/RS, Érico Corrêa, ressalta que foi um dos maiores e melhores atos dos últimos tempos dos servidores. “As categorias responderam ao chamado dos sindicatos, nós lotamos a praça e demos um forte recado ao Eduardo Leite de que não é mais possível aguentar o arrocho salarial, a destruição do IPE Saúde, o ataque aos aposentados e todas as demais mazelas deste governo ao conjunto de servidores públicos e à população do Rio Grande. Os servidores estão de parabéns e a luta segue firme até a conquista do reajuste salarial.”
Para o secretário-geral do Sindicato de Servidores da Justiça do Estado do RS, Fabiano Salazar, a revisão geral anual da inflação é uma pauta que une as categorias, que serve tanto para servidores ativos, como para os aposentados.
“O que esse governo tem feito nos últimos anos é destruir os servidores e os serviços públicos. Os nossos direitos vêm sendo cada vez mais retirados. Então a gente tem que se unir. A unidade da classe trabalhadora é a única forma que a gente tem de se organizar, resistir e lutar pelos nossos direitos”, defendeu.
“A educação é a base de tudo”
A professora aposentada Jussara Domingues, 83 anos, afirmou que está sempre na luta. Sócia do CPERS desde 1960, lamentou que os governos não privilegiam a educação, sendo que a educação é a base de tudo.
“Todos os políticos passaram por um professor, e aí os professores não são valorizados. Ultimamente com o governo do Leite piorou muito, porque além da aposentadoria já ser muito baixa, a gente está descontando para a Previdência, coisa que nunca tinha acontecido. Então, ao invés de aumentar nossos salários, diminuiu”, reflete.
Jussara diz que gostaria mesmo de estar em casa, descansando com seus netos, “mas eu tenho que estar aqui”.
“Nunca vou sair da luta. Um dia, pode ser que não para mim, mas para outras gerações, esses governos se lembrem que: a educação é a base de tudo.” E pede à sociedade: “Não nos critiquem, procurem entender nossa luta e eu sei que a população aprecia muito os professores.”
O ato também contou com a participação dos deputados estaduais Luciana Genro (PSOL), Matheus Gomes (PSOL), Adão Pretto (PT), Sofia Cavedon (PT) e Jeferson Fernandes (PT), além do vereador Roberto Robaina.
O governo do estado foi procurado, mas até o fechamento da matéria não enviou seu posicionamento. Assim que enviar será postado neste espaço.
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Edição: Marcelo Ferreira