A unidade faz-se presente na conjuntura difícil, em tempos de ódio, intolerância
À Luiza Maffei de Sousa e filha Zuri, acidentadas na Lomba do Pinheiro na volta para casa após a Plenária de unidade do programa de governo, e em plena recuperação.
Primeiro acontecimento
30 de janeiro de 2024, a história está sendo feita. É o dia da eleição dos Conselheiros do CMDUA, Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, também conhecido como Conselho do Plano Diretor, de Porto Alegre, na chamada RP7, bairros Partenon e Lomba do Pinheiro, zona Leste da capital gaúcha. A chapa 2, construída e apoiada pelo campo democrático-popular, é formada por três mulheres combativas, lutadoras, sonhadoras da luta comunitária: Karine Nachtigall, titular, moradora da Vila Santa Helena, parada 12 da Lomba, da Coordenação do MAB, Movimento dos Atingidos por Barragens, e militante da luta pela Defesa da Vida e Moradia; Jane Brochado, 1ª suplente, moradora da Vila São Judas Tadeu, integrante da Associação Comunitária do Bairro Partenon; Cacilda Chaves, moradora do Condomínio Minha Casa Minha Vida no Bairro Partenon.
A construção da chapa de Conselheiras-os representando Lomba do Pinheiro e Partenon para o Conselho, mais a chapa de Delegadas-os começou no início de dezembro de 2023, em sucessivas reuniões, conversas, debates, articulações entre as lideranças comunitárias dos dois bairros. Era sabido que seria uma eleição difícil, como já se tinha visto na eleição para o CMDUA em outras regiões da cidade. A prefeitura bolsonarista aposta tudo em eleger membros do CMDUA do seu campo, aliada ao poder imobiliário, aos interesses da construção civil e a outros setores conservadores. Afinal, o CMDUA não é qualquer Conselho. É onde se decide o futuro de uma cidade, onde e como vão morar os mais pobres entre os pobres, trabalhadoras-es, decide questões ambientais, e enfrenta, ou não, os grandes interesses do capital, especialmente o imobiliário e o da construção civil.
Neste contexto, as principais propostas defendidas pela Chapa 2 eram: 1. Melhoria no transporte público. 2. Não concessão do Parque da Redenção. 3. Incentivo a construções com reaproveitamento das ´águas da chuva´ e da energia solar. 4. Debate com a comunidade para estabelecer contrapartidas de novos empreendimentos na Lomba do Pinheiro. 5. Desprivatização das margens do Guaíba. 6. Projeto para desafogar a Estrada João de Oliveira Remião em direção à Restinga e Av. Bento Gonçalves. 7. Resgatar Operação urbana consorciada da Lomba do Pinheiro. 8. Criação de projeto de conservação e uso educativo/cultural/de lazer e de turismo dos morros, arroios e vertentes da região, usufruindo e conservando a natureza, ajudando a evitar catástrofes climáticas, ajudando a evitar catástrofes climáticas no planeta Terra.
A mobilização foi grande no dia 30, a partir das 17h. Grandes filas formaram-se no CPCA, Centro de Proteção da Criança e do Adolescente, parada 10 da Lomba do Pinheiro, onde acontecia a votação.
O resultado saiu depois das 20h. Houve quase mil votantes vindos de vilas populares dos dois bairros. A chapa 2 foi amplamente vitoriosa, com 536 votos, 55,60%. A chapa 3 conseguiu 318 votos, 32,99%. A chapa 1 obteve 110 votos, 11,41%, com 1 voto em branco. O total de votantes foi de 965, recorde nas duas regiões.
Escrevi mensagem para diferentes grupos, depois da empolgante vitória: “Só pra saber e entender. Nada acontece sozinho e por acaso. Na Lomba acontece sempre, com base na educação popular de Paulo Freire, FORMAÇÃO NA AÇÃO. Construído coletivamente, desde os anos 1990, há o Conselho Popular da Lomba. Desde 2017, o Núcleo de Reflexão Política, juntando todo povo de esquerda. E desde 2018, o Cursinho Popular KiLomba, pra preparar jovens da periferia pros vestibulares. Trabalho de base, sempre, formação na ação e unidade, também nas Cozinhas Comunitárias e Solidárias, é a certeza da vitória, também nas eleições de 2024. Abraços freireanos. Nas diferentes Vilas do bairro Partenon, há muitas Associações Comunitárias assim como Cozinhas Solidárias, e trabalho de base e mobilização há décadas.”
Outra mensagem, depois da vitória: “Ao cumprimentar meu vizinho da Tomás Flores, vereador Márcio Bins Ely, apoiador da chapa 3 do setor imobiliário, pelas 19h, no CPCA, eu ao lado do Felisberto Luisi, Conselheiro do CMDUA eleito pela região Centro, ele, Márcio, disse, olhando pra mim e falando pra quem estava ao redor, e informando que éramos vizinhos: “Esse cara é forte!” Respondi: “Sabes que sou da Lomba desde 1977 e continuarei sendo. Aqui nós nunca perdemos eleição, seja qual for. Dito e feito. Leiam meu artigo: A LOMBA NÃO SE ENTREGA! GRITA, RESISTE, LUTA! (Em Brasil de Fato RS, 29.12.2023).”
A luta popular, a mobilização via associações comunitárias e outros movimentos organizados, Lomba e Partenon, zona Leste da cidade, juntos, unidos, como há muito tempo fazem, comprovaram mais uma vez sua força. No Partenon, tem trabalho de base no Campo da Tuca, no Morro da Cruz, na Vila São Judas Tadeu, na Conceição, na São José, entre outras comunidades. Na Lomba acontece o mesmo, nas Vilas São Pedro, Santa Helena, Jardim Franciscano, Herdeiros, Esmeralda, Panorama, Jardim Viçosa, Nova São Carlos, Bonsucesso, MAPA, entre outras.
Segundo acontecimento
Dia 24 de janeiro de 2024, no mesmo CPCA, 19h, com centenas de participantes: ´Partidos de esquerda dialogam com a comunidade da Lomba do Pinheiro em Porto Alegre´ (em Brasil de Fato RS, 25.01.2024): “Representantes dos partidos de esquerda em Porto Alegre realizaram uma Plenária junto à comunidade da Lomba do Pinheiro para escutar demandas da população com o objetivo de unir e coletar informações para a construção de um programa de governo, visando as eleições de 2024.” Presentes, entre outras companheiras e companheiros: Deputada Maria do Rosário, pré-candidata a prefeita pelo PT, deputada Luciana Genro, pré-candidata a prefeita pelo PSOL, Tamyres Filgueira, pré-candidata a vice pelo PSOL, deputada Laura Sito, presidenta do PT POA, vereador Roberto Robaina, presidente do PSOL POA.
Não falaram só os pré-candidatos e dirigentes partidários. “Falaram os moradores da Lomba do Pinheiro sobre a situação vivida pela região ao longo dos últimos anos. Apontaram problemas como a escassez de água, o abandono da população, as dificuldades e precariedade do transporte público, especialmente após a privatização da CARRIS, onde muitos moradores do bairro trabalhavam. A falta de hospitais maternidades, postos de saúde e inclusive profissionais em unidades de saúde do bairro dificultam o acesso da população ao atendimento médico especializado.”
O programa de governo do campo popular será debatido em todas as regiões da capital gaúcha, com muita unidade na construção de um programa de governo popular e democrático, com a volta do OP, Orçamento Participativo, na capital dos FSM, Fóruns Sociais Mundiais.
A unidade faz-se presente na conjuntura difícil, em tempos de ódio, intolerância, o ultraneoliberalismo e o neofascismo ainda disputando valores e consciências na sociedade. Mas a Lomba do Pinheiro, o Partenon e Porto Alegre não se rendem. Na boa luta, ESPERANÇAR.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko