O Museu Julio de Castilhos, em Porto Alegre, está recebendo doações de acervos LGBTQIA+. A instituição tem uma campanha permanente de pedido de doações sobre essa temática. O reforço faz parte das ações da pasta no Mês da Visibilidade Trans.
De acordo com a Secretaria Estadual de Cultura (Sedac), a ação busca preencher lacunas no acervo do Museu e baseia-se na concepção de que o direito à memória deve abranger todos os públicos. De acordo com a diretora da instituição, Doris Couto, "ao convidarmos esse público a doar acervos que reconstruam a sua trajetória de luta e de identidade, contribuímos para a valorização da sua importância na história do Rio Grande do Sul".
A diretora ressalta que a iniciativa busca representar públicos normalmente invisibilizados egera memórias que, até pouco tempo atrás, eram consideradas impossíveis e que rompem com uma história focada em certos heróis e grandes guerras. "A vida e a história acontecem no cotidiano, dentro de casa, nas relações sociais, de trabalho, políticas e de poder. Assim, o ato de pautar públicos como os negros, mulheres, indígenas e pessoas LGBTQIA+ renova o discurso e a prática da instituição museológica mais antiga do estado e inspira outros museus a se tornarem mais plurais", comenta.
Doação
Podem ser doados acessórios, fotografias, roupas, objetos pessoais, documentos, entre outros itens que, na visão do doador, representem esse público e devam ter sua história contada. Quem tiver interesse em fazer doações deve enviar um e-mail para [email protected], com uma descrição e imagens do que gostaria de doar. O contato é necessário para que a equipe do Museu realize uma avaliação prévia, considerando os critérios técnicos e as limitações de espaço do local.
Após receber as peças, o Museu realizará o processo documental e a incorporação definitiva ao acervo, para uso posterior em exposições e pesquisas (internas e externas), difusão em plataforma digital e utilização em ações nas redes sociais da instituição.
Sobre a temática
A campanha teve início na Primavera dos Museus de 2023, que foi voltada à temática LGBTQIA+. Na ocasião, o Museu Julio de Castilhos promoveu um seminário tratando do assunto. Durante o evento, realizado em 21 de setembro, houve as primeiras doações da campanha: um vestido de paetês do transformista Lauro Ramalho (Laurita Leão) e 600 fotografias das Paradas Livres de Porto Alegre, do fotógrafo Walter Rosa.
O Mês da Visibilidade Trans busca sensibilizar a sociedade por mais reconhecimento das identidades trans, com o intuito de inspirar reflexões, promover mais respeito e combater a violência e os estigmas sofridos por essa população.
Com entrada gratuita, o Museu Julio de Castilhos está aberto ao público de terças a sábados, das 10h às 17h (nas quartas, fecha às 19h). Localiza-se na rua Duque de Caxias, 1.205.
*Com informações da Sedac.
Edição: Marcelo Ferreira