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Brasil, um luxo só!

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"A elite super-rica continua com uma visão e prática escravocrata, lixando-se para os mais pobres entre os pobres, trabalhadoras e trabalhadores" - Foto: Leonardo Melgarejo
Lutar contra a extrema desigualdade é fundamental, para que este país seja uma Nação democrática

Se alguém ainda acha que o Brasil é dos últimos do mundo, porque tem fome, miséria e pobreza em larga escala, é porque não conhece a fundo este país continente, ou nunca estudou a fundo seus números e sua riqueza extraordinária, especialmente nos últimos anos.

O Brasil de 2023 é, definitivamente, dos primeiros do mundo. Senão vejamos: Caderno EU &, do jornal Valor Econômico, 08.12.2023, com o ttulo ´O LUXO DE FATO´.

Diz a matéria de poucos dias atrás: “O mercado de luxo virou tendência no Brasil: nos últimos cinco anos, o setor cresceu a um ritmo acelerado de 18% e movimentou R$ 74 bilhões apenas em 2022. A onda deve seguir positiva para grifes e grandes marcas no restante da década, com previsão de expansão entre 6% e 8% ao ano, fazendo com que o setor quase dobre de tamanho, chegando a R$ 133 bilhões em 2030. Estes dados constam do estudo ´A nova era de crescimento do mercado de luxo´, que a consultora Bain & Company conduziu a pedido de ´Valor´ e ´Vogue´.”

Continua a matéria: “A recente expansão desse mercado está diretamente ligada ao aumento da população de alto poder aquisitivo. Em 2022, mostra o estudo, o Brasil tinha 114 mil pessoas com pelo menos US$ 1 milhão em ativos líquidos, quase o dobro das 64 mil de 2018. A parcela afluente, de indivíduos com mais de US 100 mil em ativos líquidos, também quase dobrou, de 670 mil para 1,2 milhão. É uma fatia da população que em 2022 acumulava riqueza a um terço do PIB brasileiro, US$ 717 bilhões ou R$ 3,5 trilhões. Em 2018, eles tinham o equivalente a US$ 360 bilhões.

O estudo da Bain & Company para Valor e Vogue estima que a população de alto patrimônio líquido vai chegar a 133 mil em 2030, e a de afluentes a 1,36 milhão, com riqueza acumulada de US$ 1,07 trilhão.

O quadro apresentado pelo estudo mostra que 92% daqueles com maior patrimônio líquido do país são homens e estão concentrados na região Sudeste, sendo São Paulo a origem de metade deles, seguido por Rio de Janeiro, com 16% dessa população, e 7% em Belo Horizonte.

O estudo da Bain & Company para Valor e Vogue indica também que a receita com a venda de automóveis de luxo, terceiro segmento em tamanho neste mercado, com parcela de R$ 15 bilhões, superou o gasto total com saúde, quarto colocado na receita do luxo, com R$ 13 bilhões despendidos em hospitais e laboratórios que só aceitam convênios das linhas premium. `O Brasil não engatinha no mercado de luxo como se pensava no passado. Há, sim, verticais onde somos pequenos no pacote total do mundo, mas esse perfil vem mudando, diz a especialista Lívia Moura.

A média anual de crescimento de 22% do segmento de iates – cuja receita em 2022 foi de R$ 2 bilhões, com a venda de 186 embarcações, com no mínimo 15 metros de comprimento – e a expansão do comércio de arte, com receita de R$ 2,7 bilhões, formam o retrato de um comportamento cada vez mais seletivo e olhar acurado. ´O luxo passou ser mais importante que o consumo do produto de luxo em si´, diz Thiago Alonso.”   

E tem mais, em outra matéria na mesma edição do Caderno EU & do Valor Econômico, com o título ´2024 PODE SER ANO DO LUXO NO BRASIL. Onda de aberturas, ampliação de grifes e serviços de padrão internacional posicionam país na dianteira das apostas do setor na América Latina´.

Diz a matéria: “O próximo ano firmará o Brasil como um dos centros pujantes do mercado de luxo nas Américas. A percepção de agentes do mercado, como mostra a pesquisa realizada pela Bain Company, a pedido de Valor e Vogue, é que o setor de luxo acelera em solo brasileiro. Fontes a par de negociações do setor, por exemplo, dizem que a grife francesa Zadig & Voltaire tem intenção de desembarcar o quanto antes no país. O interesse do setor em buscar a clientela de alta renda fora do eixo Rio-São Paulo já o fez voltar para centros do agronegócio no Centro-Oeste, como Rio Verde e Goiânia, em Goiás. Outra região que se destaca é a Sul, com estimados 7% dos indivíduos cujos ativos líquidos somam mais de U$ 1 milhão.”

A elite brasileira sabe viver tri bem: “A filial brasileira do restaurante francês Caviar Kaspia aproveita o crescimento da aviação de luxo. Mais de uma dezena de clientes, afirma a chefe executiva no Brasil, Fabiana Agostini, já é assídua do ´Kaspia on Boarde´, o serviço sob medida lançado por ela para viagens privadas. Há vários perfis de menu, que partem de R$ 890 por pessoa, mas ela afirma que o menu degustação com as latas de caviar, seja o do tipo ossetra, seja o beluga, este mais caro, tem feito sucesso. ´Boa parte dos pedidos é para reuniões de negócios dentro das aeronaves, mas já atendemos voos de famílias em férias, explica Agostini. ´A aviação executiva permite cuidado com as pessoas porque não é um serviço massificado´, diz Marcos Amaro.”

Por essas e outras mil razões, essa elite super-rica não permite uma Reforma Tributária pra valer, os super-ricos pagando impostos sobre suas fortunas, pagando, pois, mais impostos que os pobres, o que, historicamente, não acontece no Brasil. Continuam com uma visão e prática escravocrata, lixando-se para os mais pobres entre os pobres, trabalhadoras e trabalhadores.

Lutar contra a extrema desigualdade é fundamental, para que este país seja uma Nação democrática, um ´luxo´ igual para todo povo brasileiro, com paz, diálogo, direitos e vida digna para toda sua população. O caminho a ser percorrido não é fácil. Mas um outro mundo, e um outro Brasil, não só é possível, quanto urgente e necessário.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato. 

Edição: Katia Marko