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Solidariedade feminista, Palestina Livre!

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"O número de mortos em Gaza já superou 25 mil, desses 70% são de mulheres e crianças e ao menos 61.500 foram feridas" - Foto: GETTY IMAGES
Segundo a ONU duas mães palestinas são mortas em Gaza a cada hora

Após decisão histórica da Corte Internacional de Justiça definindo que atos que “Israel” está praticando contra palestinas e palestinos ferem a Convenção para a prevenção e Repressão ao crime de genocídio e impor medidas de urgência obrigando “Israel” a não cometer ou participar de atos de genocídio, permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza e punir quem promova discursos ou atos genocidas, as práticas israelenses de apartheid, limpeza étnica e genocídio contra o povo palestino seguem em Gaza, na Cisjordânia, em Jerusalém e na Palestina histórica.

Como feminista usarei esse artigo para informar e espraiar um pouco sobre como as mulheres e meninas presas no campo de concentração de Gaza, situação que já perdura há mais de 15 anos, tem sido afetadas nesses mais de cem dias de bombardeios indiscriminados, deslocamentos forçados e bloqueio israelense a entrada de alimentos, medicamentos, água, combustível e insumos básicos. Todas essas práticas da ocupação militar ilegal israelense são parte do genocídio em curso, único a ser televisionado e transmitido ao vivo para o mundo. O número de mortos em Gaza já superou 25 mil, desses 70% são de mulheres e crianças e ao menos 61.500 foram feridas.

A Unicef divulgou que 20 mil bebês nasceram em Gaza desde outubro de 2023, isso representa um nascimento a cada dez minutos. As mulheres e bebês recém nascidos são as mais afetadas pela escassez de absorventes, medicamentos, fraldas, produtos de higiene e limpeza e água potável. Entre os alvos principais dos bombardeios israelenses estão hospitais e centros de saúde, dezenas deles foram bombardeados, a maioria está inoperante e o sistema de saúde em Gaza colapsou. A consequência disso é que milhares de mulheres estão dando a luz em meio aos escombros, nas ruas ou em unidades de saúde sobrecarregadas, em condições insalubres e milhares de partos normais e cesarianas ocorrem sem acesso a analgésicos ou anestésicos. 

Existem atualmente cerca de 60 mil mulheres grávidas em Gaza, que em meio a fome têm sido forçadas a deslocamentos por quilômetros, por mais de uma vez, visto que a ocupação sionista vai ampliando as regiões de bombardeios a cada dia. Cerca de 1,9 milhões de palestinos tiveram suas casas destruídas e foram forçados a deslocar-se, fazem parte desse número um milhão de mulheres e meninas.

Os casos de aborto espontâneo aumentaram em 300% nesses últimos 100 dias. A falta de suprimentos básicos resultou em mulheres grávidas sem chance de ter uma gravidez saudável, aumentou o risco de infecções e mortes no parto natural ou cesariana, aumento da mortalidade infantil e uma série de outros resultados mortais relacionados a saúde sexual e reprodutiva.

Há perda de peso significativa para as mulheres grávidas devido a falta de alimentos e nutrição adequada por conta do bloqueio desumano imposto pelo regime colonial israelense. Como resultado mais problemas na saúde das mulheres e também na saúde fetal e neonatal. Segundo a ONU, duas mães palestinas são mortas em Gaza a cada hora.

Apenas uma das três tubulações de água entre Gaza e “Israel” está funcionando. Os dados mais recentes da OMS indicam que, em média, existe um banheiro para cada 500 pessoas e um chuveiro para cada 2.000 pessoas, aumentando o risco de propagação de doenças. Mulheres e meninas têm que passar por períodos menstruais sem acesso a absorventes, sabonetes ou papel higiênico e sem sequer ter qualquer chance de se lavar.

Milhares de mulheres e meninas vivem essa realidade agora em Gaza. A opressão ao povo palestino chegou a um nível absolutamente inaceitável para a consciência moral da humanidade, o genocídio e as violações praticadas aos direitos humanos básicos devem encerrar para que a justiça no mundo seja restaurada. Esse é o momento das feministas no mundo todo se manifestarem em defesa das mulheres palestinas propagando campanhas de boicote a “Israel” e exigindo que todos os governos, especialmente os do ocidente e do Sul global enviem ajuda humanitária a Gaza, rompam com acordos bilaterais mantidos com o governo genocida israelense. 

Nosso esforço tem que ser ainda maior para o rompimento de relações militares, comerciais, culturais e diplomáticas que normalizam apartheid e limpeza étnica e com empresas que financiam ou lucram com o genocídio do povo palestino. Agora, que as evidências de mais de 75 anos de apartheid e das intenções genocidas do sionismo tornam-se incontestáveis para os povos no mundo todo, é hora de dar um basta no regime de colonização israelense. Exigimos punição a quem incita e comete crimes de genocídio, crimes contra a humanidade, e brevidade nas investigações da CIJ quanto ao crime de genocídio.

Todos os Estados que forneceram armas, materiais e apoio à “Israel” para ocupação militar e o genocídio devem acabar imediatamente com suas práticas de cumplicidade e ser responsabilizados por cumplicidade em crimes contra a humanidade. O apartheid deve ser completamente desmantelado, pois não basta interromper os bombardeios em Gaza,o cerco e o controle militar sobre a entrada de alimentos e todo tipo de insumos devem acabar por conta de que a população palestina presa em Gaza continuará morrendo de fome, desidratação e infecções de todo tipo caso o bloqueio desumano não encerre imediatamente.

Também a desapropriação, os deslocamentos forçados e a fragmentação sistemática do povo palestino devem encerrar definitivamente em todo o território da Palestina e os direitos humanos básicos do povo palestino devem ser respeitados, como o direito de andar livremente em suas terras, o direito de retorno dos milhões de palestinos e palestinas espalhados pelo mundo e a autodeterminação. A libertação do povo palestino somente será possível com a solidariedade internacional dos povos oprimidos.

* Claudia Santos, Frente Gaúcha de Solidariedade ao Povo Palestino.

** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko