Rio Grande do Sul

Meio Ambiente

Cooperbio e Eletrobras concluem ações do projeto 'Alimergia Continuidade' no RS

Ações realizadas pela cooperativa da base do MPA colocam em destaque a responsabilidade socioambiental

Brasil de Fato | Seberi (RS) |
Família camponesa colhendo os frutos de sua agrofloresta em Erval Seco (RS) - Corbari

Em tempos onde a crise climática está nas principais manchetes e se convive com o desafio de construir soberania alimentar com responsabilidade socioambiental, o projeto "Alimergia Continuidade" fecha um ciclo de atividades deixando legados materiais e imateriais significativos para ambas as pautas.

A ação desenvolvida pela Cooperbio - cooperativa camponesa formada por famílias da base do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) -, com o apoio da Eletrobras, abre perspectivas para ações futuras voltadas à sustentabilidade, colocando a agroecologia como ponto focal para novos tempos.

:: Cooperativa camponesa partilha noções de educação ambiental, cooperação e cidadania com alunos ::

A iniciativa, levada a cabo nos municípios de Seberi, Erval Seco, Ametista do Sul e Iraí, região do Médio Alto Uruguai do RS, promoveu nos últimos dois anos o plantio de 20 hectares de agroflorestas. Além disso, fomentou dezenas de ações de educação ambiental - como cursos, intercâmbios e dias de campo - e, principalmente, mostrou que é possível produzir alimentos agroecológicos saudáveis ao mesmo tempo em que se preserva a natureza e se recupera áreas degradadas. 

‘‘Cada muda plantada nas unidades produtivas camponesas que participaram do projeto é um símbolo de esperança e de resistência, mostra que os pequenos agricultores e as pequenas agricultoras estão fazendo a sua parte, são verdadeiros guardiões e guardiãs da natureza’’, explica a coordenadora do projeto, Bernadete Reis.

‘‘Ao mesmo tempo muitas sementes simbólicas foram plantadas em cada momento de conversa, de troca de experiências e de aprendizado com as pessoas que aceitaram o convite para fazer parte do projeto e destinaram um trecho da sua unidade produtiva para acolher essas agroflorestas que vão permanecer para o futuro, produzindo alimentos e reproduzindo preservação’’, aponta Viviane Chiarello, responsável técnica.

‘‘Ainda temos que destacar a presença de escolas, alunos, alunas, professoras e professores que estiveram conosco no Centro Territorial de Cooperação e Educação Ambiental, conheceram o conceito Alimergia - Alimento, Meio Ambiente e Energia - e interagiram com o espaço de produção de alimentos, deixando inclusive árvores plantadas pelas próprias mãos’’, acrescenta o presidente da Cooperbio, Marcos Joni Oliveira.


Grupo participou de intercâmbio para troca de experiências e construções coletivas de saberes / Foto: Arquivo Alimergia

Mulheres e juventude

O relatório final do projeto mostra ainda o forte protagonismo das mulheres e das juventudes nos espaços produtivos camponeses e nas ações de cuidado com a natureza. Esses públicos estiveram entre as prioridades do projeto desde a sua proposição e hoje se consolidam como diretamente responsáveis pelos bons números alcançados.

Para a camponesa Eliana Lindenmayr, do município de Erval Seco, o projeto deixa como legado ‘‘a afirmação da importância da produção de alimento de forma diversificada’’. Ao lado do marido e do filho, explica que a agrofloresta exige o envolvimento de toda a família no trabalho e dá destaque especial para a importância da mulher. 

Já para o jovem Emerson Medeiros Pereira, o diferencial do projeto Alimergia Continuidade é o incentivo à nova geração camponesa. Ele, que recém concluiu o curso Superior de Tecnologia em Agropecuária na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), em Frederico Westphalen, segue trabalhando com os pais e irmãos na unidade produtiva familiar e considera a agrofloresta como uma alternativa importante para produzir alimento, preservar o meio ambiente e garantir qualidade de vida para as famílias camponesas.


A mística do plantio envolveu os participantes diretos e indiretos do projeto Alimergia / Foto: Corbari

Resultados superaram expectativas

- 20 agroflorestas implantadas dentro de unidades produtivas camponesas, sendo 10 no ano de 2022 e 10 em 2023. 

- 5 mil mudas de árvores plantadas, com destaque para espécies nativas e frutíferas.

- Mais de 260 visitas técnicas realizadas  junto aos beneficiários, compartilhando orientações e acompanhando a implantação e manejo das Agroflorestas.

- 30 atividades coletivas realizadas, entre cursos, oficinas  e intercâmbios, somando mais de 300 horas.

- 7 escolas participaram de visitas técnicas voltadas à Educação Ambiental na sede da Cooperbio, conhecendo e interagindo com duas Agroflorestas: uma em fase de  implantação e outra já consolidada.

- Mais de 900 pessoas envolvidas nas  atividades coletivas entre  agricultores e   agricultoras camponeses, estudantes, professores e gestores.

- Alguns agricultores conseguiram já no primeiro ano colocar em prática a produção consorciada de alimentos na área da agrofloresta, demonstrando na prática que é possível produzir variedade de alimentos numa mesma área.


Edição: Marcelo Ferreira