Rio Grande do Sul

PAPO DE SÁBADO

'A educação muda nossa vida, e nada disso é possível sem a política', afirma Niara Dy Luz

Primeira mulher trans negra a ser eleita vice-presidenta da UNE no Sul fala das lutas e direitos da população trans

Brasil de Fato | Porto Alegre |
"Na escola que a gente sabe que é diferente, ou vai aprender o que é ser uma pessoa negra, uma pessoa LGBT, o que é ser menina entre os meninos, e eu era um corpo muito feminino", afirma Niara - Foto: arquivo pessoal

“A educação tem um papel muito importante nas nossas vidas, na minha vida, se eu não estivesse estudando, tenho certeza que eu não estaria aqui, talvez eu não estaria andando na rua, talvez eu estaria esperando anoitecer para ir trabalhar, porque é onde as mulheres trans e travestis, e principalmente sendo uma menina preta, é onde nós estamos normalmente.”

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O relato é da estudante de 26 anos, Niara Dy Luz, a primeira mulher trans negra a ser eleita vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Rio Grande do Sul e diretora plena da União Estadual dos Estudantes do RS.

Criada na zona Norte de Porto Alegre, Niara teve sua vida transformada através da educação. Contrariando as estatísticas que afirmam que cerca de 70% das crianças e adolescentes transgêneros não chegam a concluir o Ensino Médio e apenas 0,02% dessa população teve acesso ao ensino superior, segundo informações da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Niara é estudante de Saúde Coletiva na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ingressou em 2021 através das cotas raciais, sendo que hoje é uma das protagonistas do movimento estudantil na universidade, lutando pela garantia dos direitos de cotistas. A primeira pessoa de sua família a entrar em uma universidade, tem sua vida marcada pela defesa da educação, iniciando sua trajetória de militância política no movimento estudantil secundarista, sendo presidenta do grêmio da sua escola.

O Brasil de Fato RS conversou com a líder estudantil sobre os avanços e rumos das políticas em prol das pessoas trans e travestis, nesse ano em que o Brasil celebra duas décadas desde 29 de janeiro de 2004, Dia da Visibilidade Trans no Brasil, quando o Ministério da Saúde lançou no Congresso Nacional a campanha Travesti e Respeito, com apoio de líderes do movimento pelos direitos de pessoas trans. 

Brasil de Fato RS - Tu poderia falar um pouco da tua trajetória pessoal enquanto uma mulher trans negra, um pouco da tua militância, como tu chegou ao cargo de vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Rio Grande do Sul.

Niara Dy Luz - Na escola que a gente sabe que é diferente, ou que a gente vai aprender o que é ser uma pessoa negra, o que é uma pessoa LGBT, o que é ser menina entre os meninos, porque os meninos podem fazer tudo e as meninas têm que ser “comportadas”. E eu era um corpo muito feminino, quando se falava nos meninos e via a Niara ali, destoava muito, porque o meu ensino fundamental todo até o oitavo ano foi um inferno, eu até tenho lembranças boas de às vezes eu estar empenhada em estudar.

Mas até o oitavo ano pra mim foi uma luta diária para resistir a agressão física, a agressão verbal, por ser humilhada por não ser máscula, de não estar conseguindo sustentar aquela identidade de gênero, porque até tu chegar neste momento em perceber que ter o gênero feminino, ser mulher ou homem é uma construção, é algo que leva muito tempo. Eu lá em 2017, quando eu estava iniciando a minha transição, eu não tinha isso na minha cabeça, foi algo que eu vim amadurecendo junto com a transição de gênero, então pra eu entender hoje foi muita luta.

Até chegar neste momento em perceber que ter o gênero feminino, ser mulher ou homem é uma construção, é algo que leva muito tempo

Sempre digo que a educação, ela tem um papel muito importante nas nossas vidas, na minha vida, eu acho que se eu não estivesse estudando, tenho certeza que eu não estaria aqui. Talvez eu não estaria andando na rua, talvez eu estaria esperando anoitecer para ir trabalhar, porque é onde as mulheres trans e travestis, e principalmente sendo uma menina preta, é onde nós estamos normalmente.

Quando a gente traz esse recorte, principalmente racial, fala muito sobre onde nossos corpos estão, aonde estão as travestis negras, senão na universidade hoje? Onde estão as travestis, mulheres trans, negras, senão numa farmácia atendendo, ou num supermercado.

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Eu trabalhei na Assembleia Legislativa como terceirizada, mas foi o primeiro emprego que eu tive depois de iniciar minha transição, isso foi em 2021, e eu iniciei minha transição lá em 2017, então fiquei um longo tempo sem emprego.

E aí fica um questionamento, como você conseguiu sobreviver? Eu já estive em tanto espaço de vulnerabilidade, que eu não gosto de me usar como um exemplo de superação, porque é uma coisa que não é um exemplo de superação, eu sou uma sobrevivente e sobrevivo até hoje.

Assim como hoje eu estou aqui representando a UNE, que é essa entidade histórica de mais de 80 anos, sendo diretora da UEE/RS também, ocupando e sentando com deputados e deputadas federais, tirando foto com ministras, estar hoje aqui ao mesmo tempo num piscar, num estalar de dedos também posso não estar. Então pra mim é importante estar dando essa entrevista também por conta disso, porque a gente cria outras narrativas, que é onde a gente pode estar.

Eu já estive em tanto espaço de vulnerabilidade, que eu não gosto de me usar como um exemplo de superação, porque é uma coisa que não é um exemplo de superação, eu sou uma sobrevivente e sobrevivo até hoje

Acho que hoje a educação cumpre muito este papel de poder ser um alicerce para estar viva mesmo, a universidade me proporciona muito isso, apesar de ainda ser um espaço bem hostil.

Eu entrei na Ufrgs no primeiro semestre de 2021, e era pandemia, então foi pra mim muito difícil, e ainda é muito difícil conseguir me apropriar daquele espaço da universidade, eu sou uma das únicas mulheres trans negras do meu curso.

E a Ufrgs tem esse tom elitista, mas eu sinto que nos últimos anos têm avançado um pensamento mais progressista, no sentido de que a gente conseguiu realizar um dos primeiros debates em defesa das cotas raciais no Brasil.

Mas o Rio Grande do Sul tem isso, ao mesmo tempo que é um estado que mais segrega, que mais tem racismo, ao mesmo tempo tem a maior concentração de resistência, porque Oliveira Silveira, que recebeu ano passado o título de Doutor Honoris Causa pela sua obra, nasceu neste estado e é uma baita influência pro movimento negro no Brasil todo, inclusive um dos idealizadores do 20 de novembro.

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Então existe muito essa resistência, e não é fácil quando a gente é a única nesse espaço também, porque ao mesmo tempo que a gente está ali resistindo, parece que a gente tem que suportar uma carga, estar sorrindo e às vezes parecer que até está tudo certo com a nossa vida acadêmica, e não estar.

Eu mesma ainda tenho uma grande dificuldade de me integrar na universidade, não por conta dos colegas, mas porque eu nunca achei que poderia entrar num lugar daqueles, entrar no ensino superior nunca foi um sonho. Eu tinha o sonho de poder ajudar a minha família, ajudar a minha mãe a pagar uma conta de luz, uma conta de água. Então é entender que a educação é importante pra pessoa que sou, mas ainda tem que estar o tempo todo me convencendo disso.

Entrar no ensino superior nunca foi um sonho. Eu tinha o sonho de poder ajudar a minha família, ajudar a minha mãe a pagar uma conta de luz, uma conta de água

Pra mim tem sido isso, essa vivência da universidade, de chegar até aqui, acho importante a gente falar sobre a nossa vida, sobre a vida das pessoas trans, nós ainda temos pouquíssimos direitos, inclusive de construir a própria identidade, porque eu ainda tenho que lutar pra, mesmo com o nome retificado há mais de seis anos, ser respeitado o meu pronome. Eu fui no Posto de Saúde há duas semanas atrás, inclusive até me questionei: “estou com uma dor no ouvido, sou estudante de Saúde e não vou no posto de saúde?” Então, fui ao Posto de Saúde. 

Quando fui chamada pelo meu nome, Niara, me dirigi até as profissionais e relatei meu problema, acho que eram duas técnicas. E aí as duas, uma no computador e a outra olhando pra minha cara, e ela olhava pra minha cara com uma carinha estranha me analisando. E eu tive que explicar minha situação três vezes pra elas, que eu estava com uma dor interna no ouvido. Elas começaram a conversar entre elas afirmando que “ele disse que é dentro do ouvido”.

Na primeira vez eu deixei passar, porque eu pensei assim, “vou agora surtar aqui e ainda perder a minha razão, passar como a que está fazendo barraco?”. Porque é isso, quando é com a gente, a gente tem que ter paciência, mas quando é com eles, eles podem ter o direito de dizer que cometeram um erro. Então temos que cuidar a forma como iremos abordar para não ser inclusive mal interpretada, porque qualquer coisa que a gente se revolte é muito pra eles. 

Na segunda vez que elas erram meu pronome eu falei assim: “olha só, os meus pronomes são ela e dela, eu só estou explicando pra vocês, porque é a segunda vez que as duas erram o meu pronome, pra que isso não se repita”. E, mesmo assim, elas erraram uma terceira vez, e aí eu já estava incomodada querendo ir embora.

No Brasil a população que menos acessa aos serviços de saúde é a população LGBT, muitas vezes falta capacitação dos profissionais de Saúde para atender este público

É por esse tipo de situação que no Brasil a população que menos acessa aos serviços de saúde é a população LGBT, muitas vezes falta capacitação dos profissionais de Saúde para atender este público.

Então já foi um esforço que eu fiz de ir num posto de saúde, já com esse receio de não ser bem tratada, de as pessoas olharem com um olhar às vezes de desdém mesmo, como se eu fosse uma coitadinha. Eu não quero ser vista como coitada, eu quero ser atendida, e não ter que ouvir o pronome errado, ter que ficar corrigindo. Ainda é um grande esforço que nós temos que fazer para ser respeitada a nossa própria identidade. 

BdFRS - É justamente essa pergunta que eu ia fazer agora. Cerca de 70% das crianças e adolescentes transgêneros não chegam a concluir o Ensino Médio e apenas 0,02% dessa população teve acesso ao ensino superior, segundo informações da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Por isso te pergunto, por que você escolheu cursar Saúde Coletiva? O que te motivou? E não só isso, quando tu falas que esse lugar não é um lugar pra ti, mas ao mesmo tempo quando tu vai procurar um atendimento, você se coloca nesse lugar de profissional da Saúde. Então como está sendo essa construção profissional? 

Niara - Quando eu fiz a minha inscrição o nome do curso Saúde Coletiva me chamou atenção, indaguei: “mas afinal de contas o que é Saúde Coletiva?”. Eu sempre fui muito boa sendo essa pessoa que representa uma entidade que fala sobre educação, sendo a mediadora das coisas, sempre adorei muito.

A saúde coletiva é muito sobre isso, tu pode ser a mediadora entre os serviços públicos e os pacientes, uma pegada social de ver a saúde não apenas como uma coisa de um modelo biomédico, que é aquela coisa justamente que essas duas técnicas fizeram comigo. É sobre acolhimento, das pessoas poderem procurar um serviço de saúde e serem bem atendidas, acolhidas. Este profissional deve respeitar os saberes populares para promover a saúde de uma forma plena para sociedade.

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Quando eu aprendi isso, percebi que consigo muito bem me encaixar e trabalhar com isso, porque na verdade a minha transição de gênero veio sempre com um próprio negligenciamento meu da minha própria saúde por não estar sendo bem atendida nesses espaços, por não ter ninguém que pesquise como que vai ser o processo de hormonização pras mulheres trans e travestis.

Hoje não existe um hormônio específico pra isso, qualquer hormônio que tu vai fazer a terapia, ele não foi pensado pra corpos trans, então isso é algo que prejudica a saúde também.

Como que a gente consegue pautar isso e onde que iremos pautar? Então a escolha pela Saúde Coletiva se deu nesse sentido de querer ser esse ator social também dentro da saúde, que eu acho que é muito importante, não só para a população trans, mas para população negra, pobre, que hoje é quem mais precisa dos serviços públicos.

A Saúde Coletiva tem a ver com saneamento básico, com a alimentação de qualidade. Isso precisa ser discutido, precisa ser explanado pra fora, esse é o grande desafio da saúde coletiva, das sanitaristas. 

BdFRS -  Outra questão que você abordou foi a respeito do nome social. A Carteira de Nome Social - CNS (Decreto nº 49.122, de 17 de maio de 2012) foi instituída para travestis e transexuais no estado do Rio Grande do Sul para o exercício dos direitos previstos (Decreto nº 48.118, de 27 de junho de 2011) e é válida para tratamento nominal nos órgãos e entidades do Poder Executivo do RS. E no ano passado o Ministério da Gestão e Inovação decidiu manter separados os campos “nome de registro” e “nome social” na nova CIN (Carteira de Identificação Nacional). Também permanecerá o campo “sexo”, que refere-se ao sexo biológico. Como você avalia essa determinação? 

Niara  - Eu acho que isso é adoecedor, é muito adoecedor, é uma transfobia institucionalizada. Poderia ser apenas um campo gênero, conforme a pessoa se identifica. Os profissionais ainda precisam ter uma capacitação para chamar pelo nome social. Mas isso é uma violência absurda, é novamente a gente lutando pelo básico, que é o direito à identidade, a formar sua própria identidade, ter a sua emancipação mesmo de poder ser quem tu é.

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E pra mim representa eu ter uma posição crítica, principalmente enquanto representação da UNE. Nós elegemos um governo, eu votei no Lula, para que pudéssemos ter um diálogo maior com o poder público, mas ainda é um governo em disputa que precisa voltar a ser repensado, pois o discurso tem que estar alinhado com a prática, ou o governo federal começa a ouvir os movimentos sociais, ou a gente vai ter que cada vez mais se mobilizar. Porque a mobilização nas ruas, elas dão um bom sinal do que o povo está almejando.

A luta pelo nome social é uma luta histórica do movimento LGBTQIA+, e aí agora vem essa atualização deste documento de identificação que não respeita nossas identidades. Eu sou retificada no nome civil há anos, não teria nenhum problema, só não sei até que ponto, nada está garantido pra gente.

A luta pelo nome social é uma luta histórica do movimento LGBTQIA+, e aí agora vem essa atualização deste documento de identificação que não respeita nossas identidades

Muitos jovens trans estão em busca disso, e às vezes a sua família é contra, e isso cada vez fomenta mais essa ideia de que é só uma fase, de que tu não precisa mudar o teu nome, ainda mais com o documento que te identifica com o sexo que você não se identifica.

Eu demorei dois anos pra conseguir registrar meu nome, hoje me parece que está menos burocrático, mas ter o nome social não te dá garantias que vão te chamar por esse nome. Este é um debate que às vezes está apenas numa bolha do movimento LGBTQIA+, não é um debate que a sociedade como um todo tem para si.

E com essa carteira de identidade nacional parece que a gente dá uns passos atrás em algo que a gente estava avançando, eu sinceramente espero que isso seja revogado, porque é inadmissível que a gente ainda tenha que estar falando coisas que são óbvias.

BdFRS - Falando em disputa, vou entrar numa outra questão, que é a questão das inúmeras violências que sofre a população LGBTQIA+. De acordo com levantamento realizado pelo Grupo Gay Bahia (GGB), a Organização Não Governamental (ONG) LGBT mais antiga da América Latina, o Brasil registrou 257 mortes violentas de pessoas LGBQIA+ em 2023. Quais são as ferramentas e ações que podem ser tomadas, o que a UNE faz para tentar reverter essa situação? 

Niara - O Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo todo, e aí quando a gente amplia para o restante da sigla, a gente vê que quase dobra esse número, no ranking ele está no topo. A gente tem registros de mortes muito brutais, uma desumanização do nosso corpo que é absurda.

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Eu tive até crises de pânico no início da minha transição, eu não saía pra rua, eu ficava muito nervosa das pessoas ficarem me olhando, as pessoas olharem sem escrúpulo nenhum, de uma forma para te constranger, se sentir superior. Isso é muito adoecedor.

Eu já fiz vários Boletins de Ocorrências por conta das violências que sofri, carrego cicatrizes no meu corpo. Precisamos falar sobre os transfeminicídios, pois quando a gente fala feminicídio não temos os dados das mulheres trans que são assassinadas, precisamos amadurecer também no movimento LGBTQIA+ o termo transfeminicídio, pra gente conseguir registrar porque a gente precisa ter os dados corretos. 

Eu tive até crises de pânico no início da minha transição, eu não saía pra rua, eu ficava muito nervosa das pessoas me olharem sem escrúpulo nenhum, se sentir superior, isso é muito adoecedor

Os caras acham que servimos para atender os desejos deles e quando não atendemos isso somos assassinadas. Isso tudo é um fetiche, porque o Brasil é o país que mais mata trans e travestis, mas também é o país que mais consome pornografia trans no mundo todo. Às vezes esses transfeminicídios acontecem porque os caras não conseguem aceitar que sentem desejo pelas mulheres trans e travestis. 

Em 2018 quando eu fui morar numa ocupação, que daí eu fui morar sozinha, acho que o pior momento da minha vida foi esse, quando eu pensei assim: já que eu sou isso mesmo, já que é assim que estão me tratando, então vou ganhar dinheiro com isso. E foi num momento que eu desliguei todas as minhas conexões afetivas que eu tinha, ainda hoje é algo que tenho que trabalhar muito, psicólogo com certeza, pra gente poder nos humanizar. 

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Hoje eu tenho uma reconstrução dessa relação com minha mãe, inclusive afetiva, ainda é muito difícil eu falar pra minha mãe que eu amo ela, por mais que eu ame ela. O que está nos deixando doentes é a sociedade. Nos deixa doentes que faz com que adolescentes vão procurar seu sustento nas ruas, pois faz com que pais e mães expulsem crianças de casa. Esses dias encontrei uma menina de 13 anos que foi expulsa da casa dos pais por ser trans. Olha o nível de crueldade, como que tu expulsa um filho, uma filha, de 13 anos de casa e deixa a mercê na rua?

Esses dias encontrei uma menina de 13 anos que foi expulsa da casa dos pais por ser trans. Olha o nível de crueldade, como que tu expulsa um filho, uma filha, de 13 anos de casa e deixa a mercê na rua?

BdFRS - E pra gente encerrar tu tem alguma mensagem final? 

Niara - Pra encerrar, eu quero dizer que a gente deve comemorar e celebrar as nossas potências enquanto estamos vivas, não adianta a gente querer reivindicar, querer zelar, querer fazer depoimento, textinhos nas redes sociais, depois que estivermos mortas.

A educação muda nossa vida, ela pode mudar nossa vida, e nada disso é possível sem a política

E pra juventude, dizer que a educação muda nossa vida, ela pode mudar nossa vida, e nada disso é possível sem a política. A política é chata, ela é feita por pessoas que não necessitam dos mesmos serviços que nós, mas se a gente não estiver lá, as coisas não mudam.

O recado para 2024, diante das eleições, que venham pessoas que estão dispostas a trabalhar mesmo pelo nosso povo, que está precisando, e a gente tem todo um potencial, tem a faca e o queijo na mão, é só a gente querer fazer agora. 


Edição: Katia Marko