Com o título Sinta-se em Gaza, tem início nesta terça-feira (16), no Clube de Cultura (Ramiro Barcelos, 1.853, Porto Alegre), a exposição de charges e cartuns sobre o conflito na Faixa de Gaza e sua relação com a geopolítica internacional.
Com iniciativa do jornal Grifo e da Grafar, entidade que congrega artistas gráficos do Rio Grande do Sul, a mostra trará 50 cartuns, de 20 cartunistas. Para abrir a exposição, que segue até o dia 29 de fevereiro, haverá um debate nesta terça, às 19h.
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“É o compromisso dos grifonianos contra o genocídio em andamento e a defesa do estado palestino”, destaca o jornalista e cartunista Celso Schröder, um dos editores do Grifo sobre a exposição.
De acordo com ele, a ideia da exposição é quase que uma decorrência natural da atividade de chargista e cartunista, que é ser uma forma de crítica massiva. “Os cartuns e as charges sempre serviram para fazer criticas. No Brasil isso foi muito claro no período do Pasquim. Nós mesmos no Brasil de Fato RS chegamos a fazer um de humor. É uma tradição dos cartunistas brasileiros e particularmente é uma tradição muito forte dos cartunistas do RS que exercem essa critica de forma mais contundente.”
O cartunista pontua que a tragédia que vem acontecendo em Gaza não é de agora, e que há dois cartuns feitos pelo Edgar Vasques e pelo Santiago, do final dos anos 1990, e início dos 2000 que já mostravam a situação na região.
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“O que vem acontecendo é insuportável, imoral do ponto de vista da humanidade, e que nos motivaram a reagir a esse último ataque, esse genocídio que está acontecendo lá. Era quase uma obrigação dos cartunistas do RS de fazer essa denúncia. Ai montamos a partir do Grifo essa exposição. Pedimos e tivemos o apoio de vários cartunistas do mundo todo e que nos mandaram alguns trabalhos."
Complementando, o curador da exposição, Marco Schuster, pontua que a ideia surgiu a partir da quantidade de material recebida pelo Grifo. “Schröder, nosso editor, continuou recebendo contatos e material e acho que a exposição estava “se impondo”. Pelo alarmante número de mortos, fracasso nas negociações de paz, consequência na política internacional. A Associação Cultural José Martí garantiu apoio, assim como o Clube de Cultura, e a Fepal. A Grafar, que é a associação de artistas gráficos gaúcha, e origem do Grifo, também entrou. Lançada a ideia, que era utilizar material já publicado, muita gente mandou coisa nova”, expõe.
Cartuns como elemento de denúncia
“Essa combinação de arte, crítica ou de alguma maneira o jornalismo, porque as charges dizem respeito ao cotidiano, desenhos de humor aplicado à realidade, sempre tem uma adesão muito grande, uma compreensão imediata. E cumpre um papel obviamente de criar, produzir reflexão e respeito. O Edgar Vasques tem uma frase que gosto muito que diz, nós prometemos prazer e entregamos consciência. Ou seja, prometemos entretenimento, desfrutar o desenho, mas entregamos, na verdade, a obrigação da reflexão”, afirma Schröder.
“O prazer de ver bons cartuns e boas frases que completam as informações e opiniões que se tem sobre o tema. Ali estão informações das mortes, de custos de guerra, disputas políticas e econômicas, tem até uma poesia. A exposição é resultado da indignação e mais um argumento pelo fim da guerra”, conclui Schuster.
A exposição trará trabalhos de Alisson Affonso; Ares; Bier; Bruno Ortiz; Edgar Vasques; Fabiane Langona; Fan Lintao; Hals; Juska; Kayser; Latuff; Lu Vieira; Mate; Máucio Bonotto; Miguel Paiva; Nahid Maghsoudi; Oğuz Gürel; Santiago; Schröder; Tarso.
E tem apoio da Associação Cultural José Martí do RS, do Clube de Cultura e Fepal (Federação Árabe Palestina do Brasil).
Edição: Katia Marko