Nem a onda de calor que chegou ao estado do Rio Grande do Sul foi impeditivo para que cerca de duas mil pessoas comparecessem à cidade de Seberi, região noroeste do Rio Grande do Sul, a 412,4 km de Porto Alegre, no último sábado (16). A cidade foi palco da sétima edição da Festa da Semente Crioula e da segunda Feira da Economia Solidária. Realizada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores e das Pequenas Agricultoras (MPA) e pela cooperativa Cooperbio, é uma das mais importantes celebrações da tradição e da cultura camponesa.
O público foi formado por camponeses, camponesas, movimentos populares e entidades, vindos de 50 municípios de todas as regiões do RS, além de outros estados e países como Argentina, Paraguai, Colômbia e Venezuela. Pelo governo federal estiveram presentes o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, e o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto. Os deputados federais Elvino Bohn Gass e Dionilso Marcon (ambos PT/RS), assim como o deputado estadual Adão Pretto (PT) também prestigiaram o evento, assim como autoridades locais.
“Além de celebração, esta festa é um momento, também, da gente gritar em alto e bom tom que as sementes crioulas, nesse momento que estamos vivendo, representam um ato de rebeldia, um ato de resistência, um ato revolucionário. E que precisamos de programas estratégicos para protegê-las, coisa que os agricultores camponeses fazem tão bem”, afirma o coordenador nacional do MPA Anderson Amaro.
Para a colombiana Luz Ángela Rojas, integrante do Xongreso de los pueblos Colombia, o resgate das sementes crioulas e da economia solidária são ações importantes e significam possibilidade que camponeses e camponesas têm de ter, de verdade, uma soberania alimentar.
"Parte do mercado, que agora virou a semente, tem feito que tenhamos mais dependência da indústria química e, além disso, faz cada vez mais difícil conseguir levar a transição para a agroecologia. Por isso, esses espaços de resgate da semente crioula, de troca, de reconhecer a importância dela, temos que compartilhar, aprender e replicar em outros territórios”, afirma.
A militante destaca também a necessidade que agricultores que trabalham na terra, assim como moradores da cidade criar alianças. “Por isso foi muito importante compartilhar a 7ª Festa das Sementes, trocar essas experiências e também juntar com outras propostas que a gente tem na Colômbia, como os territórios agroalimentários. É uma experiência que nós temos onde trabalhamos o resgate da semente, a construção desde as comunidades do território, para garantir alimentação, organizar um modelo de desenvolvimento que tenha presente as nossas necessidades como comunidades”, descreve.
"A minha participação foi muito boa para ter uma experiência no conhecimento de várias sementes e conhecimento de outras regiões das cidades e levar um pouco dos nossos artesanatos para exposição no dia", afirma o cacique Sandro da Silva, da ldeia Tekoa Gengibre terra Indígena guarita, de Erval Seco, no RS.
Festa pelas lentes
“Quando surgiu a oportunidade de ir na pauta da Festa da Semente Crioula em Seberi – RS, fiquei imaginando as imagens que poderiam capturar a essência e o sentimento do evento. Pelas imagens através de uma narrativa documental busquei resgatar a identidade e a cultura camponesa. As imagens destacam os campesinos responsáveis por no mínimo 70% da produção de alimentos que chegam até as nossas mesas”, descreve o fotojornalista Jorge Leão.
Edição: Katia Marko