Cerca de 500 educadores aposentadas e aposentados estão reunidos, nesta terça e quarta-feira (5 e 6), em Nova Petrópolis, município da Serra gaúcha, para a 5ª edição do Encontro Estadual de Aposentadas(os) do Cpers Sindicato. Com mesas de debate e atividades culturais, a atividade promove troca de conhecimentos e busca constuir diálogos na luta por reconhecimento de educadoras e educadores aposentados do Rio Grande do Sul.
:: 'Eduardo Leite tem um projeto bem claro que é o da privatização', afirma Helenir Schürer ::
“Estamos tendo muito sucesso nesse encontro, pois nossos associados estão bastante' integrados na nossa pauta, que é importantíssima: a questão salarial, a questão do IPE Saúde, a questão de ter previdência, todas as perdas que nós tivemos durante o governo Eduardo Leite (PSDB)”, afirma a diretora do Departamento de Aposentadas(os) do Cpers, Glaci Weber.
Ela conta que o grupo reunido no encontro está redigindo uma carta que será entregue ao governador e a deputados estaduais. “Denunciamos e, ao mesmo tempo, pedimos que os deputados não aprovem, da maneira que está, o projeto de aumento salarial, porque ele retira direito dos aposentados e não dá nenhum reajuste aos funcionários”, afirma.
O Cpers critica o projeto que o governo estadual encaminhou à Assembleia Legislativa propondo o reajuste de 3,62% no salário dos professores da rede estadual de ensino - aumento igual ao que será aplicado ao piso nacional do magistério pelo Ministério da Educação. Na proposta do Executivo gaúcho, além dos funcionários de escola ficarem de fora do reajuste, o aumento não vai chegar a parte dos aposentados, pois será descontado da parcela de irredutibilidade, que reúne os adicionais por tempo de serviço extintos na reforma do plano de carreira realizada em 2020.
Ao anunciar o projeto, o Palácio Piratini afirmou que o reajuste integral deve beneficiar 99% dos professores da ativa e em torno de três quartos dos aposentados. Segundo o governador Eduardo Leite afirma, os avanços com relação ao pagamento do piso do magistério se somam a esforços do Executivo estadual pela melhoria da educação. “Desde que assumimos o governo em 2019, a inflação foi de pouco mais de 30% e, de lá para cá, já somamos reajustes de 86% para os professores no Rio Grande do Sul. Sabemos que nossos docentes merecem muito mais e queremos viabilizar outras melhorias”, disse na ocasião.
"Números comprovam o fracasso das políticas"
Visando contextualizar as lutas da educação, diversas mesas debateram temas como o atual momento mundial, nacional e local e o papel de quem está aposensato nestes cenários. A saúde dos aposentados na era ditigal e direitos de quem trabalha na educação também estão entre os assuntos discutidos.
O 1º vice-presidente do Cpers, Alex Saratt, representando a presidente do sindicato, Helenir Aguiar Schürer, afastada nesta semana por questões de saúde, falou sobre a realidade estadual. Ele citou o Censo Escolar 2023, lançado no final de fevereiro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), e que traz dados da educação gaúcha.
"Os números comprovam o fracasso das políticas de Eduardo Leite, que destrói não só o presente e o futuro, mas também o passado do nosso estado. Nós já servimos de exemplo para o resto do país, graças ao trabalho de vocês. Precisamos dar uma resposta aos ataques deste desgoverno e levar uma mensagem de luta e esperança para o restante da categoria”, asseverou.
Valorizar aposentadas e aposentados
A fim de valorizar a experiência das aposentadas e dos aposentados como fonte de conhecimento histórico para o sindicato, a tesoureira-geral do CPERS, Rosane Zan, apresentou uma linha do tempo com os momentos mais marcantes.
“Essa sabedoria acumulada é fundamental para manter viva a memória das lutas e vitórias do movimento sindical, inspirando e fortalecendo a continuidade da mobilização do Sindicato por direitos e condições dignas de trabalho”, destacou.
A dirigente ainda ressaltou que somente com união, os educadores e educadoras se mantém fortes. “Dá vontade de desistir, mas jamais desistiremos! O poder da nossa indignação nos move à luta, que é uma só, contra aqueles que nos massacram e querem nos tirar direitos.”
A programação da 5ª edição do Encontro Estadual de Aposentadas(os) do Cpers também conta com atrações artísticas. Na primeira noite, música, poesia e dança estavam entre os momentos culturais. No encerramento, 11 grupos de dança formados por aposentadas e aposentados dos núcleos do Cpers se apresentam no Desafio de Danças Internacionais.
Confira a carta na íntegra
CARTA DO V ENCONTRO ESTADUAL DE APOSENTADAS(OS) DO CPERS
Sr. Governador Eduardo Leite e Deputados e Deputadas da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul,
Nós, professoras(es) e funcionárias(os) aposentadas(os) das escolas estaduais do Rio Grande do Sul, representadas(os) aqui pelos mais de 400 participantes do V Encontro Estadual de Aposentadas(os) do CPERS, realizado nos dias 05 e 06 de março de 2024, no Centro de Eventos de Nova Petrópolis, dirigimo-nos a Vossas Excelências com profundo pesar e urgência.
Em primeiro lugar, demandamos o fim do confisco das vantagens adquiridas da parcela de irredutibilidade, que não seja absorvida para o pagamento do Piso. É inadmissível que, após uma vida dedicada à educação, nos deparemos com a perda do que foi conquistado com tanto esforço e dedicação ao ensino de milhares de gaúchos e gaúchas.
Exigimos também a inclusão das(os) educadoras(es) aposentadas(os) sem paridade no reajuste do Piso. Somos parte integrante e imprescindível do sistema educacional do Rio Grande do Sul e merecemos ter nossos direitos reconhecidos e respeitados.
Fim do crime de assédio moral sobre as aposentadas(os) que padecem com a retirada de direitos e o fim do desconto previdenciário que massacra essas(es) profissionais no momento em que mais precisam.
O governador Eduardo Leite é responsável pelo crime que vem cometendo contra as(os) aposentadas(os) na usurpação dos seus proventos.
É obrigação do governo do Estado qualificar os atendimentos e ampliar o número de médicos que atendem pelo IPE Saúde, tanto na capital como no interior, bem como abrir uma auditoria/inspeção do Ministério Público nas contas do Instituto. Não é possível que, após o aumento das cotas de participação, os serviços do IPE Saúde estejam cada vez mais precarizados.
Por fim, reforçamos veementemente que, para uma valorização efetiva, é imprescindível um reajuste linear para todas(os) as(os) profissionais da educação pública estadual, da ativa e aposentadas(os). É inaceitável que a desigualdade e a injustiça persistam em nosso sistema educacional, arruinando os esforços e comprometendo o futuro de nossas(os) educadoras(es) e, consequentemente, de estudantes. Exigimos também uma auditoria/inspeção pelo Ministério Público das contas do IPE Previdência.
Diante da situação de miserabilidade e adoecimento enfrentada pelas(os) educadoras(es) gaúchas(os) aposentadas(os), é crucial o fim do etarismo perpetrado pelo governador Eduardo Leite e sua base aliada na Assembleia Legislativa, respeitando assim o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003, artigos 2º, 3º, 4º, 9º, 29º e 112º).
Urge que nossas cobranças sejam atendidas e que medidas concretas sejam tomadas para garantir a justiça e a dignidade às(aos) profissionais que dedicaram suas vidas ao ensino em nosso estado.
Atenciosamente,
Educadoras(es) aposentadas(os) participantes do V Encontro Estadual de Aposentadas(os) do CPERS Sindicato.
Nova Petrópolis, 06 de março de 2024.
Edição: Marcelo Ferreira