O corpo dança, balança, se expressa, se movimenta. Pula, rebola, acena, sorri, aproxima e afasta
O corpo é célula, é tecido, é órgão, é anatômico, é fisiológico, é bioquímico, é psicossomático e psíquico também.
O corpo é olhado, é julgado, é regulado, é apontado, é discriminado, é normalizado e muitas vezes subjugado ao que o mundo espera dele. É dominado, domado, controlado.
O corpo também é feito de palavras, de apontamentos e conexões. É nomeado, descrito, interpretado e falado.
O corpo é avaliado, é um bom corpo, é um mal corpo, é apenas um corpo, é um corpo operado, é um corpo padrão, é um corpo desejado ou rejeitado.
O corpo também é prisão. Ele adoece, limita, paralisa. Em silêncio que luta contra a invasão. O corpo queima em febre, reage, perde, desiste e corporifica o fim.
O corpo também grita, treme, explode, queima, se agita, agride e é agredido. O corpo também conta sua história através de lágrimas, tremores e hematomas.
O corpo fica sem ar, palpita, parece que vai explodir. O corpo desmaia, apaga. O corpo trai a mente iludida que tudo está sob controle.
O corpo é caos, é desordem, é descontrole, é subversão. O corpo falseia, tropeça, perde as forças, fratura, rompe, rasga e sangra.
O corpo tem fome, sede, sono e tesão. O corpo também se excita, se aquece, transpira, acelera, deseja, goza.
O corpo dança, balança, se expressa, se movimenta. Pula, rebola, acena, sorri, aproxima e afasta.
O corpo é inquieto e inquietante, tem ânsia e angústia também. O corpo sempre quer mais, sempre quer menos, sempre quer.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko