O calor de mais de 41 graus em Porto Alegre neste final de semana não impediu as ações da Jornada de Solidariedade contra a Pobreza e a Fome que aconteceu em todo o país. Diversas organizações se somaram para levar alimento a 35 comunidades vulneráveis da Capital e região metropolitana.
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A ação foi realizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o CUT com a Comunidade e o Levante Popular da Juventude, juntamente com os Comitês Populares de Luta e as Cozinhas Solidárias. Contou com o apoio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), e a presença do presidente do órgão, Edegar Pretto, que visitou algumas cozinhas solidárias e conversou com as lideranças comunitárias. Além dos alimentos para as marmitas, arroz, feijão e carne de porco, foram distribuídos mais de 7 mil kilos de leite em pó.
“Com o lema ‘Os ingredientes da paz são o pão, o amor e justiça social’, o MST se soma com as demais entidades para realizar o Natal sem Fome, Natal solidário. Essa é uma campanha de solidariedade que se estende durante o ano, mas o Natal tem essa simbologia de luta, de buscar por nossos direitos. Nós assumimos o compromisso com a cidade de seguir na luta pela produção de alimentos saudáveis como um direito de todos e todas, que o alimento chegue na nossa mesa com qualidade e que não haja mais miséria e fome no nosso país”, ressalta a secretária geral do MST-RS, Lara Rodrigues, que acompanhou algumas das atividades.
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, explica que é uma ação que pretende em torno de um prato de comida, também fazer uma reflexão de como nós necessitamos de um país com trabalho decente, com renda e com direitos.
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Segundo ele, o Projeto “CUT com a Comunidade”, que teve início na pandemia, se integra nessa rede de cozinhas que organizaram as refeições. “Elas cozinharam com a campanha que fizemos de coleta do arroz, do feijão e da carne. A Conab ajudando nesse processo, no PAA, que é esse programa de alimentos muito importante que precisa ser fortalecido no ano que vem. O que buscamos é um Brasil com direitos e um Brasil sem fome e miséria”, destacou o dirigente.
Além desses alimentos, a CUT, por meio de sindicatos parceiros, fez também a entrega de 120 cestas básicas às cozinhas que integram as ações da CUT com a Comunidade.
Programa de Aquisição de Alimentos
O presidente da Conab, Edegar Pretto, destacou que as cozinhas solidárias, agora, viraram política pública e são abastecidas com a comida do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “Nós já temos empenhados R$ 32 milhões pro PAA do RS. R$ 13 milhões são para as cozinhas solidárias. Começamos a dictribuição com o leite em pó, comprado de produtores da agricultura familiar, também com o objetivo de ajudar o setor que enfrenta uma crise”, afirma.
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Segundo a Conab, o valor destinado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) para o estado, por meio do PAA, chega a R$ 100,5 milhões, incluindo os projetos na modalidade CDS, de enfrentamento da seca que atingiu o estado nos últimos três anos e compra de leite em pó.
Mulheres a frente das cozinhas
A cozinha da Tia Bete, a cozinha da Tia Lúcia ou a cozinha da Teresinha. O que todas têm em comum é a união de mulheres para alimentar as comunidades. Nascidas na pandemia, as cozinhas solidárias produzem entre 200 e 500 marmitas por semana, cada uma, para atender uma população de milhares de pessoas nas vilas de Porto Alegre.
Letícia Fagundes, da Cozinha Solidária da Bom Jesus, conta que a igreja comunitária Nossa Senhora Aparecida que abriga a cozinha foi ocupada por um grupo de mulheres durante a pandemia. “A gente precisava de um espaço pra abrigar nossas ações. No início nós distribuíamos cestas básicas, mas pela carência da comunidade que é de mulheres e crianças, a gente sentia a necessidade de fazer o alimento, porque na pandemia as pessoas não tinham gás, não tinham emprego, e elas tinham necessidade de ser atendidas”, explica.
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“Nós reunimos forças e fomos até a igreja Perpétuo Socorro, pra disputar esse espaço, graças a Deus naquele momento de ânsia, nós encontramos uma boa pessoa, agora não sei te dizer o nome, mas foi um padre progressista que nos ajudou nos fornecendo a chave desse espaço.”
Letícia conta que de lá pra cá, eles vêm cadastrando mulheres, principalmente mães solos, e crianças. “Nós temos uma quantidade imensa de mulheres que perderam o Bolsa Família naquele momento, que perderam as suas faxinas, e estavam num estado de miséria total, sem comida mesmo, e aqui nós as acolhemos.”
Hoje já faz 3 anos que a cozinha ocupa o espaço da igreja, com distribuição semanal entre 200 e 350 marmitas. “Hoje nós temos uma rede de pessoas que nos ajudam, mas nós temos uma rede de mulheres cadastradas aqui junto conosco, e a gente vem fazendo a diferença dentro da comunidade”, reflete Letícia.
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Edição: Marcelo Ferreira