As comportas do sistema de proteção contra enchentes de Porto Alegre voltaram a ser fechadas, pela terceira vez neste ano, nesta segunda-feira (20), após o nível do Guaíba ultrapassar a conta de inundação, que é de 3 metros. Às 17h30 a medição da Defesa Civil do município apontava a marca de 3,26 metros, o que supera a cota alcançada em setembro deste ano, que foi de 3,17 metros, e renova a maior marca desde a grande enchente de 1941.
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A prefeitura iniciou o processo de fechamento das comportas ainda pela manhã, em operação conduzida por equipes do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), com apoio do Corpo de Bombeiros. No Quarto Distrito, alguns pontos já registravam acúmulo de água quando a comporta da região foi fechada. Há registro de refluxo de água por bueiros em pontos próximos ao rio.
A demora em iniciar o fechamento das comportas levou ao fechamento de três estações do Trensurb na capital gaúcha - Mercado, Rodoviária e São Pedro. O motivo da interdição é o alagamentos dos trilhos do metrô que liga Porto Alegre ao Vale dos Sinos.
Conforme o Executivo municipal, o nível do Guaíba atingiu 3,04 metros nesta manhã. A cheia se dá por conta do lago estar recebendo água de outros rios que registraram volumes excessivos de chuva nos últimos dias. Até o início da tarde, cinco das sete comportas haviam sido fechadas, o que deve ser concluído ao longo do dia.
Na região das ilhas, conforme medição no início desta manhã, a água marcava 2,5 metros, superando a cota de inundação que é de 2,2 metros. A prefeitura informa que equipes lideradas pela Defesa Civil continuam monitorando a elevação da águas na região e prestando apoio à população ribeirinha. O Ginásio do Demhab foi aberto como ponto de acolhimento emergencial e está apto a receber as famílias que necessitarem.
Na Zona Sul da Capital, diferente de setembro, as águas avançam com menos intensidade sobre a cidade. Isso ocorre devido aos ventos, que estão a favor da correnteza e não represam o Guaíba.
Sistema contra enchentes
O sistema de sistema de proteção contra enchentes de Porto Alegre foi criado após a grande enchente de 1941. É composto por 14 comportas metálicas que ficam no muro da Mauá e sob a Avenida Castelo Branco, 23 casas de bomba que devolvem ao Guaíba a água acumulada em bairros próximos ao lago e mais de 68 km de diques internos e externos.
Este é a terceira vez que o sistema é acionado somente neste ano. Em 2015 também foi utilizado. Antes, as águas haviam ultrapassado o nível do piso do cais somente na cheia de 1941 e em 1967. Na avaliação da MetSul Meteorologia, é “espantoso do ponto de vista estatístico que as duas maiores cheias do Guaíba tenham ocorrido com intervalo de apenas 55 dias nesta primavera”.
Desabrigados na região Metropolitana
Conforme a MetSul, todos os rios que desembocam no Guaíba apresentam cheia e três deles (Taquari, Caí e Sinos) registram cheias de grandes proporções. Taquari e o Caí estão com quadros de cheias históricas. O Jacuí, maior contribuinte, também apresenta cheia entre Cachoeira do Sul e Triunfo com tendência de se elevar ainda mais.
Há milhares de pessoas desabrigadas em cidades banhadas por esses rios na região Metropolitana de Porto Alegre. Em Eldorado do Sul, cerca de 1,5 mil pessoas estão fora de casa. Em São Sebastião do Caí, 1.045 seguem desalojadas.
Edição: Marcelo Ferreira