Instituições vinculadas à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) do Rio Grande do Sul promovem, neste mês, programação especial do Janeiro Lilas, que este ano terá como tema "Visibilidade e Dignidade Trans". Espaços culturais no interior e na Capital vão oferecer ao público oficinas, exposições, espetáculos, encontros musicais e teatrais e feiras, tudo de forma gratuita. Confira a programação no final desta matéria.
Desde 2004, com o Janeiro Lilás, o mês é dedicado ao combate à discriminação contra a população transgênero, à conscientização sobre os desafios enfrentados pelas pessoas dessa comunidade e à promoção de ações que ressaltam a importância da inclusão, do respeito às diferenças e da equidade de direitos.
Para a secretária adjunta da Cultura, Gabriella Meindrad, as ações representam uma importante oportunidade de conscientização pública sobre o tema. Ela aponta que a programação cultural promovida pela Sedac, “além de valorizar o orgulho trans, busca sensibilizar a sociedade sobre o cotidiano de violência e de vulnerabilidade social a que essa população está submetida”.
Sobre o tema escolhido para 2024, a assessora técnica de Diversidade e Inclusão da Sedac, Rochele Lino, destaca que "a visibilidade trans é um antídoto poderoso para a ignorância e o preconceito". Ela também ressalta que, "ao compartilhar histórias de vida, desafios e sucessos, a comunidade trans educa o público, desmistificando mitos e estereótipos prejudiciais. A empatia cresce quando nos aproximamos das experiências trans, reconhecendo que, por trás de cada identidade de gênero, há uma jornada única e valiosa".
Sobre o Janeiro Lilás
O Dia Nacional da Visibilidade Trans é celebrado em 29 de janeiro. A data foi escolhida após a organização de um ato nacional, em 2004, para o lançamento da campanha "Travesti e Respeito", um marco na história do movimento contra a transfobia e na luta pelos direitos da comunidade trans. Desde então, durante o mês de janeiro, associações, instituições e coletivos diversos se engajam na celebração e na reafirmação da importância da luta pelos direitos das pessoas trans.
A busca pela visibilidade e dignidade trans é uma jornada contínua e diária, marcada por desafios que envolvem garantir que todos os indivíduos, independentemente de sua identidade de gênero, tenham o direito fundamental de viver uma vida plena e autêntica. Isso inclui o direito à expressão de gênero, ao acesso à saúde, à educação, à cultura, ao emprego e à participação em todas as esferas da sociedade, sem medo de discriminação ou marginalização.
Programação da Sedac para o Janeiro Lilás
Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ)
• Exposição “Por toda parte a ausência das mãos de Ítalo”
O projeto, de Alec Lisboa, fica exposto na sala Radamés Gnatalli (4º andar), e os textos que o compõem também estarão disponíveis para retirada do público em caixas de correio espalhadas pela Casa. A mostra consiste em uma série de cartas da personagem Júlia dirigidas a seu irmão mais velho, Ítalo, que saiu de casa ao se assumir transgênero e não mantém contato com ela há sete anos. Com uma narrativa sensível, Júlia expõe ao irmão como sua ausência é sentida diariamente nos gestos dos pais, no silêncio que ronda seu nome e na atmosfera da casa. Falar sobre essa ausência é a maneira de trazê-lo para junto de si.
Data: até 11/02
Local: Sala Radamés Gnatalli, no 4º andar
• Exposição “Visionar o futuro é a única forma de criá-lo”
A mostra reúne trabalhos de Kaindé Kainã Arvoredo, Christopher Akin Lemos, Loba, Sue Gonçalves, Vicente Lara, Zaire Rodrigues, Gabz 404 e Morgan Lemes. É o resultado da residência artística realizada na CCMQ e conduzida por Gabz 404 e Morgan Lemes, artistas idealizadores do projeto. O projeto reuniu pessoas trans, que foram estimuladas ao exercício de imaginação radical para criar futuros livres de sistemas cisnormativos e de uma narrativa de violência, que é normalmente entendida como a única para essas identidades. A partir dos encontros, o grupo construiu coletivamente a exposição apresentada ao público.
Data: até 31/01
Local: Fotogaleria Virgílio Calegari, no 7º andar
No dia 31/01, às 18h, haverá um evento de encerramento, com realização de performance artística.
• Oficina de escrita criativa com sarau
Ação educativa ministrada por Alec Lisboa, como parte da exposição “Por toda parte a ausência das mãos de Ítalo”.
Data: 27/01
Horário: 15h
Local: CDE ou Sala Sérgio Napp 2 (a definir)
Após a oficina, ocorrerá um sarau no Quintanas Bar (mezanino) ou no Jardim Lutzenberger (5º andar)
• Encontro aberto “Finalização da Chamada Trans”
Roda de conversa de encerramento da chamada trans, com artistas que passaram na chamada, em diálogo com o convidado externo Ian Habib, artista e fundador do Museu Transgênero de História da Arte (Mutha). A mediação será de Gustavo Deon e Lael Peters.
Data: 31/01
Horário: 19h
Local: Auditório Luís Cosme, no 4º andar
• IV Feira da Visibilidade Trans
A feira teve todas as suas edições, até o momento, realizadas na CCMQ. Feita de forma independente, por coletivos de artistas trans, a produção é renovada a cada edição.
Data: 10/02
Horário: Das 13h às 19h
Local: Travessa Rua dos Cataventos
• Espetáculo “Corpo Casulo” (a confirmar)
De Gustavo Deon
Data: 04/02
Instituto Estadual De Artes Cênicas (Ieacen)
Postagem na página @ieacenrs, no Instagram, de vídeos e fotos dos espetáculos que tiveram artistas e temáticas trans e fizeram parte do edital Atos e Cenas.
• Espetáculo “Corpo Casulo”, de Bom Princípio
Um corpo inicia um processo de metamorfose – tece seu próprio casulo e se desprende do que não lhe cabe mais. Se refaz e se redescobre. Um corpo contador de histórias; histórias de quem veio antes, de si e de muitos outros, entrelaçadas pela vivência da transgeneridade. Um corpo que para tecer novos futuros, revive a infância, os questionamentos, as dores e os anseios de habitar um lugar de quem não é bem-vindo, expondo as teias da violência no país que mais mata pessoas trans no mundo. Um corpo que carrega sonhos autênticos e desejos leais e que se encanta a cada nova transformação de si. Um corpo história. Um corpo com orgulho. Um corpo vivo. Corpo casulo.
Data: 15/01
• Espetáculo “Memórias de Uma Diva”, de Santiago
Laysa conta a história de sucesso, sofrimento e traumas de uma mulher transexual. Esse é o ponto de partida do monólogo escrito e estrelado pela atriz santiaguense Lohana Valentini. A temática transexual norteia a peça, que conta a história de Laysa Taylor: uma mulher trans e performer de muito sucesso, mas que guarda muitos traumas e histórias do passado. No seu camarim, após o seu show, ela divide com o público as suas memórias, em uma narrativa cheia de nuances entre o drama e a comédia.
Data: 29/01
Instituto Estadual De Música (IEM)
• “1ª Tertúlia Musical Trans”
Rodas de Conversa “ColetivoTransantropolog urbano”, com Atena Beauvoir
Datas: 16 e 17/01
Horário: 19h
Local: Auditório Luís Cosme, no 4º andar da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ)
• Trans HQ e Pocket Shows
Datas: 20 e 21/01
Horário: 19h
Local: Auditório Luís Cosme e Travessa Rua dos Cataventos, na CCMQ
• Audições Comentadas e Oficinas
Datas: 23 e 24/01
Horário: 17h
Local: Discoteca Natho Henn
• Espetáculo Grave87
Datas: 27 e 28/01
Horário: 19h
Local: Auditório Luís Cosme, no 4º andar da CCMQ
Museu De Arte Do Rio Grande Do Sul (Margs)
• Playlist “Janeiro Lilás”
Para o Janeiro Lilás de 2024, o Margs destaca o compromisso contínuo da instituição com a diversidade e a visibilidade trans no cenário artístico. Assim, neste ano, o Museu planeja expandir a playlist “Janeiro Lilás”, disponibilizada no YouTube, focando em artistas trans que integram seu acervo, como de Elle de Bernardini e David Ceccon.
Data: 29/01
Local: Canal do youtube do Margs. Clique aqui para acessar.
Museu Julio De Castilhos
• Campanha nas redes sociais de captação de Acervo LGBTQIAPN 2024
O objetivo da campanha é buscar novos acervos LGBTQIAPN+ que contribuam para dar visibilidade a essas comunidades na sociedade, educando sobre estereótipos e discriminação e, assim, diversificando as narrativas do Museu sobre a história do povo do Rio Grande do Sul. A campanha ficará valendo durante o ano de 2024. Para doar, é necessário entrar em contato pelo e-mail [email protected]. O Museu Julio de Castilhos está aberto ao público de terça a sábado, das 10h às 17h.
Edição: Marcelo Ferreira