Rio Grande do Sul

COMBATE À FOME

Cozinha Solidária da Azenha realiza ação em Solidariedade ao Padre Júlio Lancellotti

Ao todo, 13 cidades em nove estados participaram da ação no Dia Mundial da Não-Violência e Cultura de Paz

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Foram servidas cerca de 300 marmitas com feijoada vegana no almoço desta terça-feira (30) - Foto: Comunicação MTST

No Dia Mundial da Não-Violência e Cultura de Paz, celebrado nesta terça-feira (30), movimentos veganos e animalistas realizaram uma ação nacional em solidariedade ao Padre Júlio Lancellotti. Ao todo, 13 cidades em nove estados participaram da ação.

Em Porto Alegre o ato foi realizado em parceria com a Cozinha Solidária da Azenha, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST-RS), que serviu cerca de 300 marmitas com feijoada vegana. 

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Conforme explica a coordenadora da ação no Rio Grande do Sul pelo Movimento Veganos e Animalistas em apoio ao Padre Júlio Lancelotti, Graciela Giurni, a ideia surgiu por conta da abertura na Câmara de São Paulo da CPI para investigar ONGS que fornecem alimentos. “Principalmente em relação ao trabalho desenvolvido pelo padre Júlio Lancellotti junto às pessoas em situação de rua, adictos, desempregados, enfim, o povo que ele atende de forma tão humana e necessária”, expõe.

De acordo com Graciela, a ação foi possível através da doação de alimentos, assim como de dinheiro para compra dos mesmos e em alguns lugares também ração para os animais. Apoiadora da Cozinha Solidária da Azenha do MTST desde o surgimento da iniciativa, em 2021, ela conta que a realização da ação na capital gaúcha se deu pelo elo entre o trabalho feito pelo movimento com os do padre. 

“Nós acolhemos essa ação aqui na Cozinha por entender que é uma demonstração importante de solidariedade, com o Padre Júlio Lancellotti, frente a criminalização que a extrema direita tem desenvolvido buscando gerar dúvida sobre o trabalho maravilhoso desenvolvido por ele”, afirma o integrante da Coordenação estadual do MTST e da cozinha Solidária da Azenha, Fernando Campos Costa.

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Conforme pontua Fernando, Padre Lancelotti é uma figura que reconstrói a perspectiva de uma visão de mundo humanista, que se sensibiliza com as pessoas e acredita no ser humano. "Como Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto e da Cozinha Solidária também temos essa perspectiva e nos somamos a essa atividade. Assim como a questão do movimento contra a violência aos animais.”


Foram entregues cerca de 300 marmitas veganas / Foto: Comunicação MTST

Luta contra a violência 

“Parece que cada vez mais a extrema direita e o fascismo impõe a sua agenda, sua forma de ver o mundo, sua forma de excluir, de preconceito. É muito importante que estejamos atentos à toda e qualquer ação fascista que esteja presente. Que a gente consiga realmente mostrar que a sociedade não vai aceitar esse tipo de iniciativa. Precisamos estar organizados e trabalhando com isso. As pessoas que violentam animais também violentam pessoas. Para variar a gente também vive essa situação dos peregrinos da rua, os moradores em situação de rua também veem nos animais uma forma de se proteger da violência”, expõe.  

De acordo com Fernando, a população em situação de rua em Porto Alegre continua abandonada, sem albergue, sem ter como buscar trabalho. “A própria cozinha foi alvo de violência quando estava entregando marmitas na praça Princesa Isabel nas eleições em 2022”, conta. 

“É sempre muito lindo a gente poder fazer a diferença, pelo menos naquele momento ali de alimentação das pessoas que, se não fosse aquilo ali, não teriam o que comer no dia de hoje”, ressalta Graciela. Segundo ela, o movimento pretende fazer outras ações similares. 


O Movimento Veganos e Animalistas pretende fazer outras ações similares / Foto: Comunicação MTST

No encontro desta terça-feira, foi falado sobre veganismo, alimentação sem animais, a não violência contra os animais e sobre o Padre Júlio Lancelotti. “É muito importante essa ação de apoio por ser um trabalho que geralmente as pessoas não fazem, não olham para essas pessoas que são uma parte grande do povo do nosso país”, pontua a coordenadora. 

“Foi um dia muito bonito, de se somar, onde cantamos e celebramos a vida, a solidariedade. Falamos das iniciativas positivas, como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), essa relação com os movimentos do campo, da agricultura familiar, da agroecologia, da produção sem veneno”, acrescenta Fernando. 

Ao todo, 13 cidades em nove estados participaram da ação, com a distribuição total de aproximadamente 3 mil marmitas veganas para pessoas em situação de rua e meia tonelada de ração para animais. 

As cidades participantes da ação são: Salvador, Brasília, Distrito Federal, Goiânia, Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete, em MG; Campo Grande, João Pessoa, Olinda e Recife, São José dos Pinhais, Porto Alegre, Florianópolis, São Paulo e Peruíbe, SP.

Sobre a Cozinha da Azenha 

Localizada na Avenida Azenha, nº 608, em Porto Alegre, a Cozinha Solidária do MTST está no atual endereço há mais de dois anos. Aberta em 26 de setembro de 2021, a cozinha surgiu com o objetivo de minimizar a fome agravada pela combinação das crises econômica, política e sanitária no Brasil. 

A Cozinha da Azenha faz parte de um projeto nacional idealizado pelo MTST que visou a instalação de cozinhas solidárias em diversas regiões do país durante a pandemia da covid-19. Na capital gaúcha, iniciou suas atividades em uma ocupação. Como o imóvel pertencia à União, foi despejada em menos de um mês. No mesmo dia, a cozinha foi realocada para outro local cedido por uma moradora da região, que possibilitou o prosseguimento da preparação das refeições. Por nove meses, as marmitas foram distribuídas na Praça Princesa Isabel, também situada na Av. Azenha.

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É mantida com receitas de eventos e arrecadação de fundos organizados pelo movimento, segundo Fernando.

As marmitas têm sido servidas de segunda à sexta-feira, das 12h às 13h. O MTST estima que mais de 4,5 mil marmitas são servidas a cada mês.


Edição: Katia Marko