Rio Grande do Sul

POR UMA CAUSA MAIOR

'Nenhum sacrifício será feito em vão', afirma irmã de lutador morto na guerrilha do Araguaia

Roda de conversa sobre a história de João Carlos Haas Sobrinho marcou Semana dos Direitos Humanos em São Leopoldo

Brasil de Fato RS | Porto Alegre |
Sônia Haas contou um pouco mais sobre a história do seu irmão João Carlos, também conhecido como Doutor Juca - Foto: Paloma Batista

João Carlos Haas Sobrinho é um símbolo de luta por direitos humanos. O leopoldense nasceu em 1941 e se mudou para Porto Alegre quando passou em primeiro lugar no vestibular de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em 1958.

Nesta terça-feira (5), Sônia Haas contou um pouco mais sobre a história do seu irmão João Carlos, morto na guerrilha do Araguaia, aos 31 anos, durante o regime militar. A roda de conversa foi realizada no Instituto Humanitas Unisinos (IHU) e contou com o apoio da prefeitura de São Leopoldo, que promove até hoje (7) a Semana Municipal dos Direitos Humanos.

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Em 1963, João Carlos se aproximou do movimento estudantil e foi eleito presidente do Centro Acadêmico Sarmento Leite (CASL - Medicina/Ufrgs), em 1964. Nesse mesmo ano, o estudante foi pego pelos militares e passou por volta de um mês na prisão. Mesmo assim, conseguiu se formar.

“Nenhum sacrifício será feito em vão”, afirma Sônia Haas. Ela destaca que é uma missão dos familiares multiplicar e não deixar morrer essa história. “Graças ao trabalho e empenho durante todos esses anos, a pauta continua e o conteúdo está cada vez melhor. A gente continua pesquisando e indo na região encontrando pessoas. Coletamos muitos registros”, conta.

A guerrilha do Araguaia ocorreu na divisa dos estados de Tocantins, Pará e Maranhão. Foi nessa região que João Carlos Haas Sobrinho se popularizou e ficou conhecido como Doutor Juca. O leopoldense salvou vidas durante o combate entre comunistas e militares, realizando operações médicas nos guerrilheiros atingidos. “João foi uma pessoa que entregou a sua vida em prol de uma causa maior”, ressalta Sônia Haas.


João Carlos Haas Sobrinho se formou em Medicina em dezembro de 1964 / Arquivo pessoal

Doou sua vida por uma sociedade mais justa

De acordo com o ouvidor de São Leopoldo, Daniel Passaglia, a preservação da memória de João Carlos Haas Sobrinho vem ao encontro daquilo que é proposto pela Semana de Direitos Humanos. “Esse momento de discussão é de fundamental importância para que a gente consiga compreender o fortalecimento da nossa gestão e o compromisso que nós temos com a pauta dos direitos humanos, pensando também nos 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas também nesses agentes que doaram as suas vidas por uma sociedade mais justa, mais fraterna e menos desigual”, comenta o ouvidor.

A trajetória do Doutor Juca rendeu a gravação de um documentário que está sendo produzido através de entrevistas e pesquisas documentais. O diretor do filme, Edson Cabral, explica que a iniciativa tem o objetivo de mostrar o olhar da família de João Carlos em relação à guerrilha do Araguaia. “Ao todo serão reunidas cerca de 40 entrevistas de pessoas que foram impactadas pelo Doutor Juca. Pessoas as quais ele salvou”, aponta Edson.

O diretor acrescenta que o lançamento do filme deve ser realizado em junho de 2024 e será exibido durante as festividades do bicentenário do município de São Leopoldo.

Também participaram da atividade o presidente da Fundação Hospital Centenário (FHC), Nestor Schwertner, e a diretora do Museu do Trem de São Leopoldo, Alice Bemvenuti.

* Com informações da Prefeitura de São Leopoldo


Edição: Marcelo Ferreira