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O que significa, de fato, o convite de Netanyahu a Bolsonaro

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Ex-presidente Jair Bolsonaro segura bandeira de Israel durante ato em São Paulo - Reprodução/Canal Silas Malafaia Oficial
Netanyahu quer manter sua política de extermínio e ódio e buscar o apoio da extrema direita no mundo

Neste último dia 8 de março, em Salvador, o ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro informou que recebeu um convite de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense para visitar Israel. Segundo o ex-presidente, o convite seria “para que eu visite aquela região do conflito, ou melhor, do massacre, da covardia, do terrorismo praticado em Israel. Praticado pelo Hamas contra Israel”.

Netanyahu mantém uma guerra de extermínio e ocupação contra o povo Palestino em território reconhecido mundialmente – inclusive pela ONU – como Palestino. Essa política gerou dois resultados paradoxais, mas muito relevantes na política internacional. Se de um lado, a continuidade da política expansionista e fundamentalista e o número de palestinos mortos aumenta geometricamente começam a cobrar uma certa conta política, inclusive sobre os aliados tradicionais de Israel, Estados Unidos e União Europeia – sobre isso, no dia 9 de março, Joe Biden, presidente dos EUA, fez uma crítica pública à política de Netanyahu sobre a Faixa de Gaza – de outro, essa mesma política faz de Bibi Netanyahu o líder do momento da extrema direita mundial. Referência para os partidos, movimentos e lideranças em sua propagação do ódio, violência, xenofobia, fundamentalismo religioso, racismo, conservadorismo e, obviamente, de austeridade fiscal e desigualdade.

Este, para o israelense, é o principal motivo para convidar Bolsonaro. Efetivamente não se trata de um convite a um líder com capacidade de contribuir para algum esforço de rompimento do isolamento mundial que o governo sionista de extrema direita começa a sentir. O objetivo vai em sentido contrário, o de significar que Bibi pretende manter sua política de extermínio e ódio e buscar o apoio orgânico, ainda que não amplo, de uma extrema direita que continua a crescer no mundo.

Já para Bolsonaro, trata-se de uma oportunidade de circular entre pares dessa internacional extrema direita e mostrar a aparência de alguma relevância política, além de manter aglutinada sua base política por meio de meias verdade e mentiras ideológicas. Evidentemente, Bolsonaro sabe que tem seu passaporte recolhido pela Polícia Federal por determinação judicial, uma vez que é investigado por tentativa de golpe de Estado, entre outras mazelas, e está impedido de sair do país. Com o pedido de autorização para viajar a Israel e o possível indeferimento pelo STF, pretende jogar água no moinho de sua vitimização. Sem falar em uma coceirinha pela ideia de fugir do país, hipótese que nunca pode ser descartada em se tratando de líderes com baixa densidade ética.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato. 

Edição: Katia Marko