Rio Grande do Sul

Memória

60 anos do golpe: confira calendário de eventos de entidades do RS sobre a ditadura militar

Entre os destaques está a mostra 'Memória, Verdade e Justiça', na Câmara de Vereadores de Porto Alegre

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Atividades seguem no mês de abril e maio - Foto: Jorge Leão

O ano de 2024 marca os 60 anos do golpe civil-militar, que a partir de 1964 manteve o Brasil sob uma ditadura cruel e sanguinária por 21 anos. Em Porto Alegre, diversas ações estão sendo realizadas este ano em "descomemoração" a este aniversário.

:: Anistia e má gestão dos governos civis sobre militares possibilitaram movimentos golpistas, diz professor ::

Movimentos e entidades sociais, e partidos políticos têm realizado atos públicos, sessões de cinema e debates sobre os acontecimentos trágicos daquele ano. O primeiro deles foi o ato unificado no Largo Glênio Peres, que reuniu cerca de mil pessoas no dia 23 de março.

Nesta segunda-feira (1), dia que marca o início do golpe, o Grupo Por Verdade e Justiça promove, a partir das 18h, na sede do Simpa-Sindicato (Rua João Alfredo, 61), o debate “A luta contra a ditadura e pela justiça, ontem e hoje”. Os palestrantes são o advogado da Frente Quilombola RS, Onir Araújo, a mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Janaína Athaydes Contreiras, o professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul na área de História Contemporânea Jorge Christian Fernández e o professor de história da Ufrgs Luiz Dario T. Ribeiro. 

Também neste 1º de abril acontece o 8⁰ Café Democrático da Associação Mães e Pais pela Democracia, às 19h, no Clube de Cultura. O debate será "Memória e Justiça - 60 anos do golpe militar”, com a deputada federal Maria do Rosário (PT/RS) e o advogado e ex-deputado estadual Mario Madureira (ambos ex-presidentes da Comissão de Direitos Humanos da ALRS), e a jovem ativista de direitos humanos, a vereadora suplente de Porto Alegre Fran Rodrigues (PSOL). O mediador será o advogado e integrante da Associação Eduardo Pazinato.

Ainda nesta segunda-feira, tem início, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, a mostra “Memória, Verdade e Justiça”, que exibe uma série de fotos de locais onde a ditadura militar torturou cidadãos na Capital. A mostra protocolada pelo vereador Giovani Culau (PCdoB) foi planejada em parceria com estudantes de História da Ufrgs, responsáveis pelo projeto “Trajetos de Memória – Caminhos da Ditadura em Porto Alegre”.

A exposição consiste em uma série de fotos de locais como o Dopinho, a Esquina Democrática e a Praça Argentina, acompanhado de textos que abordam os eventos e violações dos direitos humanos durante a ditadura em locais específicos da cidade, assim como os locais de resistência. A mostra segue em cartaz até 10 de abril.


Uma das fotos da exposição: Protesto de estudantes em 1980 na inauguração da placa em homenagem ao ditador argentino Videla, na Praça Argentina / Foto: Arquivo Pessoal

Além disso, ao meio-dia foi realizado o descerramento da placa em memória aos docentes expurgados da Ufrgs, junto ao Memorial que os homenageia, no Campus Central. E na Esquina Democrática, ocorreu a performance “Onde? Ação n. 2”, da Terreira da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz.

No final da tarde, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, será inaugurada uma exposição fotográfica sobre “Os 60 anos da Instauração do Regime Militar de 1964”, que permanece até dia 5 de abril. A mostra contará com a presença do ex-deputado estadual Raul Carrion e do ex-deputado federal Aldo Arantes, de Goiás. Arantes foi eleito presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em julho de 1961.

Próximos eventos

A Sala Redenção da Ufrgs, no Campus Centro, apresenta mostra de cinema "60 anos do Golpe Militar: Tão Longe, Tão Perto", de 1 a 12 de abril, com entrada franca. Contando com a curadoria de Nilo Piana de Castro, professor de história do Colégio de Aplicação da universidade, a programação exibe oito filmes que retratam a ditadura militar. A proposta é "descomemorar" o golpe de 1964, que, apesar de completar 60 anos em abril, segue até hoje influenciando movimentos anti-democráticos.

Nesta quarta-feira (3), às 9h, a reunião da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, será em alusão aos 60 anos do Golpe Civil-Militar. Encontro contará com a presença de organizações, instituições, lutadores que estiveram na luta pela democracia.

Já nesta quinta-feira (4), no Plenarinho da Assembleia Legislativa, haverá um ato que lembrará os 60 anos do golpe militar e a memória do tenente-coronel da Aeronáutica Alfeu de Alcântara Monteiro. Comandante da Base Aérea de Canoas (RS), ele foi a primeira vítima fatal do golpe, metralhado nesta data, há 60 anos.

No dia 8 de abril, às 13h30, a exposição fotográfica “Os 60 anos da Instauração do Regime Militar de 1964” será inaugurada na Câmara de Vereadores de Porto Alegre e permanece até o dia 12 de abril. Na mesma data, às 18h, no Sindipolo RS, haverá o debate “60 anos do golpe militar, imunidade até quando?”.

No dia 12 de abril, a AJD (Associação Juízas e Juízes pela Democracia) e a UniRitter promovem o debate Ditadura: Memória, Verdade, Justiça e Reparação – Não Repetição, que terá a participação de Antônia Mara Loguercio (Ex-presa e perseguida política e Juíza do Trabalho Aposentada) e João Pedro Stédile (Economista, Ativista Social do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

O evento acontecerá no Auditório Master da UniRitter Zona Sul (Rua Orfanotrófio, 555, Alto Teresópolis, Porto Alegre), a partir das 19h. Na ocasião haverá a distribuição do livro “Torre das Guerreiras e Outras Memórias”, de Ana Maria Ramos Estevão, publicado pela Fundação Rosa Luxemburgo.


Na ocasião haverá a distribuição do livro “Torre das Guerreiras e Outras Memórias”, de Ana Maria Ramos Estevão, publicado pela Fundação Rosa Luxemburgo / Divulgação

Em 15 de abril, às 14h, o presidente da Associação de Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Rio Grande do Sul, Sérgio Bittencourt, usará a Tribuna Popular no Plenário da Assembleia Legislativa para falar sobre os 60 anos do golpe militar de 1964.

Mais para o final do mês, em 25 de abril, no IAB, às 19h, será realizado um debate sobre os 50 aos da Revolução dos Cravos, em Portugal.

Durante todo o mês de maio, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) promoverá uma mostra de cinema sobre os 60 anos do golpe militar. No mesmo mês os alunos do curso de Museologia da Ufrgs promoverão exposição, debates, filmes, em especial sobre a luta dos professores e estudantes daquela universidade em resistência as ações resultantes do golpe de 1964.


Edição: Marcelo Ferreira