Rio Grande do Sul

LUTA POR DIREITOS

Ato público na Capital pede 'Reestatização da CEEE Equatorial, água e luz para todo cidadão!'

Centrais sindicais também se manifestaram em apoio à greve geral dos trabalhadores na Argentina

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Ato faz parte de inúmeros protestos que vem acontecendo na capital gaúcha - Foto: Jorge Leão

Representantes de centrais sindicais, sindicatos, movimentos populares, sociedade civil e parlamentares gaúchos realizaram um ato público, no final da tarde desta quarta-feira (24), em Porto Alegre, clamando pela Reestatização da CEEE, água e luz para todo cidadão.

Com faixas, cartazes e tambores, a manifestação, organizada pela Frente de Servidores Públicos do Rio Grande do Sul, faz parte de inúmeros protestos que vêm acontecendo na capital gaúcha desde a semana passada, após o temporal que deixou milhares de pessoas sem água e luz. 

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“Para ter água, luz, para ter direito e ter voz, o Estado precisa garantir o direito à água, luz, saneamento. Por isso estamos na rua protestando assim como aconteceu em dezenas de manifestações em toda cidade de Porto Alegre”, afirmou o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Justiça Federal do RS Marcelo Carlini. 

Desde a semana passada, inúmeros pontos da Capital e região metropolitana registraram protestos de moradores. Conforme a Brigada Militar, até o final da manhã desta segunda (22), 126 protestos em razão da falta de luz e água já haviam sido registrados em Porto Alegre.

O ato teve início em frente ao Palácio Piratini, seguindo em marcha até o Paço Municipal, onde foi encerrado. Durante a concentração e o trajeto da caminhada, os manifestantes  denunciaram o descaso do governo estadual e municipal e as consequências das privatizações. 


Conforme a Brigada Militar, até o final da manhã desta segunda (22), 126 protestos em razão da falta de luz e água já haviam sido registrados em Porto Alegre / Foto: Jorge Leão

“Exigimos respeito à população e precisamos de serviço público de qualidade. A RGE e a Equatorial apresentam um péssimo trabalho e nós não queremos que elas continuem”, destacou a presidenta do Cpers, Helenir Aguiar Schürer. 

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A dirigente lembrou que quando a CEEE era pública, em 2016, quando houve temporal, o máximo que a população ficou sem luz foram dois dias, com a empresa privatizada tem pessoas que estão há mais de uma semana em Porto Alegre. 

O presidente do Sindicaixa, Érico Corrêa, lembrou que a privatização da CEEE aconteceu em 2021, no governo de Eduardo Leite (PSDB), com o voto favorável de Sebastião Melo (MDB), quando era deputado estadual. Também ressaltou a atuação da CEEE Equatorial. “A Equatorial não se responsabiliza sequer pela isenção das tarifas. Ela continua cobrando de quem ela não entrega o serviço.”

Por sua vez o presidente do Sindicato dos Eletricitários do RS (Senergisul), Antonio Jailson da Silva Silveira, ressaltou que a categoria vem alertando sobre os prejuízos causados pela privatização da CEEE.

“É bizarro o que está aconteceu na Equatorial. Dois anos desde a privatização após o desligamento de mil trabalhadores altamente capacitados. Estamos alertando a sociedade dos problemas que isso irá ocasionar, falta de energia, falta de qualificação dos empregados.” De acordo com ele, atualmente 100% das atividades técnicas da Equatorial são terceirizadas e de forma precária. 

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“Trabalhadores estão morrendo. Em 2023 a Equatorial foi a empresa que mais teve trabalhadores que morreram em suas atividades. Trabalhadores estão morrendo sem ter formação.” Dois funcionários foram a óbito ano passado. 


Em ato manifestantes pediram a reestatização da CEEE / Foto: Jorge Leão

Representantes de comunidades afetadas pela falta de energia em Porto Alegre deram relatos das consequências do desabastecimento. “Com esse temporal as pessoas ficaram lá com suas casas alagadas, destelhadas, com suas coisas estragando no refrigerador, eletrodoméstico estragando. Crianças especiais com pais desesperados com seus remédios estragando. Quem vai se responsabilizar por todo esse prejuízo? A comunidade tem que sair para rua sempre reivindicando nossos direitos”, relatou uma moradora da Vila Farrapos.

Para os manifestantes diante dos eventos climáticos é preciso que haja suporte, investimento e reestatização da CEEE para voltar a ter luz, água, assim como barrar a tentativa da privatização do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE). 

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Em sua intervenção, a deputada federal Reginete Bispo (PT) comentou que esteve em reunião de parlamentares com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta terça (23). “Pedi que sejam rigorosos na investigação e punição para a CEEE e a RGE”, afirmou.

Em boletim divulgado nesta quarta-feira (24), às 12h, o governo do Rio Grande do Sul afirmou que as empresas de água, luz e telefonia do estado tiveram seus serviços normalizados e que continuam atendendo apenas casos pontuais

Apoio à classe trabalhadora da Argentina 

Também nesta quarta-feira (24), dirigentes das centrais sindicais e diversos manifestantes foram para a frente do Consulado Geral da Argentina, em Porto Alegre, para apoiar a greve geral que ocorre ao mesmo tempo no país vizinho contra a política do governo de Javier Milei.


Ato em apoio à greve geral na Argentina / Foto: CUT/RS

“Um pouco mais de um mês do novo presidente eleito, o que se apresenta é uma catástrofe. Uma tentativa de governar por decreto. As lideranças do Mercosul estão juntas para defender a democracia na Argentina. Por isso estamos na frente do Consulado”, destacou o secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT Nacional e secretário-geral das centrais sindicais do Mercosul, Quintino Severo. 

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Conforme ressaltou o  presidente em exercício da CUT-RS, Everton Gimenis, a luta da classe trabalhadora também é internacional. “O ataque que sofremos é coordenado internacionalmente, ataque aos direitos previdenciários e trabalhistas a gente vê no mundo todo. E nos últimos tempos temos um ataque maior, que é o crescimento do fascismo no mundo. Nós passamos por isso por 4 anos e agora quem sofre é o povo argentino com a tentativa de retirada de direitos trabalhistas, sociais, previdenciários, direito das organizações e o direito do povo de reclamar”, afirmou.

Também estiveram presentes e falaram em apoio à paralisação nacional argentina os diretores estaduais da CUT, Marcelo Carlini, Eliandra Koch, Antônio Guntzel, Maria Helena Oliveira e Júlio Jecien, além de representantes da CTB, Intersindical e do Fórum.

* Com informações da CUT-RS.


Edição: Katia Marko