Centrais sindicais gaúchas e o Sindicato dos Metroviários (SindimetrôRS) se reuniram nesta segunda-feira (27) com o presidente da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb), Fernando Marroni, na sede da instituição. A audiência foi solicitada pelo Fórum das Centrais Sindicais no Rio Grande do Sul.
Durante o encontro, as entidades reafirmaram a defesa unânime da empresa pública, que transporta passageiros entre Porto Alegre e Novo Hamburgo, e exigiram a retirada da Trensurb da lista de empresas que constam no Programa Nacional de Desestatização (PND) para serem privatizadas.
A Trensurb ainda não foi retirada do programa de privatizações, o que gera enorme preocupação junto aos trabalhadores, às trabalhadoras, ao movimento sindical e à sociedade. Fundada em 1985, oferece serviço público de trens com atendimento de qualidade à população gaúcha.
Durante o encontro, o presidente do Sindimetrô-RS, Luís Henrique Chagas, enfatizou o apoio das centrais sindicais e frisou a importância da Trensurb pública. Ele lembrou o movimento global de reestatização das linhas de trens e metrô, citando como exemplos as cidades de Chicago, nos Estados Unidos, e de Londres, na Inglaterra.
O presidente estadual da Centra Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Amarildo Cenci, destacou que a Trensurb não tem obrigação de dar lucro. Reforçou a importância do "metrô social", defendeu investimentos na sua expansão para outros municípios da região Metropolitana e a criação de uma “tarifa zero” como uma política inclusiva para atender os desempregados.
Para o dirigente, é necessário ampliar o debate para conscientizar toda a população sobre os malefícios da privatização e defender a Trensurb pública. “As centrais têm a visão de um sistema de transporte que favoreça o povo trabalhador e, por consequência, o próprio setor econômico, que também se beneficia. Queremos mobilidade, lutamos pela Trensurb social, pública, estatal e a serviço da sociedade”, defendeu Amarildo.
Alerta para a ideia de estadualização
As centrais alertaram o presidente da Trensurb que a ideia de estadualização da Trensurb não serve para a classe trabalhadora. As entidades entendem que o governador Eduardo Leite (PSDB) defende o projeto neoliberal e poderia encaminhar o processo de privatização.
Foi lembrado que o governo tucano já entregou várias empresas públicas para a iniciativa privada, como a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), a Companhia de Gás do Rio Grande do Sul (Sulgás). Mais recentemente, a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), cujo leilão foi anulado pela Primeira Câmara do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) em 24 de outubro por conta de várias irregularidades.
O presidente da Trensurb reconheceu o transporte como um direito constitucional e disse que não há garantias sobre o futuro da Trensurb como empresa pública e estatal.
Em 2022, a Trensurb transportou 31,998 milhões de passageiros, uma média diária de 107 mil pessoas. O custo total da operação no ano passado foi de R$ 245 milhões, dos quais R$ 126 milhões são oriundos da tarifa cobrada do usuário, sendo o restante subsidiado pelo governo federal. Atualmente, a tarifa do trem é de R$ 4,50.
Empresas retiradas da lista de privatização
Em abril, o governo Lula já havia retirado sete estatais da lista de privatizações criada pelo governo Bolsonaro. O presidente afirmou que não irá privatizar nenhuma empresa estatal em seu mandato.
Foram retiradas do Programa Nacional de Desestatização: Correios, Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), Nuclebrás Equipamentos Pesados. (Nuclep), Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec).
Três empresas foram retiradas do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI): a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural – Pré-Sal Petróleo (PPSA) e a Telecomunicações Brasileiras (Telebras).
* Com informações da CUT-RS e SindimetrôRS
Edição: Marcelo Ferreira