A Fundação Ecarta lança, nesta quinta-feira (30), às 19h, o livro-reportagem Corrida contra o tempo – O que compromete a doação de órgãos e a eficiência do sistema de transplantes no Brasil, com reportagens dos jornalistas Flávio Ilha, Marcia Anita, Stela Pastore e Valéria Ochôa e fotografia de Igor Sperotto. O médico Valter Duro Garcia, uma das maiores referências em transplantes do país, assina o prefácio da publicação.
:: Brasil tem maior sistema público de transplantes do mundo, mas ainda enfrenta obstáculos ::
"O Brasil, mesmo tendo um sistema considerado bem consolidado e regulado, ainda está longe de garantir aos milhares de pacientes em lista de espera, de Norte a Sul do país, o acesso a essa contribuição da ciência e da medicina", afirma a jornalista Valéria Ochôa, coordenadora do projeto editorial da Fundação Ecarta. São mais de 41 mil pessoas em lista, conforme o Ministério da Saúde.
Segundo Ochôa, a disparidade nas estruturas entre as regiões do país é gritante. "São diferenças que resultam no crescimento insuficiente das doações de órgãos, em elevados índices de recusa familiar para a doação e em baixo índice de notificações de morte encefálica. Sem doação, não há transplante, mais pacientes morrem na lista de espera. Outros sequer entram em lista", completa.
O lançamento será na Fundação Ecarta (Avenida João Pessoa, 943 – Porto Alegre).
RS perdeu a liderança
A reportagem analisa particularmente a situação do Rio Grande do Sul. O estado foi pioneiro na área de transplantes e um dos maiores transplantadores do país, mas na última década estagnou na doação de órgãos, perdendo a liderança para estados com menos tradição, como Santa Catarina, Paraná e Ceará.
O livro apresenta as experiências de sucesso em doação de órgãos dos estados de Santa Catarina e do Paraná e dos países da Espanha e Estados Unidos – dois modelos referências; a realidade dos bancos de tecidos; o protagonismo do Ministério Público do Rio Grande do Sul para a definição de um plano estadual para o Rio Grande do Sul e a organização da sociedade civil para conscientizar a sociedade e qualificar o Sistema.
Projeto Cultura Doadora
A proposta do livro-reportagem surgiu no âmbito do projeto Cultura Doadora, mantido pela Fundação Ecarta há 11 anos para contribuir na formação de uma cultura de solidariedade e de uma atitude proativa para a doação de órgãos e tecidos, bem como na qualificação da infraestrutura de atendimento à saúde no Rio Grande do Sul.
"Nesta extensa trajetória de relação com o universo da doação e dos transplantes, não foram poucos os relatos de frustação e contrariedade de famílias que sequer foram abordados para uma eventual doação de órgãos ou tecidos de familiar falecido. Ou abordados de forma equivocada, revelando, além da falta de infraestrutura, o despreparo profissional para a concretização de uma potencial doação para transplante", explica Marcos Fuhr, presidente da Fundação Ecarta. "Nossa atuação é criteriosa para aflorar nas instituições e na sociedade a mobilização necessária para vitalizar o processo de doação e transplante", completa.
Edição: Marcelo Ferreira