Depois de liberado pelo Instituto Médico Legal, no final da manhã desta quinta-feira (25), o corpo da estudante de Arquitetura Sarah Silva Domingues foi levado para o salão nobre da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), numa cerimônia organizada pelo Diretório Acadêmico (DAFA).
Liderança do movimento estudantil, Sarah foi homenageada durante duas horas por seus colegas ao som de gritos de protestos e palavras de ordem que diziam 'Sarah Presente!'
:: Assassinato da estudante Sarah Domingues causa comoção e pedido por justiça ::
O coordenador geral do Diretório Central Estudantil (DCE) da Ufrgs, Everaldo de Oliveira, relata que o estudo que Sarah estava prestes a concluir tinha a Ilha das Flores como foco. O objetivo era pesquisar maneiras de aprimorar a infraestrutura da localidade e das casas, atingidas regularmente por enchentes.
“Ela podia ter apenas tirado as fotos e ido embora, mas quis conversar com os moradores, pois queria saber se eles estavam bem após o temporal. Ela queria melhorar a vida daquelas pessoas. Foi alguém que dedicou a vida inteira para mudar o sistema”, disse.
Durante a tarde o corpo de Sarah foi transladado para o bairro de Campo Limpo, em São Paulo, onde será enterrado nesta sexta-feira (26) pelos seus familiares. Para arcar com os custos de translado do corpo está sendo pedido apoio financeiro nas redes sociais.
A estudante de Arquitetura Sarah Silva Domingues, de 28 anos, foi morta a tiros enquanto realizava pesquisas para seu trabalho de conclusão de curso na Ilha das Flores, em Porto Alegre.
A estudante recebeu a saraivada de balas na frente de um pequeno mercado onde também foi morto o proprietário, Valdir dos Santos Pereira, de 53 anos. Ela foi assassinada na terça-feira (23) e na quarta-feira (24) os estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul realizaram um ato em sua memória.
Diversas notas foram divulgadas lamentando a morte prematura e destacando sua atuação política. Os textos prestam condolências a familiares e amigos da vítima, solicitando também a apuração dos fatos e a punição dos responsáveis.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que "está empenhada em investigar o caso". A corporação afirma que o homem morto no mesmo ataque que vitimou Sarah "tinha antecedentes policiais por porte de arma de fogo e ameaça" e "seria o alvo". O inquérito é de responsabilidade da 2ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa da Capital.
Sarah era militante e dirigente da União da Juventude Rebelião (UJR), sendo uma das principais lideranças estudantis de Porto Alegre. Ela também foi coordenadora do Movimento Correnteza, diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Diretório Central dos Estudantes da Ufrgs, do Diretório Acadêmico da Arquitetura e membro do Conselho Universitário da Ufrgs. Também foi coordenadora da Casa de Referência Mulheres Mirabal, "dedicando sua vida a salvar a vida de outras mulheres e crianças", conforme ressalta a nota da Mirabal.
Edição: Katia Marko