Os equipamentos culturais são importantes tanto por seu papel histórico quanto cultural
A Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), é a maior região metropolitana da Região Sul do Brasil, que também também possui as RMs de Curitiba e Florianópolis. Somente Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, soma 1.332.570 pessoas de acordo com o Censo de 2022 (IBGE, 2022) e os 34 municípios, em conjunto, 4.018.013 hab.
No seu conjunto a RMPA cresceu em 4,5% a quantidade de habitantes, porém em Porto Alegre e outros municípios como Arroio dos Ratos, Guaíba, Novo Hamburgo, Esteio e Taquara houve decréscimo (IBGE, 2021).
Os equipamentos culturais são importantes tanto por seu papel histórico quanto cultural (no espaço urbano). A cultura pode propiciar a regeneração urbana entendida como uma forma de “devolução de vida” aos bairros, sejam históricos ou não. Na sua forma de infraestruturas de meios de produção de bens e serviços culturais são necessários para exprimir imagens/ideias na consciência coletiva ou individual, como podemos ver por exemplo em teatros centenários ou bibliotecas, os quais fornecem um significado e propósito, através de uma experiência cultural.
A oferta de expressões culturais, a insuficiência e a concentração não equânimes de equipamentos culturais afetam, em especial, a população dos municípios, o que potencializa diferenciações socioculturais. Mesmo que haja instituições que promovam atividades culturais e as financiem, nem todos os locais são providos de bens e serviços o que pode influir nas escolhas e demandas pois as distâncias entre a oferta e o local de moradia dos demandantes culturais cria a necessidade de deslocamentos, logo um recurso nem sempre disponível.
Considerando a disparidade da localização dos equipamentos culturais também ocorrem situações em alguns municípios na RMPA que não apresentam o mínimo, como bibliotecas públicas, ginásios e outros que potencializam o desenvolvimento sociocultural.
Neste sentido, a cultura e os equipamentos culturais oportunizam desenvolver estratégias e estimulam a diversificação econômica e competitiva (emprego, rendimento), promovem o desenvolvimento de parcerias (público-privadas), incentivam à participação da comunidade local, encorajam a cooperação (entre as diferentes entidades), incentivam o sentido cultural (lazeres urbanos e criativos), promovem a integração ambiental e a coesão territorial.
Dos equipamentos culturais escolhidos para análise: Bibliotecas públicas, Museus, Teatros ou salas de espetáculos, Estádios ou ginásios poliesportivos, Cinemas, Unidades de ensino superior, Shopping centers, Livrarias, Estações de rádio FM e Geradoras de TV. Comparando as informações da Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2021, com a mesma no ano de 2005 é possível evidenciar que 38% dos municípios apresentaram redução na oferta em algum destes equipamentos.
Na tabela 1 apresenta-se a distribuição dos equipamentos culturais, selecionados, na RMPA no ano de 2021, o objetivo da ilustração é visualizar em cada município da Região a existência ou ausência dos equipamentos aqui estudados.
Ao olhar a tabela chama a atenção de que dos 10 equipamentos culturais selecionados, existem municípios que só possuem dois. Porto Alegre e Novo Hamburgo são os municípios com maior quantidade, mas em contrapartida há município que sequer biblioteca pública possuem, o caso de Araricá ou mesmo Viamão sem estação de rádio FM. Cinemas, um dos equipamentos mais populares, é algo que está em extinção.
A figura 1 mostra o mapa temático de distribuição dos equipamentos culturais na RMPA no ano de 2021. A intensão é poder visualizar no espaço da Região como estão distribuídos o conjunto dos equipamentos culturais, selecionados.
Dessa maneira podemos concluir, a partir do mapa temático, além das divisões, da quantidade de equipamentos culturais selecionados, que estes formam manchas, sendo a mais clara composta pelos municípios que possuem até 4 tipos de equipamentos, a faixa intermediária inclui os municípios que possuem de 4 a 6 tipos de equipamentos e a faixa mais escura formada pelos municípios com 7 a 10 tipos de equipamentos. Além desta concentração podemos inferir que há uma disparidade entre os 34 municípios da RMPA o que induz a questões de desenvolvimento sociocultural de difícil resolução, pois há a necessidade de investimentos público e privados além de uma legislação de financiamento que atinja mais uniformemente as diferentes regiões, alterando a forma de ver a cultura, de apenas lazer para atividade necessária ao desenvolvimento pessoal.
A partir do exposto espera-se sensibilizar a comunidade, os entes do Estado e a sociedade civil organizada para juntos poder refletir e propor formas para que os equipamentos culturais possam ser melhor distribuídos na Região de forma a proporcionar melhor fruição e bem estar para a população.
* Moisés Waismann, Economista. Professor da Universidade Lasalle. Pesquisador do Observatório das Metrópoles – Núcleo Porto Alegre; Judite Sanson de Bem, Economista. Professora da Universidade Lasalle. Pesquisadora do Observatório das Metrópoles – Núcleo Porto Alegre; Rute Henrique da Silva Ferreira, Matemática. Professora da Universidade Lasalle. Pesquisadora do Observatório das Metrópoles – Núcleo Porto Alegre.
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor e das autoras não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko