O dia 21 de janeiro marca, no Brasil, o Dia Nacional de Luta Contra a Intolerância Religiosa e Defesa do Estado Laico, data oficializada em 2007 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo considerando o reconhecimento uma importante vitória, líderes religiosos, ativistas e adeptos de diversos segmentos religiosos irão às ruas da capital gaúcha em um ato contra o preconceito e a discriminação religiosa.
Com o tema central "Paz e Justiça na Terra", a XVI Marcha Estadual pela Vida e Liberdade Religiosa ocorre na próxima segunda-feira (22), com concentração em frente ao Palácio Piratini a partir das 16h.
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"Marcha pela vida porque as pessoas morrem pelo racismo religioso, por conta da ação do racismo religioso. E pela liberdade religiosa porque é a prática de matriz africana que é condenada pela sociedade racista e neopentecostal. Este ato se justifica por conta do crescimento do racismo religioso após a era Bolsonaro, cresceu o ódio, parece que se voltou ali quase que no tempo das inquisições, a Brigada Militar voltou a abordar os terreiros e ameaça a prender os tambores", afirma o babalorixá no Ilê Asé Iyemonjá Omi Olodô e coordenador nacional da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), Baba Diba de Iyemonjà.
Para o religioso, em diversas regiões brasileiras o ódio tem sido incitado contra os adeptos do Candomblé, Umbanda, Quimbanda e, aqui no Rio Grande do Sul, o Batuque. "Nós precisamos denunciar isso e pensar estratégias para combater esse racismo religioso. O tema da marcha deste ano vai ser a paz mundial, pois a guerra que acontece hoje na Faixa de Gaza, no Oriente Médio, ela se justifica por conta do racismo religioso, por conta da intolerância religiosa, porque as pessoas tentam colocar suas verdades existenciais como absolutas", comenta o babalorixá.
Organizada por uma Comissão inter-religiosa e multi-institucional, a marcha será precedida pelo "Seminário Desafios Globais: Construindo Pontes para a Paz e Justiça na Terra", uma iniciativa que visa abordar os conflitos armados que assolam a Palestina, África e Europa. Especialistas sobre a temática e painelistas compartilharão insights sobre os desafios enfrentados nessas regiões e explorarão maneiras de construir pontes para a paz e justiça.
"O mundo está doente graças ao ódio religioso, então, por isso a marcha se justifica, nós vamos falar muito da paz mundial, nós vamos falar muito de variações climáticas, porque para nós o nosso Orixá é o tempo e todas as nossas ações influem no clima do nosso planeta, da nossa Mãe Terra, porque é dele que a vida brota, é dele que vem a água, é dele que vem a nossa existência", pontua Baba Diba de Iyemonjà.
O seminário terá início às 14h no Espaço Convergência da Assembleia Legislativa do estado. A Marcha começará às 17h e percorrerá as principais ruas do Centro Histórico de Porto Alegre, culminando em um ato simbólico de solidariedade e compromisso com a promoção da paz e justiça global no Gasômetro.
Edição: Katia Marko